O Partido Socialista vai a votos no dia 12 de outubro consagrando mais coligações do que em 2021. Estão 13 acordos firmados, sabe o DN, mais cinco do que nas últimas Autárquicas. As listas serão apresentadas no tribunal constitucional esta sexta-feira. O último concelho em discussão era Braga, mas em plenário uma maioria de elementos do Livre consideraram existir divergências programáticas, que impediram um acordo. A estratégia passava por procurar um acordo semelhante ao que aconteceu em Lisboa e Coimbra. O PS leu politicamente os resultados das últimas Legislativas, na qual caiu para terceira força política em Portugal, acumulando 58 vereadores e 22,83% dos votos. A compreensão dos resultados foi influente para a definição da estratégia autárquica. A meta passa por manter o PS como principal força autárquica. Em 2021, foram 148 câmaras conquistadas, correndo em todas estas a solo, enquanto o PSD, por exemplo, angariou 104. Destas, 72 conquistadas a título individual. Apesar de estabelecer acordos com Livre, Bloco ou PAN nas últimas autárquicas, em nenhum dos casos o PS ganhou concelhos coligado.Apesar disso, a prioridade das concelhias e federações do partido foi estabelecer contactos, os primeiros já desde 2024, com possíveis candidatos. O PCP, como o DN noticiou, recusou liminarmente qualquer aproximação socialista, até por concorrer com o PS em vários concelhos, com destaques maior para as capitais de distrito Setúbal e Évora. O Livre foi, desde o início, parceiro importante nas negociações e a eleição de seis deputados nas últimas Legislativas reforçou o papel dos mandatados por Rui Tavares, em todo o país, para se encontrarem pontes conjuntas nas temáticas mais importantes entre as que se interligam nos dois partidos: habitação, transportes e ecologia.Com o final da negociação em Braga, concelho pelo qual António Braga terá o apoio do PAN, afirmou-se, então, o partido de Inês Sousa Real, como aquele que mais acompanha o PS, no caso em nove concelhos. O Livre surge imediatamente depois, com oito coligações firmadas. “Se repararmos o que têm sido os entendimentos a nível do Governo central, também se verifica essa tendência de o Livre e o PAN se terem aproximado”, realça ao Diário de Notícias, André Rijo, coordenador autárquico do PS, vincando que ambos os partidos têm tido “proximidade ao PS na negociação do Orçamento de Estado.”O Bloco de Esquerda é parceiro em três coligações, com destaque, claro, para Lisboa, onde se corroborou o grande desejo do PS, de modo a poder combater a reeleição de Carlos Moedas, que será apoiado por PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal. Mas o acordo com os bloquistas em Coimbra bloqueou-se e José Manuel Pureza será o candidato escolhido. O Bloco associou-se a PS, Livre e PAN em Albufeira e em Ponta Delgada, nos Açores, mas há vários quadrantes socialistas, principalmente no Centro e Norte do país, que consideraram que a inclusão do partido de Mariana Mortágua poderia representar uma certa “radicalização”. “Houve a chamada Geringonça, de 2015-2019, um acordo de incidência parlamentar com António Costa a governar o país. Depois, já não foi possível repeti-lo e as partes foram-se afastando”, justifica André Rijo, deputado em duas legislaturas. MPT, Movimento Cidadãos por Coimbra e Nós Cidadãos associam-se ao PS em uma ocasião cada.O PS partiu para a elaboração das listas com a vontade de incluir toda a esquerda na maioria das capitais de distrito. Sabendo que o PCP tinha a governação de Évora e Setúbal, descartou estas duas possibilidades. Nas restantes, procurou possibilidades de acordo. Como tal, a parceria em Lisboa em torno de Alexandra Leitão agrada e o PS acredita nas possibilidades de vitória na capital, tal como a junção em redor de Ana Abrunhosa dá esperanças por Coimbra. Todavia, o isolamento em Faro, Porto, Aveiro e