Foi com um exercício de magistratura de influência que Marcelo Rebelo de Sousa saiu do Hospital de São João, ao início da tarde desta quarta-feira, menos de 48 horas depois de dar entrada na unidade hospitalar portuense, onde foi operado a uma hérnia encarcerada na noite de segunda-feira. Numa altura em que os problemas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) são um tema de debate político, com críticas da oposição e dos profissionais do saúde à falta de meios, o Presidente da República destacou a sua “função inestimável”.“Os portugueses, com todos os problemas que tem o Serviço Nacional de Saúde, e nós sabemos que tem, devem-lhe uma função inestimável. Por isso se diz, muitas vezes, que é uma grande conquista da democracia, mas que precisa de ser alimentada, renovada e apoiada permanentemente, pois tem sido uma garantia da saúde de milhões de portugueses ao longo destes 50 anos”, disse o Chefe de Estado, acompanhado pela presidente do conselho de administração do Hospital de São João, Maria João Baptista, e pela equipa médica que o assistiu desde que foi admitido, por sentir uma forte indisposição quando iniciava a viagem de regresso a Lisboa. Depois de presidir às cerimónias do 1.º de Dezembro, na Praça dos Restauradores, deslocara-se a Amarante, para acompanhar as exéquias do empresário António Mota.Houve lugar a um agradecimento do doente e do Chefe de Estado, “que aqui se confundem”. “Não é a primeira vez que enfrento situações mais complicadas nos meus dois mandatos e recorri sempre ao SNS em diversas unidades”, disse o estadista, de 76 anos, que antes de ver confirnada a alta foi visitado pelo presidente da Câmara do Porto, Pedro Duarte, e pelo secretário-geral do PS, José Luís Carneiro. Na véspera, depois de promulgar um diploma do Governo e emitir uma nota pela morte da jornalista Constança Cunha e Sá - também o fez, já nesta quarta-feira, pela apresentadora Olga Cardoso -, recebera o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.Depois de receber alta, Marcelo Rebelo de Sousa foi levado em viatura oficial para o Palácio de Belém, devendo ficar na residência oficial do Presidente da República nos próximos dias, sob vigilância médica. Segundo o chefe da Casa Civil, Frutuoso de Melo, as viagens oficiais marcadas para dezembro foram adiadas. A deslocação a Espanha deverá ocorrer em fevereiro, podendo ser feita de carro e com acompanhamento médico, estando por definir data para o Vaticano. E Marcelo foi convidado para a sessão evocativa da adesão de Portugal às Comunidades Europeias, que o Parlamento Europeu realizará em Estrasburgo (França), no final de janeiro.