Paulo Raimundo diz que o PCP não adiou a Festa do Avante! porque o PCP não é "hipocrita nem demagogo", acrescentando que nesta celebração comunista "a vida está a correr para criar as condições para que acidentes" como o do elevedor da Glória não se repitam.
Paulo Raimundo diz que o PCP não adiou a Festa do Avante! porque o PCP não é "hipocrita nem demagogo", acrescentando que nesta celebração comunista "a vida está a correr para criar as condições para que acidentes" como o do elevedor da Glória não se repitam.Foto: Reinaldo Rodrigues

Raimundo diz compreender posição de Moedas sobre o acidente, mas avisa: "Pela boca morre o peixe"

No primeiro diz da Festa do Avante!, a primeira palavra do líder do PCP foi para as vítimas do descarrilamento do Elevador da Glória e deixa uma mensagem: "É uma festa e uma realização ligada à vida."
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O secretário-geral do PCP desafiou esta sexta-feira, 5 de setembro, o presidente da Câmara de Lisboa a fazer o mesmo "que afirmou noutros momentos", numa referência às declarações de Carlos Moedas em 2021, quando pediu a demissão do seu antecessor, Fernando Medina, quando foram partilhados dados de manifestantes anti-Putin com a Rússia. Paulo Raimundo, no primeiro dia da Festa do Avante!, com uma declarção que incidiu sobre as vítimas do descarrilamento do Elevador da Glória, defendeu que sejam apuradas "as responsabilidades", mas também instou o autarca de Lisboa a fazer o exercício de avaliar se "tem condições para continuar com as responsabilidades que tem".

"Pela boca morre o peixe", insitiu o líder comunista, sobre Carlos Moedas, enquanto considerava "que a coerência não é uma grande virtude de muita gente, mas há que ser coerente", rematou, depois de admitir que talvez não fosse fácil gerir toda a situação.

O líder comunista lançou um segundo desafio, desta vez aos eleitores, ainda a pensar na responsabilidade de Carlos Moedas, lembrando que, a 12 de outubro, nas eleições autárquicas, os "lisboetas têm ocasião de" de demonstrar "essa condenação" face a "opções políticas que não são só da responsabilidade do PSD, também são do Partido Socialista".

Questionado sobre se a realização da Festa do Avante! teria sido a melhor opção face ao descarrilamento do elevador da Glória, que causou 16 mortos e 21 feridos, tendo em conta que outros partidos cancelaram eventos que estavam programados, Paulo Raimundo explicou que  "esta é uma realização" do partido "ligada à vida, ligada aos problemas".

"Nós temos mais de 50 debates nesta festa, vai discutir muita coisa da vida das pessoas, desde logo, a questão das infraestruturas e das respostas que o Estado devia dar e não dá às questões das infraestruturas e dos meios que tem ou não tem para dar essa resposta", argumentou o líder do PCP, acrescentando, os outros líderes partidários passaram o dia "a falar".

"Mas não iam suspender toda a atividade partidária?", perguntou de forma retórica Paulo Raimundo, deixando a pairar "a incógnita".

O líder comunista ainda insitiu que, caso os membros do seu partido quisessem ser "demagogos" e "hipócritas", então se calhar teríam tido "a atitude que outros tiveram".

Paulo Raimundo a tirar uma selfie com participantes na Festa do Avante!, no primeiro dia da celebração do PCP.
Paulo Raimundo a tirar uma selfie com participantes na Festa do Avante!, no primeiro dia da celebração do PCP.Foto: Reinaldo Rodrigues

"A vida aqui [na Festa do Avante!] está a correr para criar as condições também para que acidentes como aqueles que ocorreram na quarta-feira não voltem a acontecer", justificou.

A habitual celebração comunista, que acontece sempre no primeiro fim de semana de setembro desde 1976, é também uma afirmação partidária, ainda que o cartaz cultural remeta para um ambiente de festa, que acaba por ser vincado com o próprio nome.

Sobre o conteúdo político, Paulo Raimundo levantou o véu do que se espera do comício, marcado para domingo, ainda que não quisesse antecipar tudo.

"Salvar o Serviço Nacional de Saúde, a resposta para a habitação, as questões do trabalho, as questões dos salários, das pensões, dos direitos das crianças e o combate feroz, determinado ao pacote laboral são matérias que estarão naturalmente presentes no embate que vamos ter pela frente", prometeu, antes de falar em "batalhas políticas" que vão ser subinhadas "com muita força, desde logo as eleições autárquicas".

Estes e outros temas "certamente não estarão fora nem da festa, nem da intervenção ao domingo, mas isso se calhar fica para lá", lançou.

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