a curta coligação em Braga poderão complicar as expetativas eleitorais. “Há um aumento de coligações em relação a 2021. Eram oito em 2021, mas reconhecemos que não é um aumento assim tão grande”, admite André Rijo, detalhando que os acordos se começaram a fazer de “baixo para cima”, com independência dada às concelhias. Tal como o DN noticiou, José Luís Carneiro não teve papel influente nas decisões autárquicas e deu seguimento a alguns dos candidatos que já tinham recolhido aceitação das federações e do secretário-geral na altura, Pedro Nuno Santos. “Temos as lideranças de Leiria, Beja, Viana do Castelo e Vila Real e há objetivo de aumentar as capitais de distrito. Apostámos forte em todos os concelhos e com candidatos a full time, não com nomes que pertençam às bancadas parlamentares. Não foram às últimas listas para eleições legislativas para se candidatarem às autárquicas”, comentou André Rijo, em clara referência ao Chega, mencionando os nomes de Manuel Pizarro, João Paulo Correia, Alexandra Leitão e Ana Abrunhosa.Évora e Setúbal são combates ferozesO PCP, tal como em 2021, recusou abordagens do PS. A forte luta por vários concelhos distanciou os partidos. Em Évora, João Oliveira é o nome do PCP para manter a câmara, uma das 19 da CDU. Carlos Zorrinho, antigo líder da bancada parlamentar do PS de José António Seguro, foi aposta forte do PS. “Em Évora temos uma candidatura que nos dá confiança de disputar a eleição e de a poder ganhar. O PCP tem o presidente em final de mandato [Carlos Pinto de Sá], usou também uma figura de relevo do partido e parece-me que reconhece que a candidatura do PS é ganhadora”, antecipou André Rijo. Em Setúbal, a inclusão de Dores Meira, antiga presidente comunista até 2021 e agora apoiada pelo PSD, gera maior incógnita, numa luta que se prevê tripartida. “Dores Meira tem apoio fraturado do PSD, no PCP está um incumbente. No nosso caso, Fernando José é de continuidade, é deputado e vereador, portanto acreditamos que está bem colocado para ganhar aquela câmara”, perspetivou André Rijo.Ricardo Leão tem confiança do partidoAs demolições no Bairro do Talude e os recentes apoios dados por Ricardo Leão, 150 mil euros para a Hillsong, e 250 mil para o Templo de Shiva, colocaram o líder da câmara municipal de Loures sob grande crítica. Até apesar de um acordo pós-eleitoral com o PSD de 2021, o PS declara total confiança no autarca. “Ricardo Leão tem trabalho notável em vários domínios, recuperou uma câmara ao PCP, tinha sido presidente de assembleia e é experiente autarquicamente. Tem uma inacreditável capacidade de trabalho. Tem requalificado equipamentos escolares e pensou numa obra importante na saída da A1 para o desenvolvimento de Loures. Corporiza a abnegação às suas gentes. Como ex-autarca, colega e amigo, digo que não esteve sempre bem, reconheço isso, mas tal não põe em causa a confiança e contamos com ele para uma grande vitória”, declarou, assertivamente, André Rijo quando questionado pelo DN. Apesar de o PS ter consolidado uma parceria extensa para Lisboa, também é de assinalar que a estratégia para a área metropolitana saiu pior do que poderia ser o plano. Corre sozinho pela Amadora, em Oeiras aliou-se apenas ao PAN e em Sintra ao Livre. Em todas, sabe que a eleição vai ser extremamente discutida. No Seixal, este referente a Setúbal apenas o PAN segue as pisadas socialistas. No Porto, Póvoa de Varzim e Trofa terão corrida com PS, PAN e Livre. Sabe o DN que Aveiro também foi palco de discussão recente, no entanto os partidos à esquerda do PS rejeitaram a possibilidade de se conciliarem com o ex-secretário de Estado Alberto Souto de Miranda. .PS e PAN vão juntos na corrida por Oeiras.Autárquicas. Entre renovação e continuidade, PS já tem 90% dos nomes fechados.Autárquicas. Ana Abrunhosa (PS) anuncia coligação com Livre, PAN e Cidadãos por Coimbra