Pedro Nuno pede "papel firme" a Aguiar-Branco na condução dos trabalhos no Parlamento e lembra Santos Silva
Pedro Nuno Santos, líder do PS, defendeu esta segunda-feira que é preciso rever a forma como estão a ser geridos os trabalhos no parlamento e pediu um "papel firme" ao presidente da Assembleia da República, recordando a presidência de Augusto Santos Silva.
"A verdade é que parte da ordem na Assembleia da República é da responsabilidade do presidente da Assembleia da República e o presidente da Assembleia da República anterior, Augusto Santos Silva, chegou a ser criticado pela forma como geria os trabalhos e sinceramente eu acho que a forma como em muitos momentos têm sido geridos tem que ser revista", defendeu.
Pedro Nuno Santos respondia aos jornalistas sobre as declarações do presidente da Assembleia da República a propósito dos incidentes na semana passada no parlamento que envolveram a deputada invisual do PS Ana Sofia Antunes. José Pedro Aguiar-Branco condenou os insultos do Chega, mas remeteu para os partidos eventuais alterações ao código conduta dos deputados.
Segundo o líder do PS, "não é admissível" a situação que existe neste momento no parlamento "como não seria admissível em qualquer local de trabalho".
"Acho importante que o presidente da Assembleia da República tenha um papel firme na defesa da Assembleia da República e isso compete ao presidente da Assembleia da República", considerou.
Reiterando que no parlamento se está a trabalhar e as pessoas "têm que se respeitar umas às outras", Pedro Nuno Santos defendeu que "esse respeito deve ser gerido e dinamizado e promovido pelo presidente da Assembleia da República".
Na sexta-feira, o líder do PS tinha-se indignado com o Chega, que acusou de ser "um bando de delinquentes" que não respeita ninguém e levou "má educação e grosseria" ao parlamento, considerando que é preciso "dizer basta".
Nesse dia, o PS anunciou que vai propor alterações ao código de conduta dos deputados para incluir novas sanções, defendendo então que o presidente da Assembleia da República devia um pedido de desculpas à deputada Ana Sofia Antunes, em nome do parlamento.
Em conferência de imprensa, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, insurgiu-se contra a conduta do Grupo Parlamentar do Chega, designadamente quanto ao incidente gerado na sessão plenária de quinta-feira, quando a deputada do partido de extrema-direita Diva Ribeiro acusou a socialista Ana Sofia Antunes, que é cega, de só conseguir "intervir em assuntos que, infelizmente, envolvem deficiência".
De acordo com os relatos da líder parlamentar no PS, após as declarações da deputada do Chega foram ouvidos apartes, com o microfone desligado, nos quais se pode ouvir expressões como "aberração, isto não é uma esquina, pareces morta, és uma drogada", dirigidas à bancada socialista.
Também na sexta-feira, o vice-presidente do parlamento Rodrigo Saraiva, que conduzia os trabalhos no dia do incidente, condenou a intervenção "grave, indigna e factualmente errada" da deputada do Chega Diva Ribeiro visando a socialista Ana Sofia Antunes e defendeu ter faltado um pedido de desculpas.
Já o presidente do Chega disse que vai ponderar se aceita uma revisão do código de conduta dos deputados para introduzir novas sanções, admitiu fazer autocrítica sobre comportamentos, mas considerou-se o mais ofendido por insultos no parlamento.
Pedro Nuno pede ao Governo compromisso de construir casas para a classe média
Pedro Nuno Santos defendeu que o Estado tem que assumir a responsabilidade de construir habitação para a classe média, argumentando que a falta de casas não atinge apenas as famílias carenciadas.
"O problema da habitação em Portugal, infelizmente, hoje não é um problema apenas das famílias carenciadas, o problema da habitação é um problema da classe média, dos filhos da classe média, e é por isso que não só nós temos que promover a construção privada e cooperativa, mas o Estado tem que assumir também a sua responsabilidade de construir para a classe média, como acontece em muitos países europeus", defendeu.
O objetivo desta visita a este complexo, promovido pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e destinado a arrendamento acessível, é "sinalizar um dos exemplos do trabalho" que é preciso "multiplicar no país", explicou o secretário-geral socialista.
"O Governo, no que diz respeito à construção pública, está apenas concentrado na construção de habitação para a população carenciada, não há neste momento nem um discurso nem um compromisso de construção para a classe média, e para nós é fundamental que a política pública de habitação dê resposta às dificuldades da classe média", defendeu.
Pedro Nuno Santos referiu que políticos internacionais e nacionais falam sobre a necessidade aumentar a despesa com defesa, mas "a habitação é um dos maiores problemas" e em relação a ela é preciso "aumentar a despesa nacional, pública também, com habitação".
De acordo com o líder socialista, só será possível "ter o apoio da população e da classe média para os programas de construção pública se eles não estiverem excluídos deste programa público de construção".
"Devem ser criadas condições para que o setor privado possa construir mais, construir mais para a classe média, que é onde nós temos de facto dificuldades, mas o Estado também tem que escalar a sua construção, não só para as famílias mais carenciadas, mas para as populações de rendimentos intermédios, para a classe média", defendeu.
Segundo o antigo ministro desta área é preciso "escalar muito" neste tipo de construção e passar-se dos "20 e tal mil focos por ano para números que se aproximam dos 40 mil, 50 mil focos por ano", um número que já existiu no passado e ao qual é preciso voltar.
"Isso implica apoiar o setor da construção civil privado, mas também a construção pública", defendeu.