Pedro Nuno Santos
Pedro Nuno SantosLeonardo Negrão

Pedro Nuno Santos ainda não decidiu se será deputado, mas diz que continuará a "fazer política"

Ex-secretário-geral diz que a sua liderança não tem total responsabilidade pela derrota pesada nas legislativas: "Há uma análise muito mais profunda que tem de ser feita. O PS governou 22 de 30 anos."
Publicado a
Atualizado a

Pedro Nuno Santos ainda não decidiu se será deputado na Assembleia da República, mas assegura que continuará a "fazer política".

"Fui deputado, secretário de Estado, ministro... foram anos de dedicação ao meu país. Fiz política toda a minha vida e continuarei a fazer política. Mário Soares ensinou aos socialistas que se luta sempre. Farei intervenções políticas, mas ainda não sei o que vou fazer e ainda não decidi sobre se serei deputado na Assembleia da República", afirmou este sábado à entrada para o hotel Altis, onde a Comissão Nacional do Partido Socialista se reúne.

O agora ex-secretário-geral do PS diz que a marcação de eleições para determinar o seu sucessor "é uma decisão da Comissão Nacional" e que "desse ponto de vista está tudo mais ou menos acertado", mas adianta que lhe parece "bem que o PS não esteja tantos meses sem secretário-geral".

Pedro Nuno Santos diz que o seu partido "tem características muito particulares, que são boas", e que "uma delas é que não tritura líderes nem dirigentes" e "outra é que respeita a opinião diferente de outros militantes". "Uma vez fui muito criticado, e bem, por criticar algumas intervenções, quando negociava o Orçamento de Estado", lembrou, considerando que o "PS não fica impedido de fazer toda a reflexão que tem de fazer" mesmo havendo apenas uma candidatura ao cargo de secretário-geral até este momento.

Instado pelos jornalistas para dar explicações para a derrota sofrida nas urnas no passado domingo, Pedro Nuno Santos diz que a sua liderança não tem total responsabilidade, mas sim o que tem sido a governação socialista ao longo de décadas. "Há uma análise muito mais profunda que tem de ser feita. O PS governou 22 de 30 anos. Não podemos ignorar a quantidade de portugueses que sentem que a sua vida não ata nem desata. São milhões de pessoas que contam os cêntimos para chegar ao final do mês. As realidades que muitas famílias enfrentam em Portugal são difíceis e há uma penalização ao partido que mais governou o país. Temos um Portugal em que a economia cresce, mas esse crescimento não chegou a toda a gente. Há um tema que o PS deve refletir profundamente, que é a imigração. O país precisa de trabalhadores estrangeiros, mas a entrada muito grande em pouco tempo criou tensões", analisou, não se mostrando arrependido de ter avançado para a liderança do partido após a saída de António Costa: "Eu sabia que naquele momento tinha de avançar, mesmo que os livros dissessem que não era o timing."

O agora ex-secretário-geral diz que não está arrependido de ter chumbado a moção de confiança do Governo, porque entende que Luís Montenegro "não tem condições éticas mínimas para ser primeiro-ministro". "Achava isso, acho isso hoje e provavelmente não deixarei de achar no futuro", vincou.

Sobre o diálogo com o novo executivo, mantém a opinião, mas a realça que o novo secretário-geral do PS terá o "direito de aplicar a sua estratégia e visão", algo que vai "respeitar enquanto militante".

Pedro Nuno Santos
Carlos César: "Maus resultados implicam reflexão sobre como PS deve abordar a sua perceção social"

Depois da pesada derrota nas legislativas, que levou Pedro Nuno Santos a demitir-se, a Comissão Nacional do PS reúne-se este sábado para analisar os resultados e aprovar os calendários eleitorais, estando até agora na corrida à liderança José Luís Carneiro.

O PS regressa este sábado ao hotel Altis, em Lisboa, quartel-general da noite eleitoral de há quase uma semana que ditou o seu terceiro pior resultado em eleições legislativas e, ainda com os resultados provisórios porque não estão contados os votos da emigração, resultou na perda de 20 deputados e um quase empate com o Chega.

Pedro Nuno Santos
Comissão Nacional do PS analisa pesada derrota e decide calendário interno

Logo na noite eleitoral de domingo, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, assumiu as responsabilidades pelo resultado e pediu a sua demissão, cargo que deixará após a reunião de hoje, devendo ficar o presidente do partido, Carlos César, a assumir as funções interinamente, segundo informação adiantada à Lusa.

Na reunião deste sábado, que servirá para analisar os resultados das legislativas, serão ainda aprovados os calendários e regulamentos eleitorais internos.

Carlos César, numa proposta também subscrita por Pedro Nuno Santos, propõe a este órgão máximo entre congressos a realização de eleições imediatas para o cargo de secretário-geral socialista, entre o fim de junho e início de julho, adiantou à Lusa fonte oficial na quinta-feira.

Pedro Nuno Santos
Carlos César vai propor eleições imediatas para secretário-geral do PS

Em alternativa a esta proposta do presidente do PS, o antigo candidato à liderança socialista Daniel Adrião, juntamente com outros dirigentes, propõem à Comissão Nacional do PS eleições primárias abertas apenas em outubro ou novembro, considerando mais sensato que o novo secretário-geral seja escolhido depois das autárquicas.

Pedro Nuno Santos
"Impõe-se um processo de análise." Seis membros da Comissão Nacional do PS defendem congresso após autárquicas

Carlos César ouviu, segundo fonte oficial adiantou à Lusa, “diversas personalidades apontadas como possíveis candidatos à liderança do PS e optou pelo cenário de eleições imediatas apenas para o cargo de secretário-geral do partido”.

Horas depois desta notícia, soube-se que os dois ex-ministros dos governos de António Costa, Fernando Medina e Mariana Vieira da Silva, estavam fora desta corrida eleitoral, numa semana em que também Duarte Cordeiro e Alexandra Leitão já tinham manifestado a sua indisponibilidade.

Assim, neste momento é o antigo candidato à liderança do PS José Luís Carneiro – que há cerca de um ano e meio perdeu as diretas para Pedro Nuno Santos – o único nome que até agora avançou a sua disponibilidade para a sucessão da liderança do PS.

Pedro Nuno Santos
Vieira da Silva e Medina não avançam e estendem a passadeira a José Luís Carneiro para a liderança do PS

Numa nota enviada à Lusa logo na segunda-feira ao final dia, o antigo ministro da Administração Interna assegurou que estará disponível para servir o PS e Portugal, considerando que o partido deve fazer “uma reflexão profunda” e abrir um novo ciclo, além de contribuir para a estabilidade política.

Segundo os resultados provisórios, o PS tem neste momento 58 lugares no parlamento, com um resultado de 23,38%, ou seja, 1.394.501 votos.

Com este resultado, o PS surge quase empatado com o Chega e, em comparação com os mesmos resultados do ano passado, também sem a emigração, perdeu mais de 365 mil votos num ano.

Pedro Nuno Santos
PS perdeu 10% dos eleitores de 2024 para Chega; Chega perdeu 5% para PS

Este é o terceiro pior resultado da história do PS em termos de percentagem, tendo a marca só sido pior apenas em 1985, com Almeida Santos, e em 1987, com Vítor Constâncio.

No discurso no qual assumiu a derrota, o líder do PS assumiu a responsabilidade do resultado, disse que deixa de ser secretário-geral se “puder ser já” e que não quer "ser um estorvo nas decisões" que o PS tem que tomar.

“Mas como disse Mário Soares, só é vencido quem desiste de lutar e eu não desistirei de lutar. Até breve. Obrigado a todos”, enfatizou.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt