Pedro Nuno Santos
Pedro Nuno SantosFoto: Leonardo Negrão

Marques Mendes pressiona PS a avançar com candidato a Belém? Socialistas querem nome fechado até dia 8

António José Seguro vai mesmo avançar, dizem apoiantes. A dúvida, de outros, é se António Vitorino também. Comissão Nacional do PS reúne no próximo sábado, dia 8, e as Presidenciais marcam o encontro.
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Dez anos depois, o “qual é a pressa?” ganhou uma nova versão: “É muito cedo para poder tomar uma decisão”.

A pergunta de janeiro de 2013, que foi repetida várias vezes, respondia à pressão dos costistas que queriam uma data para o congresso e derrubar Seguro. O “é muito cedo” responde ao anúncio de que Marques Mendes será candidato nas presidenciais de 2026.

Em 2013 Portugal vivia “um momento de urgência, com uma situação muito complicada”, a troika, e nem a vitória de Seguro e Assis nas Eleições Europeias de maio de 2014 – tal como nas autárquicas de 2013 - fez parar o verão quente socialista que acabou a 28 de setembro de 2014 com a vitória de Costa nas eleições primárias.

António Costa registou no dicionário o “poucochinho” [a vitória curta do PS nas Europeias] e Seguro cumpriu a promessa de regressar “à condição de militante de base do partido”.

Agora, após o regresso, ficou a garantia de que o anúncio de que Marques Mendes será candidato às Eleições Presidenciais de 2026 não altera os planos do antigo líder socialista que, ontem no seu programa de comentário na CNN Portugal, se projetou para “talvez lá para a primavera ou início do verão”.

“Sou um homem livre, não sou condicionado por nenhuns prazos, não sou condicionado por ninguém, tenho os meus próprios prazos. As eleições são daqui a 11 meses, é muito cedo para poder tomar uma decisão. Talvez lá para a primavera ou inicio do verão”, garantiu.

Pedro Nuno Santos
António José Seguro cria movimento de olho nas presidenciais

Do que agora se passa, António José Seguro tem, para já, duas certezas: a direção nacional de Pedro Nuno Santos tem claramente um candidato que é António Vitorino".

"E, portanto, a reunião da comissão nacional do dia 8 [convocada por Carlos César para dois dias depois de Marques Mendes anunciar oficialmente a candidatura] ou dirá expressamente que o candidato do PS às eleições presidenciais é António Vitorino ou definirá um perfil que assentará como luva em António Vitorino" – coisa Pedro Nuno Santos e Carlos César já fizeram em declarações públicas.

A outra certeza de Seguro? O líder do PS está com pressa e diz agora “o contrário” do que garantiu aos socialistas.

"O líder do PS disse repetidamente que primeiro deveriam manifestar-se os candidatos e depois manifestaria a sua posição; agora é o contrário: a Comissão Nacional está marcada e ainda não há candidatos que tenham manifestado a sua disponibilidade", sublinhou.

Não obstante a "pressa" que Seguro diz que o PS tem, dentro do partido há quem discorde. "A eleição é daqui a um ano", diz fonte socialista, e "não há pressa em lançar um candidato", mas sim "uma necessidade de resolver a situação". O "mais importante" é apresentar "uma candidatura vencedora". Isso implicará "ir a uma segunda volta". E deixa um alerta: "Não podemos dividir o nosso eleitorado por dois candidatos."

Francisco César, deputado, líder do PS-Açores e membro por inerência da direção do PS considera que “qualquer que seja o candidato seria ideal e útil que esclarecesse de forma clara as intenções” de uma candidatura a tempo da Comissão Nacional do partido marcada para o próximo sábado, dia 8. Ou seja, na mesma semana em que Marques Mendes anuncia formalmente a sua candidatura.

Ao DN, fonte dirigente socialista acredita que na próxima semana, por vontade própria do “candidato” ou então na reunião da Comissão Nacional “irá haver indicação de um nome” sendo que o “melhor seria uma reunião com um nome já anunciado”.

Outro dirigente nacional, acredita ser necessário que António Vitorino “aceite ir a jogo porque sem ir a jogo nunca sabemos se ganhamos. É como jogar na lotaria: só ganha quem joga”.

“Seria ideal já ter um nome no sábado, mas não é relevante. O que se sente, e isso sim é importante, é o intenso apoio a um candidato”, diz ao DN outro dirigente socialista referindo-se a António Vitorino. A dúvida? Saber se avançara mesmo na próxima semana.

Vitorino é outro também referido por outro dirigente nacional do PS que espera que “desta vez ele saia da linha de partida” por ser, acredita, o “mais bem colocado”. Fora de questão, diz, é Augusto Santos Silva que tem “anticorpos dentro e fora do partido”.

Mas para uma outra fonte socialista não há dúvidas: António José Seguro “será candidato”. Quando deverá apresentar a candidatura é, no entanto, uma incógnita.

Até porque, diz fonte da Comissão Política Nacional dos socialistas, "não se pode forçar ninguém a apresentar uma candidatura". A decisão e o timing, defende, "não dependem do PS". Para este dirigente, "é importante" para o partido "ter um candidato" para apoiar. E acrescenta "é útil lembrar: não se devem forçar pessoas a ser candidatos, mas sim apoiá-las se chegarem a ser".

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