Quando tomar posse no próximo dia 31 de outubro, Nuno Palma Ferro tornar-se-á no primeiro presidente da câmara de Beja a não ser eleito pela CDU ou pelo PS em mais de 50 anos. Professor de matemática de profissão e antigo presidente da Assembleia Geral da Associação de Patinagem do Alentejo, foi eleito vereador pelo PSD no executivo bejense em 2021. Confirmando a trajetória de crescimento dos sociais-democratas em toda a região do Alentejo, conseguiu agora alcançar a presidência do executivo camarário. Ainda assim, não tem maioria absoluta, com PS e CDU a terem os mesmos dois vereadores da coligação PSD/CDS/IL. O Chega ficou em quarto, com um mandato. Com este contexto, não exclui dialogar à esquerda e à direita com um objetivo: colocar Beja no mapa, algo que, diz, só se consegue com união entre os diferentes partidos.É o primeiro autarca de Beja que não é da CDU ou do PS. Como conseguiu quebrar este ciclo de esquerda? Estava à espera do resultado?De há cinco anos a esta parte, quando fomos para a vereação, fizemos um trabalho de grande proximidade, com um objetivo bem definido, com propostas que julgamos ser boas. Fomos sempre muito objetivos e a favor do concelho de Beja. Neste ato eleitoral, as pessoas reconheceram isso. Estávamos à espera, de alguma forma. Trabalhámos e atingimos esse objetivo. Estamos muito contentes e com um sentido de responsabilidade muito grande para assumir os destinos do nosso município. Vamos colocar todas as capacidades que temos a favor do concelho.Como vê o crescimento do PSD no distrito? Além de Beja, ganharam também Almodôvar, que sempre foi um concelho a votar à esquerda.No PSD, temos feito um trabalho com sentido estratégico. Temos tido mais implantação no terreno há alguns anos e os resultados vão começando a aparecer. É muito por aí. Tivemos bons candidatos no Alentejo, muitos que não foram eleitos ou são vereadores. As propostas vão aparecendo e o PSD, aqui no distrito de Beja, começa a ter uma boa capacidade de crescimento. Os nossos quadros vão aumentando, há mais massa crítica e isso facilita a implementação do projeto social-democrata.Num concelho tradicionalmente de esquerda, sentiu, de algum modo, confiança das pessoas, mesmo liderando uma candidatura de centro-direita?As pessoas de Beja deram-nos um voto de confiança. Estamos perfeitamente conscientes disso. Não foi um voto incondicional. É um voto para o qual temos de saber olhar, ler e respeitar para que a confiança seja verdadeiramente justificada.Falou-se do crescimento do Chega na região, sobretudo no Baixo Alentejo. Como esvaziou o discurso desse partido ao longo da campanha, que conseguiu apenas eleger um vereador?Apesar de ter só um mandato, tiveram uma votação muito expressiva, semelhante à que tivemos há quatro anos. Não estamos preocupados em esvaziar ninguém, mas sim em implementar o nosso projeto e levá-lo a bom termo com as nossas ideias. Espero que os nossos adversários deixem de o ser a partir da tomada de posse, passando a ser colaboradores neste projeto.Não exclui, portanto, o diálogo com nenhum partido?Não há linhas vermelhas. O concelho tem 33 mil pessoas. Não somos poucos, todos fazemos falta. Não podemos criar linhas vermelhas, temos de nos unir em vez de nos dividir. Já temos uma força diminuta e se nos vamos dividir ainda mais. Mais insignificantes nos tornamos. O objetivo é pôr Beja no mapa, mas temos de ser todos. Isso é inevitável.E quais as prioridades para o mandato?Vou dar-lhe cinco: mais atratividade, mais empresas, mais dinamismo, mais qualidade de vida e retenção de jovens..Onda laranja chega ao Alentejo. Como o PSD está a conquistar o antigo bastião comunista