Moedas em festa na sede.
Moedas em festa na sede.Leonardo Negrão

Moedas reeleito com 8% sobre Alexandra Leitão

Coligação Por Ti Lisboa tem oito vereadores, Viver Lisboa seis e Chega bate CDU por 11 votos. PS tem 12 freguesias, PSD 11 e Carnide fica comunista. Conheça o resultado do vencedor de cada freguesia.
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Carlos Moedas foi reeleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, tornando-se o primeiro militante filiado no PSD a conseguir revalidar a coroação na capital. Só nos anos 80, Kruz Abecassis vencera para os sociais-democratas, mas sendo centrista e o CDS-PP a primeira força da coligação.

As primeiras projeções apontaram a luta apertada em Lisboa, as comitivas de Carlos Moedas e Alexandra Leitão prepararam-se para uma noite longa, mas de batalha em batalha a confiança só cresceu para um lado, para o incumbente que resiste à tragédia do Elevador da Glória e que, munido de CDS-PP e Iniciativa Liberal, combateu a associação do PS com Livre, Bloco de Esquerda e PAN.

Se em 2021, foram 2294 votos de diferença entre o presidente e recandidato Moedas e Fernando Medina, quatro anos depois viu-se o futuro de Lisboa preso por uma maquia curta, mas que, à meia-noite, já se via impossível de revirar. Às 3h05 ficou apurada a última freguesia o Lumiar, com um resultado de 41,69%, contra 33,95%. Cerca de 8% separam as duas forças políticas quando, no início da noite, se esperava um possível empate técnico.

Nas sedes, festejava-se cada garantia de junta de freguesia embolsada. Os socialistas celebravam com São Vicente e Alcântara ainda antes das 21h00, mas os primeiros golpes começaram a ser dados pela coligação Por Ti, Lisboa, conseguindo Campo de Ourique e Campolide, ambas socialistas em 2021: a primeira tinha ficado decidida por 26 votos em 2021 e até Moedas fora mais votado para a Câmara, mas com a saída de Pedro Costa a meio do mandato o PSD capitalizou para angariar a freguesia. Ali perto, em Campolide, depois de quatro mandatos socialistas, venceu a Por Ti, Lisboa, com a curiosidade de ser a primeira freguesia governada por um liberal, no caso José Miguel Cerdeira.

A festa, em crescendo, só para os sociais-democratas. Com a notícia de que o Livre não conseguia desfazer a hegemonia no Areeiro, Alvalade e Avenidas Novas, a coligação Por Ti, Lisboa ganhava confiança de que manteria mesmo a capital.

No reduto socialista, não se bebia vodka com laranja, mas sim gin tónico para amenizar o desânimo. João Jaime Pires, independente que encabeçou a coligação de esquerda, avançou para a maior conquista do PS ao opositor: Arroios.

Das nove freguesias que se previam enormes batalhas só nessa e em Marvila foram mais os votos nos socialistas, o que foi impactante para as contas finais, porque entre as mais populosas só Benfica fazia Alexandra Leitão sonhar.

Estrela, Belém, Parque das Nações seriam territórios de Moedas, os socialistas teriam de esperar um rebate feroz em Benfica, Olivais, Lumiar e São Domingos de Benfica, o que fez Alexandra Leitão esperar pela admissão da derrota. Prevista para as 23h30, acabou por acontecer já para lá das 00:30. Mas foi no Lumiar, última freguesia a fechar, e em São Domingos que ficou confirmada a vitória de Moedas.

A partir daí, verdadeiros urros de vitória na comitiva, que passa de dez para 11 freguesias, contra 12 do PS, e mais de 20 000 votos de vantagem para festejar. Campolide e Campo de Ourique viraram à direita, Arroios à esquerda.

Moedas fez a festa pela noite dentro.
Moedas fez a festa pela noite dentro.Leonardo Negrão

Moedas tem oito vereadores, o que lhe dá maior governabilidade. "Mais 30 mil votos, é absolutamente extraordinário. Agora sim, vamos conseguir, Lisboa está no caminho certo", afirmou, a atirar a responsabilidade também para os opositores. "Os lisboetas foram claros não querem instabilidade", disse, rejeitando cenários de negociação com o Chega para uma maioria: "Uma Câmara Municipal não tem coligações pós-eleitorais."

