Manuela Tender preside à Comissão Parlamentar de Educação e Ciência desde 2024.
Manuela Tender preside à Comissão Parlamentar de Educação e Ciência desde 2024.D.R.

Presidente da Comissão de Educação considera inaceitável "olhar os alunos pobres como vândalos"

Manuela Tender apela a Fernando Alexandre para corrigir "expressão infeliz" sobre residências universitárias, que ministro alega ter sido descontextualizada. "Não faz sentido", diz deputada do Chega.
Publicado a
Atualizado a

A presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, Manuela Tender, considera "claramente inadequado e inaceitável" que se olhe "os alunos pobres como vândalos capazes de destruir uma residência de estudantes em meia dúzia de anos". Em declarações ao DN, a deputada do Chega sustenta que as polémicas declarações do responsável pela pasta da Educação e Ciência, Fernando Alexandre, que o mesmo já veio dizer terem sido descontextualizadas, só podem ter sido "uma expressão infeliz do ministro, que deve corrigir".

Nesta terça-feira, durante a apresentação do novo modelo de ação social no Ensino Superior, Fernando Alexandre disse que "quando metemos pessoas que são todas de rendimentos mais baixos a beneficiar de um serviço público, sabemos que esse serviço público se deteriora". E, depois de avançar que tal sucede em hospitais e escolas, referiu-se especificamente a residências universitárias "todas renovadas", mas que nos próximos anos "se podem começar a degradar".

Foi quanto bastou para gerar uma vaga de críticas, com o antigo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, a exigir a demissão do ministro, e o PCP a requerer a sua audição parlamentar na Comissão de Educação e Ciência. No final do dia, Fernando Alexandre garantiu que houve uma "leitura errada" da sua intervenção, a partir de um excerto "descontextualizado", pois queria dizer que os danos se deveriam à má gestão das instituições e não aos estudantes.

Por seu lado, Manuela Tender disse estar preocupada por o responsável pela tutela da Educação, Ensino Superior, Ciência e Inovação poder ter a "ideia preconceituosa" revelada na afirmação noticiada pela comunicação social. "Há alunos que vivem em agregados carenciados que são humildes e respeitadores, assim como os há de estratos socialmente favorecidos capazes de atos de vandalismo", defende a presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, para quem "não faz sentido que se associe descuido, negligência ou atos de vandalismo com condição socioeconómica".

"Muitos alunos alojados em residências universitárias provêm de meios rurais e de famílias humildes, mas educadas, e a única forma de conseguirem frequentar o Ensino Superior é através do acesso a uma residência universitária, dado os custos excessivos com alojamento atualmente nos meios urbanos", acrescenta a deputada, que representa Vila Real, "círculo eleitoral com muitas famílias de parcos rendimentos", pelo qual foi eleita nas últimas duas eleições legislativas pelo Chega, após ter sido, antes disso, representante do PSD.

Manuela Tender preside à Comissão Parlamentar de Educação e Ciência desde 2024.
Polémica sobre residências universitárias: PS exige retratação de Fernando Alexandre. Ministro diz ter sido descontextualizado

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt