Foi um debate que terminou como começou: ao ataque. No início, foi Luís Marques Mendes a colocar uma "questão prévia" (que levou quase dez minutos) a João Cotrim de Figueiredo e a querer escalpelizar quem fez as "pressões" denunciadas pelo seu adversário para que este desistisse. Tentando rebater a argumentação do candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS, Cotrim de Figueiredo (apoiado pela IL) referiu que foi abordado por "pessoas destacadas", que supôs fazerem parte da candidatura de Marques Mendes, e que lhe disseram para desistir da corrida a Belém. Quem foram? O candidato não disse, apesar do adversário ter reiterado ser uma "acusação grave" que faz Cotrim parecer "um André Ventura envergonhado".O debate seguiu depois para uma tentativa por parte do moderador, José Alberto Carvalho, de vincar diferenças entre ambos os candidatos, que à partida até poderiam apelar a um eleitorado próximo. Desde logo, Cotrim fez referência à vasta "carreira política" de Marques Mendes, que lhe confere outro tipo de experiência. A sua candidatura, argumentou, é "arejada e moderna", vincando não ser a favor de pactos "sem saber para quê". Como contraponto, Marques Mendes voltou a defender a necessidade de consensos em várias áreas, como na justiça e o papel de um Presidente da República enquanto "mediador". Passando depois para a greve geral e para as mexidas no código do trabalho, João Cotrim de Figueiredo bem tentou que, à semelhança do que faz ao dizer que promulgaria o diploma, Marques Mendes tomasse uma posição sobre a legislação, que "diga o que pensa" sobre o assunto. Mas as tentativas foram falhadas, com o antigo líder do PSD a preferir não se pronunciar e rematando no final que "um Presidente" só toma uma posição "no fim". Ainda assim, Marques Mendes trouxe a terreiro a questão das privatizações, e também aqui se preocupou em marcar diferenças em relação a Cotrim, ao dizer claramente não ser a favor da venda da Caixa-Geral de Depósitos, o "fusível do sistema financeiro".Mesmo a terminar, ambos fizeram questão de deixar patentes que também em matéria de Defesa têm posições diferentes. Se Cotrim defende que a Europa deve ter um comandante europeu da NATO ao invés do atual americano, Marques Mendes considerou que tal só servirá para crispar relações que não voltarão a ser as mesmas e iria beneficiar a Rússia. O foco da Europa deve ser, no seu ponto de vista, o de "abrir cordões à bolsa" e investir nesta área.O próximo debate acontece já esta segunda-feira, 8 de dezembro, e irá opor António Filipe, apoiado pelo PCP, a Jorge Pinto, apoiado pelo Livre. .Leia a seguir o "filme" do debate:.O debate termina com a discussão sobre política externa, dias após a divulgação por parte dos EUA de um documento onde é estabelecida a posição da administração Trump face à Europa.Luís Marques Mendes diz ter uma "grande preocupação" em relação a este tema e refere que a relação com o outro lado do Atlântico não será a mesma. Por isso, considera que a União Europeia deve "abrir cordões à bolsa" para investir nesta área, para "tratar da sua segurança".Diz que a posição de Cotrim em relação à NATO, ao dizer que deve ser um europeu a comandar as tropas no Velho Continente "agravaria ainda mais a relação com os EUA e só beneficiaria" a Rússia.Cotrim defende a sua posição e diz que a Europa "tem de se dar ao respeito e fazer por si própria" em matéria de Defesa..Ainda na lei laboral, João Cotrim de Figueiredo argumenta que os candidatos devem "dizer o que pensam". Marques Mendes contrapõe que o está "a fazer", ao que o antigo líder liberal diz que "não".Na resposta, Marques Mendes diz-se mais "ambicioso" do que o seu adversário, nomeadamente no papel do Estado no crescimento. Diz que "é importante" ter "outra sensibilidade e capacidade de intervenção" e que a "taxa única no IRS" defendida por Cotrim "comprometeria a capacidade social do país". "Não é uma ideia justa", atira.Falam depois sobre eventuais "privatizações", da CGD à TAP, onde ambos os candidatos concordam que divergem. Em relação ao banco, Marques Mendes é claro: "É o grande fusível do nosso sistema financeiro. Privatizá-la