O Livre cresceu para seis deputados em 2025 nas últimas Legislativas e tem ambição de se afirmar territorialmente nas Autárquicas. Depois da eleição de Carla Castelo, independente em Oeiras, e do próprio Rui Tavares em Lisboa, ambos como vereadores da oposição, o plano é entrar em Executivos vencedores. No caso de Lisboa, o Livre pode até ter duas vereações em caso de vitória de Alexandra Leitão e também em Sintra, de Ana Mendes Godinho, e em Coimbra com Ana Abrunhosa. Rui Tavares valoriza o caminho de aproximação às ex-ministras socialistas. “Foi nas negociações em Orçamentos do Estado que conheci Alexandra Leitão, Ana Abrunhosa e Ana Mendes Godinho. Foram diálogos construtivos com propostas do Livre para ‘partir pedra’. Nessas, identificamos a vontade de ganhar, estamos inseridos em coligações nas quais fomos pioneiros, que ajudámos a dinamizar. Queremos maiorias progressistas e passar pela governação de cidades”, estabelece Rui Tavares ao Diário de Notícias, vincando que o Livre “está em processo de implantação autárquica” e que a meta é “implementar políticas verdes europeias”.Com deputado municipal em Felgueiras, a coligação com o PS sustenta a ambição de ganhar força no território e Rui Tavares elenca ainda a possibilidade de deputados municipais “em Gaia, Póvoa de Varzim e Trofa”. Em Gaia, a candidatura às várias freguesias representa a capacidade de representação nas regiões limítrofes das principais capitais de distrito, daí a confiança também para Oeiras, para, com o Bloco, reeleger Carla Castelo, ou em Sintra com Ana Mendes Godinho. Na Trofa, os resultados de 2021 dão boas perspetivas. Tavares lembra “candidaturas autónomas” no Porto, em Braga, Setúbal e Vila Franca. Em Braga, a coligação com o PS foi rejeitada por militantes, no Porto a corrida vê com “ambição” a chegada de Hélder Sousa a um lugar de vereador.A subida autárquica é esperada, mas, ainda sem ter resultados, Rui Tavares diz que o Livre já tem “vitórias a apresentar por conseguir dezenas de coligações à esquerda que não eram hábito na política nacional” e justifica mesmo que as coligações se fazem porque “a lei autárquica, com a qual podemos não concordar, não permite geringonças eleitorais posteriores.” “Conseguir convencer partidos que estão avessos a coligações já é um triunfo”, assinala ao DN, considerando ser necessário “impedir a extrema direita de chegar ao poder” e também “reequilibrar a política portuguesa, muito enviesada para a direita.”Com o Partido Socialista ficaram firmados oito acordos. O PS valorizou o crescimento do Livre, que se pode estender em conversas futuras no Parlamento, mas nem todas as distritais votaram favoravelmente às parcerias. “Quero que [os eleitores] vejam a papoila do Livre como garantia de voto, de que foi a candidatura mais progressista e ecológica. Por vezes, por parte do PS, soube que existiram municípios onde candidatos do PS não quiseram fazer coligações com o Livre. Não quiseram ser construtivos nas criações das listas. Posso dizer que hoje estão arrependidos, muitos sabem que teriam uma vitória na mão”, deixa em tom de lamento relativamente às decisões de isolamento socialista. Está claro o “afastamento” do Governo, resta saber se o Livre e o PS tentarão acordos no futuro. O porta-voz do Livre diz ter “sempre respeito por um grande partido, de campo progressista” e garante “diálogo” por não se rever no “sectarismo à esquerda” e por “ter de ser com o PS que se procurem maiorias.” Afiança ao DN que “a relação com Carneiro é cordial, o contacto é regular” e que pelo secretário-geral “existiriam mais coligações pelo país.” .“Estamos em processo de implantação autárquica. Há relação cordial com José Luís Carneiro e houve candidatos que não quiseram o Livre. Hoje, sabem que teriam uma vitória nas mãos”Rui Tavares, porta-voz do Livre.Em três meses, 1500 pessoas candidataram-se a militante do Livre.Autárquicas: Bloco de Esquerda aumenta de duas para 22 coligações