Partidos querem apurar responsabilidades pelo acidente. "Não é por aproveitamento político", garante Ventura
FOTO: Gerardo Santos

Partidos querem apurar responsabilidades pelo acidente. "Não é por aproveitamento político", garante Ventura

Pedro Nuno Santos defendeu esta sexta-feira que "não é preciso esperar por nenhuma investigação" para saber de quem é responsabilidade política no acidente do elevador da Glória, apontando a Moedas.
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Tenho visto algumas pessoas tentarem evitar o inevitável: a assunção de responsabilidades políticas pelo atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa. [Carlos] Moedas é prisioneiro das suas próprias declarações em 2021, quando exigiu a demissão de Fernando Medina”, escreveu no Facebook esta sexta-feira o ex-secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, com uma referência à partilha de dados de manifestantes anti-Putin com a Rússia, quando o Executivo municipal estava a cargo do PS, em junho de 2021, pouco tempo antes das eleições autárquicas.

A este propósito, Pedro Nuno Santos lembrou que, nessa altura, "Moedas dizia que era necessário um novo tipo de políticos, os que assumiam as suas responsabilidades, mesmo perante um 'erro técnico'. Sobre responsabilidade política, para sabermos quem a tem neste caso, não é preciso esperar por nenhuma investigação", rematou o antigo líder socialista.

Pedro Nuno Santos também procurou rebater "críticas à FECTRANS [Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações] porque, supostamente, segundo um jornalista, 'apontava à empresa privada responsável pela manutenção e punha público contra privado e patrões contra trabalhadores'".

Para o antigo deputado socialista, este sindicato, entre as mensagens de condolências às famílias das vítimas, "defendeu que se apurassem, o quanto antes, as causas do acidente, sem 'apontarem' antecipadamente a nenhuma empresa. No entanto, no mesmo comunicado pedem, e bem, que se verifiquem, para além das causas imediatas, os efeitos da externalização da manutenção. O que há de irrazoável nesta exigência? A FECTRANS sempre foi contra a externalização da manutenção", considerou, antes de defender que "a manutenção é mais eficaz quando beneficia do conhecimento acumulado, transmitido por sucessivas gerações de trabalhadores. Será, aliás, importante saber quais as qualificações e experiência dos trabalhadores encarregues da manutenção, bem como o seu vínculo à empresa de manutenção."

Moção de censura ao Executivo de Moedas

Com uma narrativa semelhante, lembrando o episódio de 2021, quando Carlos Moedas exigiu a demissão de Fernando Medina da liderença do Executivo municipal, ta,bém o candidato à Câmara de Lisboa pelo Chega, Bruno Mascarenhas, em declarações na sede do partido, questionou de forma retórica “o que diria Carlos Moedas, que pediu a demissão de Fernando Medina por transmissão de dados à embaixada russa, mesmo que isso fosse um erro técnico, ao Moedas de 2025, após 16 mortes ocorridas no centro da capital e vários feridos, tenham sido erros técnicos ou não?"

Com a ideia de que aquela pergunta "não deixa de ecoar" na sua cabeça, o deputado municipal do Chega apontou o dedo aos "políticos que exigem responsabilidade a toda hora, mas quando chega o seu momento de assumir essa responsabilidade, pretendem assacá-la a todos, menos a si próprio e à sua gestão".

Com este argumento, Bruno Mascarenhas anunciou uma “moção de censura a este executivo", que será discutida na "próxima terça-feira. O engenheiro Moedas, se assim o entender, se não faltar, estará em condições de debater connosco esta questão", afirmou.

Também na sede do Chega, André Ventura considerou que este é o momento de apoiar as vítimas e as famílias, "porém, olhar para o lado, fingir que ninguém deve ser responsabilizado ou que nenhuma responsabilidade deve ser assacada é um erro tremendo do ponto de vista político".

"Houve responsáveis por inação, por omissão e certamente alguns por ação. Houve responsáveis de natureza política, técnica e de natureza operacional", apontou, antes de afirmar que é sua obrigação enquanto detentor da "liderança da oposição a nível nacional", "exigir quer ao Governo da República, quer à Câmara Municipal de Lisboa, quer as empresas públicas sob tutela, não só uma rápida averiguação dos factos", mas que estes "levem a consequências claras, não só do ponto de vista da responsabilização mas da prevenção".

PCP quer reunião extraordinária na Câmara para apurar responsabilidades

Também os vereadores eleitos pela CDU na Câmara Municipal de Lisboa, Ana Jara e João Ferreira, em comunicado, garantem ter manifestado a Carlos Moedas "a necessidade de ser realizada uma reunião da CML, extraordinária, no mais curto período de tempo, de forma a que sejam prestados esclarecimentos sobre as medidas que" o município "está a tomar em relação ao apoio às vítimas e familiares, das medidas tomadas para o apuramento rápido das causas e responsabilidades do acidente - nomeadamente sobre a gestão da manutenção hoje erradamente externalizada - e das acções para repor a segurança e tranquilidade públicas em relação à utilização de equipamentos municipais, nomeadamente dos elevadores da Carris".

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