significa que iria parar às mãos de espanhóis"..O tema previsto para arrancar o debate (lei laboral e greve geral) volta à mesa de debate. Luís Marques Mendes entende que o Governo tem "legitimidade" para propor estas mexidas à legislação. Não afirma quais as questões que estas mexidas podem resolver, preferindo conhecê-las primeiro.Cotrim de Figueiredo, na sua resposta, volta a dizer que aprovaria esta lei laboral "na sua versão mais recente" e ressalva a importância de ter legislação mais flexível. Diz que "não se sabe" ainda se Marques Mendes promulgaria ou não a lei.Marques Mendes reforça que até esta lei ser aplicada é algo que demorará "meses". Apela ainda ao consenso do Governo com a UGT e diz que um "Presidente que se preze só se pronuncia no fim"..Após as acusações, o debate entra nas questões verdadeiramente políticas. O moderador José Alberto Carvalho questiona sobre "o que separa" ambos os candidatos.João Cotrim de Figueiredo refere que Marques Mendes tem uma "carreira política" vasta, dando-lhe uma experiência diferente da sua, que tem outro tipo de competências. O antigo líder da IL argumenta que tem uma "candidatura arejada e moderna" e que não poderia defender pactos (algo que Marques Mendes é a favor) "sem saber para quê". Critica também a proposta do candidato apoiado pelo PSD em incluir um jovem no Conselho de Estado.Na réplica, Marques Mendes volta a defender a necessidade de consensos em várias áreas, como na justiça. Defende que o chefe de Estado deve ser "mediador". "Tem de ser moderado, mas não mole, deve ser firme", aatira voltando a defender a sua proposta do jovem no Conselho de Estado, que é "o único órgão que junta à mesa o Presidente da República, o primeiro-ministro e o líder da oposição". Clarifica depois que seria o próprio, caso eleito, a escolher quem seria este jovem..O sorteio ditou que Luís Marques Mendes é o primeiro candidato a intervir, cabe a João Cotrim de Figueiredo a fechar. Questionado pelo moderador José Alberto Carvalho sobre a greve geral e que áreas considera que a lei vai mexer e resolver, Luís Marques Mendes quer começar por uma "questão prévia".Fala numa "acusação muito grave" quando Cotrim de Figueiredo denunciou "pressões" por parte da candidatura de Marques Mendes para desistir. Pergunta "quando" é que Cotrim o contactou.Cotrim de Figueiredo responde e diz que "nunca" disse isso e que "pessoas destacadas", que supôs fazerem parte da candidatura de Marques Mendes, o contactaram para desistir da corrida a Belém. Não refere nomes dessas pessoas e refere que Gouveia e Melo também denunciou essas pressões. "Não o ouvi dizer nada sobre isso. É sinal que a minha candidatura é muito mais perigosa que a de Gouveia e Melo", atira.O debate leva quase seis minutos focados exclusivamente neste tema e Marques Mendes continua a dizer que é uma "acusação" grave e que Cotrim parece "uma espécie de André Ventura envergonhado". O candidato apoiado pelo PSD diz que a acusação foi "uma tentativa de assassinato de caráter"..João Cotrim de Figueiredo foi o primeiro dos candidatos presidenciais a ser entrevistado pelo DN. E prometeu que, se for Presidente, não ser um “contrapoder” e defendeu que, se lhe chegasse às mãos, a lei laboral seria promulgada, mesmo que não concorde com tudo.Leia e veja aqui a entrevista na íntegra:.João Cotrim de Figueiredo: "Se fosse Presidente, faria ver à PGR que é essencial ser mais transparente. Não pode haver suspeições".O 17.º frente a frente entre candidatos presidenciais (de entre 28 debates) opõe dois rostos do espaço mais à direita. Ao contrário do que aconteceu com outras discussões, não haverá muitos temas com uma divergência vincada. No entanto, João Cotrim de Figueiredo afirmou publicamente, no início da campanha, que foi vítima de pressões por parte da campanha de Marques Mendes para desistir..Cotrim mantém que foi pressionado por “apoiantes de Marques Mendes” para desistir da candidatura presidencial.Boa noite. O DN acompanha aqui ao minuto mais um dos debates presidenciais. Desta feita, João Cotrim de Figueiredo, apoiado pela IL, e Luís Marques Mendes, apoiado pelo PSD, debatem na TVI/CNN.