Morreu Carlos Matos Gomes, capitão de Abril
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Morreu Carlos Matos Gomes, capitão de Abril

Coronel, que integrou o Movimento dos Capitães no 25 de Abril de 1974, tinha 78 anos. Morreu esta madrugada no hospital CUF Tejo, em Lisboa.
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Morreu este domingo, aos 78 anos, Carlos Matos Gomes, Capitão de Abril.

A notícia foi avançada pela família do coronel, numa publicação no Facebook, onde se lê que o coronel na reforma morreu no hospital CUF Tejo, em Lisboa. "Partiu sereno e com músicas de Abril", acrescenta o breve texto.

Ao DN, fonte familiar confirma a morte do Capitão de Abril, acrescentando que estava doente, tendo apanhado, "nos últimos dias, uma pneumonia" que acabou por lhe ser fatal.

Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa deixou as condolências à família, recordando a "vida de intervenção cívica e pedagógica muito diversificada e intensa, sempre na defesa dos valores porque se batera há mais de cinco décadas".

Romantista de sucesso com o pseudónimo Carlos Vale Ferraz, Carlos Matos Gomes publicou há um ano, em nome próprio, o livro Geração D. Nessa altura, deu uma entrevista ao DN, onde rejeitava a ideia de Ramalho Eanes e Mário Soares serem fundadores da democracia. "Nenhum deles é fundador de democracia nenhuma. A democracia é um processo que, aqui em Portugal, vai percorrendo várias etapas até chegar àquilo que é o modelo da democracia liberal, que existe na Europa apenas a partir da Segunda Guerra Mundial. Nós estamos hoje a falar de democracia, mas nunca vivemos numa democracia tão alargada quanto a que existiu desde o 25 de Abril até ao 25 de Novembro. Aquilo que vai limitar e enquadrar e meter em redil partidário a democracia é o 25 de Novembro", afirmou nessa entrevista.

Nascido a 24 de julho de 1946 em Vila Nova da Barquinha, Carlos Matos Gomes estudou no Colégio Nun'Álvares, em Tomar, onde conheceu Salgueiro Maia, um dos principais rostos da Revolução. Eram amigos desde os 11 anos. Na entrevista que deu ao DN há um ano, o coronel relembrava Salgueiro Maia como "um homem desligado", que não quis ser "nenhuma das prebendas que se podiam oferecer", fosse como membro do Conselho da Revolução ou de "variadíssimos organismos". "Era um comandante de altíssima categoria", recordou nessa altura.

Durante a guerra colonial combateu nas três frentes (Angola, Guiné e Moçambique), ganhando depois duas Cruzes de Guerra, a terceira mais alta condecoração militar portuguesa.

Morreu Carlos Matos Gomes, capitão de Abril
Carlos Matos Gomes: "Nunca vivemos numa democracia como a que existiu do 25 de Abril ao 25 de Novembro"

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