O embaixador de Portugal em Espanha, João Mira Gomes, vai chefiar a Representação de Portugal nas Nações Unidas em Genebra, a sede europeia da organização, apurou o DN. Tendo em conta o momento em que vai assumir este cargo, já em março, o diplomata será em grande parte responsável pela candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança da ONU, como membro não-permanente, para o biénio 2027-2028. Missão em estreita colaboração, claro, com a equipa na sede principal das Nações Unidas, em Nova Iorque, liderada pelo embaixador Rui Vinhas.Portugal, membro da organização desde 1955, dez anos depois da fundação da ONU, já por três vezes teve assento no Conselho de Segurança, nos biénios 1979-1980, 1997-1998 e 2011-2012.João Mira Gomes, que há um ano, no anterior Seminário Diplomático, recebera o prémio de Diplomata Económico do Ano, atribuído pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, pelos resultados que teve enquanto promotor do país no estrangeiro e pela forma como apoiou a internacionalização das empresas nacionais, terá agora de corresponder às expectativas do Governo, que, em novembro, confirmou a candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança da ONU. Na altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, explicou que a candidatura estaria assente em três eixos estratégicos: “prevenção, parceria e proteção”. O governante destacou estas três ideias, que estariam na base dos pressupostos de “prevenir e evitar conflitos” e “fazer pontes”, até porque, continuou o ministro, “Portugal tem aquilo a que se chama soft power - tem uma grande capacidade de poder suave”, o que considerou ser relevante “não apenas nas questões de segurança, mas também em agendas como, por exemplo, a reforma das Finanças Internacionais”.O ministro sublinhou que as vantagens de Portugal passam por uma “vocação mais atlântica”, “mais universalista”, à qual se acrescenta “uma presença importante nas Américas e em África” e “uma tradição grande na Ásia”..NATO: Ex-secretário de Estado da Defesa João Mira Gomes assume cargo de embaixador permanente em setembro.João Mira Gomes, conhecido como um diplomata “todo o terreno”, ou globetrotter, pelo currículo, mas também por gostar de carros clássicos e de corridas, terá de recorrer a toda a sua experiência para ajudar a concretizar a estratégia de Portugal nesta corrida ao Conselho de Segurança da ONU, que passa por disputar um dos dois lugares do grupo da Europa Ocidental e Outros com a Alemanha e com a Áustria.O Conselho de Segurança da ONU, que, de acordo com a Carta das Nações Unidas, é responsável por manter a paz e segurança internacionais, é composto por 15 membros: cinco permanentes com direito de veto - China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia -, e dez não-permanentes. Este últimos são eleitos para mandatos de dois anos.João Mira Gomes vai trabalhar na sede das Nações Unidas em Genebra, no edifício Palais des Nations, que alberga, entre outros órgãos, o Conselho de Direitos Humanos da ONU e o Alto-Comissariado de Direitos Humanos.Embaixador de Portugal em Madrid desde 2020, João Mira Gomes assumiu um papel análogo em Berlim, durante cinco anos, nessa Alemanha que agora é um dos rivais de Portugal. Foi representante de Portugal no Comité Político e de Segurança da União Europeia, em Bruxelas, e, em 2010, foi também representante permanente de Portugal na NATO. O diplomata foi secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, em 2006, quando Nuno Severiano Teixeira assumiu a tutela desta pasta, no primeiro governo de José Sócrates.João Mira Gomes tem 65 anos e é casado com a também embaixadora Graça Mira Gomes, que cessou agora funções como secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa.