O PAN ultimou esforços nos últimos dias para efetivar os acordos que estavam apalavrados para as Autárquicas e o partido, sabe o DN, terá 23 coligações por todo o território nacional, um pecúlio que, à esquerda, só o Livre pode reivindicar (serão 24 se todas as listas forem aprovadas). De três parcerias em 2021 para 23, um aumento em 20 coligações, exatamente os números de crescimento que o Bloco de Esquerda também conseguiu, como o DN noticiou na passada semana. Ainda assim, o mais assinalável, além da procura de coligações representativas no território, acaba por ser a proximidade à esquerda, especialmente depois das críticas de que Inês Sousa Real foi alvo pelos primeiros anúncios de acordos em Faro e Sintra. No primeiro caso, o PAN apoia Cristóvão Norte, do PSD, que terá a confiança de Iniciativa Liberal, CDS-PP e MPT. Foi esse mesmo acordo que levou a declarações públicas de Carlos Macedo, o quinto nos últimos meses a desvincular-se do partido. “Depois do incompreensível acordo, em 2023, com o PSD e o CDS na Madeira, este ano o PAN repete o desastre, ao integrar a coligação para as eleições autárquicas em Faro com o PSD, a IL e o CDS. Sim, o CDS, o CDS que dá tudo por uma tourada. Mas, se em Faro a coligação é com o PSD, o CDS e a IL, no concelho ao lado é com o Livre e o BE. Que falta de coerência”, disse a 12 de julho. Hugo Alexandre Trindade, número dois do partido, explicou dias depois ao DN a tomada de decisão: “O deputado Cristóvão Norte é reconhecido na causa animal e a intenção é evitar o flagelo que se vive no Sul, dado o abandono de animais e falta de veterinários municipais. O PAN procura negociar com partidos que acompanhem a resolução das suas causas. É natural haver coligações com PS e PSD.”Desde final de maio foram seis as saídas relevantes do PAN, é também verdade que PCP, Bloco, Livre e PS não negociaram qualquer acordo de coligação com o PSD e o PAN fê-lo, no entanto a aproximação à direita é uma minoria entre as coligações, representando apenas 9% dos acordos. Essa percentagem será argumento de Inês Sousa Real em debate interno para justificar que, ideologicamente, o PAN se mantém posicionado mais à esquerda, tal como se verifica no Parlamento com votos contra a muitas das propostas vindas de Chega, PSD e IL. Em 2021, a porta-voz chegara há pouco à liderança, agora, em 2025, é responsável por toda a estratégia. O PAN coliga-se em 14 casos com o Livre, 13 vezes com o Bloco de Esquerda, representando, em muitos casos, uma solução tripartida, que se sabe ser difícil de angariar vereadores nas câmaras municipais, correndo, em muitos casos, por lugares nas assembleias. Por três ocasiões participa na coligação da esquerda unida (sem o PCP) em Lisboa, Ponta Delgada e Albufeira. Na capital, só em caso de vitória expressiva de Alexandra Leitão poderá, à partida, sonhar com um cargo de vereação. Em Faro, o mesmo, dependendo da força de Cristóvão Norte. As grandes apostas passam por Sintra, que elege 11 vereadores, e onde o partido ladeia Marco Almeida, do PSD, acompanhado também pela Iniciativa Liberal. A mesma linha de pensamento em acordos exclusivos com o PS, nomeadamente em Braga, Oeiras e Seixal. Isto porque quando está o Livre na junção com os socialistas é o partido de Rui Tavares que ocupa os lugares posteriores aos do PS.Em 2021, o PAN, a solo, não angariou mandatos como vereadores, ocupando, sim, 23 postos em assembleias municipais, também decorrentes de coligações: em Aveiro com o PS, em Cascais com o Livre e PS, além do extenso acordo no Funchal. O plano é afirmar-se com deputados municipais nas assembleias e regista-se uma maior vastidão de candidaturas. Além de Sintra, é em Valongo que o PAN acredita poder ter um vereador. É também uma candidatura ímpar no partido: a primeira com corrida à Câmara, Assembleia e todas as freguesias.