O autarca apelou a que a oposição "coloque os interesses de Lisboa acima de tudo", algo que afirmou não ter acontecido neste primeiro mandato. "Tive quatro anos muito difíceis. Estes quatro anos não serão tão difíceis, porque eu tenho mais 30 mil votos, tenho mais um vereador, isso dá-me uma confiança enorme", disse, com queixas, apesar de o PS ter vabilizado orçamentos e as principais propostas para a cidade.

Numa sede de campanha que ficou completamente lotada de apoiantes, o autarca destacou o bom relacionamento com Luís Montenegro, que preferiu acompanhar a noite eleitoral no Porto, descartando cisões: "Tenho o total apoio dele. É um homem que para além de tudo é um amigo próximo. É como se estivesse aqui".

Carlos Moedas entrega dois cargos de vereação a Iniciativa Liberal e CDS-PP. O edil reeleito só discursou perto das 2h00. Alexandra Leitão reconheceu a derrota às 00h30. "Estou aqui para asumir a derrota nas Autárquicas, desejei sorte a Carlos Moedas e agora serei oposição rigorosa e firme”, prometeu Alexandra Leitão, ladeada no palco por Rui Tavares e Mariana Mortágua, porta-voz de Livre e coordenadora do Bloco. “Foi uma convergência que não me arrependo de ter feito. Todas as coisas que se orientam pelo serviço público valem sempre a pena. É por isso que este caminho valeu por si só. Já o disse antes”, declarou, vincando a “coragem do Livre, Bloco e PAN” para a coligação. O Livre terá um vereador, o Bloco também, face ao sexto lugar na lista.

Alexandra Leitão foi acompanhada por Mariana Mortágua e Rui Tavares.
Alexandra Leitão foi acompanhada por Mariana Mortágua e Rui Tavares.FOTO: GERARDO SANTOS

Foi taco a taco pelo terceiro lugar, que só ficou fechado com a última freguesia. A CDU tinha 500 votos de vantagem às 00h30 e ultrapassava, tal como o Chega, os 10%. João Ferreira e Ana Jara voltariam a ser eleitos, mas com as freguesias mais populosas o Chega conseguiu a ultrapassagem... por 11 votos.

O Chega entra pela primeira vez no Executivo de Lisboa, com dois mandatos, o que pode influenciar a governação à direita. Naturalmente, os socialistas responsabilizam o dispersar de votos na CDU como grande responsável pela derrota eleitoral, olhando à curta margem. João Ferreira mantém lugar de vereação, mas a CDU perde um mandato.

Nos restantes candidatos à Câmara Municipal de Lisboa, a sigla escolhida pelo PPM e MPT, denominada Democrática Aliança, poderia ditar algum tipo de incremento de votação em Tomás Dentinho, mas uma confusão do eleitorado ao jeito do que acontecera com a AD em 2024, em benefício do ADN, não se verificou. Nem o PPM nem a Nova Direita, com Ossanda Liber, o ADN, com Adelaide Ferreira, o Volt, com José Almeida, e o R.I.R, com Luís Mendes, angariaram mais de 0,5% de votação cada.

Para a Assembleia Municipal, Margarida Mano, da Por Ti, Lisboa, é a eleita com 39,85%, contra 32,86%.

Freguesias para a coligação Por Ti, Lisboa: 11

Areeiro 48,86%

Avenidas Novas 50,25%

Alvalade 46,31%

Belém 57,63%

Campo de Ourique 41,24%

Campolide 39,53%

Estrela 53,47%

Lumiar 46,06%

Parque das Nações 49,84%

São Domingos de Benfica 46,24%

Santo António 49,38%

Freguesias para a coligação Viver Lisboa: 12

Ajuda 46,56%

Alcântara 47,99%

Arroios 42,34%

Beato 38,16%

Benfica 54,45%

Marvila 38,22%

Misericórdia 38,29%

Olivais 29,16%

Penha de França 39,56%

Santa Clara 32,41%

Santa Maria Maior 40,95%

São Vicente 40,33%

Freguesia para a coligação CDU: 1

Carnide 41,65%

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