Completou 54 anos ao serviço da Marinha portuguesa a 18 de junho passado, atracada na base do Alfeite, vazia e sem novas missões destinadas. Por ordem do Chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Jorge Nobre de Sousa, a corveta António Enes foi mandada parar e seguirá para abate. “Não posso ter um militar a navegar num navio com mais de 50 anos com condições que já não estão de acordo com os padrões de hoje em dia. Era uma assimetria gritante de condições de trabalho na esquadra”, justificou o CEMA em entrevista ao DN, publicada, a maior parte, na semana passada.Este é o 13.º navio de guerra a ser abatido nos últimos dez anos. Em 2016 foram os NRP Águia e o Batista Andrade, em 2017 o Cacine e o Shultz Xavier; em 2018 o João Coutinho, o Cuanza, o Cisne e o Jacinto Cândido; em 2019 o Bacamarte; em 2020 foi o reabastecedor Bérrio; em 2023 o Afonso Cerqueira e o Argos. Nobre de Sousa revelou esta decisão na sequência de uma questão colocada sobre as dificuldades de retenção de militares qualificados. “Nesse sentido, posso dizer que recentemente mandei parar um navio com mais de 50 anos de atividade, que foi a corveta António Enes. Não posso continuar a manter um número de navios para os quais não tenho pessoal em quantidade e em qualidade, leia -se, com as especialidades e as qualificações necessárias”, sublinhou. .Até 2030 a Marinha deverá receber 12 novos navios: dois reabastecedores; duas fragatas; seis navios de patrulha oceânicos; o primeiro de oito navios de patrulha costeiros; e o NRP D. João II, um navio multifuncional..Como contraponto, mostrou ao DN o NRP Figueira da Foz, ancorado no cais do Centro de Experimentação da Marinha, em Tróia, onde decorria (e ainda decorre) o exercício REPMUS. No interior do navio podemos confirmar as boas condições de alojamento e de trabalho da guarnição, com camaratas, no máximo, para quatro militares. “O pessoal numa corveta como a António Enes, se for praça, dorme numa coberta para 20 e muitos elementos”, explicou Nobre de Sousa. “Não posso ter os militares a fazer serviço num navio como o Viana do Castelo e depois terem de ir para uma António Enes para cumprir exatamente a mesma função, a ganhar o mesmo suplemento de embarque e com uma taxa de avarias incrivelmente superior”, sublinhou.. Segundo a Marinha, a corveta António Enes faz parte de uma série de seis navios que constituem a classe João Coutinho, tendo sido construído nos estaleiros Bazan em San Fernando (Cádiz, Espanha). Entrou ao serviço da Marinha Portuguesa no dia 18 de junho de 1971. Em 1987 sofreu uma violenta explosão que causou a morte a seis marinheiros. A sua última missão, registada pelo site da Marinha a 22 de janeiro passado, foi na Zona Marítima dos Açores, onde participou no exercício conjunto. Em fevereiro sofreu um acidente no cais do porto da Praia da Vitória, na ilha Terceira, provocando alguns danos materiais. Mas a sua despedida do mar aconteceu ainda em maio, quando escoltou um vaso de guerra russo até às águas espanholas.Até 2030 a Marinha deverá receber 12 novos navios: dois reabastecedores; duas fragatas; seis navios de patrulha oceânicos; o primeiro de oito navios de patrulha costeiros; e o NRP D. João II, um navio multifuncional..CEMA alerta que Europa "não vive tempos normais" perante força de partida para a Lituânia.'Sagres'. É “uma senhora de 87 anos”, mas está cada vez mais moderna.“A Marinha tem um défice global de 27% no efetivo. Na categoria dos praças estamos 36% aquém”