"Candidato-me porque acredito convictamente que, se for eleita, serei uma boa Presidente da República.” A simplicidade com que Manuela Magno explicou ao DN o motivo pelo qual se candidata a Belém oculta todo um percurso académico que corre lado a lado com ambições políticas que nunca se cruzaram com os partidos com assento parlamentar. E este afastamento é estratégico, explica a professora de Música, que agora também dá aulas de Português a estrangeiros. “O que me afasta [dos partidos com assento parlamentar] é a sua prática, a falta de transparência, que eu acho que é uma questão absolutamente fundamental na vida pública.”Ainda está na fase de recolha de assinaturas, que é algo a que não é alheia. Em 2006, relata a pré-candidata à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, entregou “8.200 proposituras no Tribunal Constitucional. O Tribunal Constitucional achou que umas tantas certidões de eleitor não estavam agrafadas”, pelo que as chumbou, explica, sempre com a salvaguarda de que o processo “está público para quem quiser saber”.Manuela Magno está na rua “quase todos os dias, para tentar angariar as 7.500 proposituras necessárias para ser candidata”, garante, ainda que deixe transparecer que tudo seria mais fácil se tivesse um partido a apoiá-la. Mas também está plenamente consciente de que uma candidatura presidencial é algo pessoal. Por isso, é mais uma vez independente. E o lema desta campanha é “afirmação de cidadania ativa”.No currículo político, afirma, traz uma candidatura “às eleições europeias, como independente, em 2009, pelo Partido Humanista”, para além de ter sido “cabeça de lista por Aveiro, numas eleições legislativas, através da coligação Frente Ecologia e Humanismo”.Faz questão de sublinhar que, em termos de “militância partidária”, à qual não chama “militância partidária”, só está ligada ao Volt. “Aderi ao partido em junho do ano passado. Dou a minha contribuição possível, com a minha experiência. Não quero estar em nenhum órgão do partido. É um partido de gente jovem, gostei da maioria daquelas pessoas, são interessados, são informados, são abnegados.”Apesar desta afastamento que se confunde com boa vontade, Manuela Magno esclarece que “os partidos não têm mal nenhum em si, é como está organizada a democracia.”A candidatura de Manuela Magno, que ainda é só uma pré-candidatura, pelo menos até reunir as assinaturas suficientes para o efeito, tem uma página oficial - manuelamagno.pt -, um currículo no LinkedIn que assume a candidatura, um lançamento oficial, que remonta a dia 31 de janeiro deste ano, e uma sede de campanha, que a pré-candidata diz ser algo fundamental e que “outros candidatos não têm”.Mas a candidatura assumida de Manuela Magno é um pouco diferente do que tinha sido há 19 anos, até porque, nessa altura, “não gostaria de ter sido eleita”.“Estava em plena carreira académica e artística. Dirigi uma orquestra, dirigi coros, era professora, estava a fazer algo que achava que estava a ser muito importante.” Agora, porém, aos 71 anos, diz estar “completamente disponível para assumir este compromisso” com o país “sem qualquer tipo de frustração de deixar de fazer outra coisa”, o que considera ser “uma mais-valia”, e não é a única.“Outra coisa que eu acho que é muito interessante, é eu ter a idade que tenho. Eu tenho memória ainda do antes do 25 de Abril”, explica, sem afastar a possibilidade de ser eleito alguém que tenha nascido já depois da Revolução dos Cravos.Ainda assim, é a memória que tem dos tempos que, segundo a própria, lhe traz vantagens e sensibilidade social.“Eu já vivi, diretamente e indiretamente, por conhecimento, coisas terríveis. O apartheid, na África do Sul, era uma coisa que, desde criança, não me fazia sentido nenhum. Como é que era possível aquilo existir? Como é que era possível Nelson Mandela ter estado preso mais de 30 anos?”Perante estas memórias, Manuela Magno diz-se “otimista”, mesmo que identifique “altos e baixos” nesta análise. No entanto, explica, “se nós olharmos para coisas como a saúde, o número de pessoas que têm água potável no mundo, ainda há muita gente que não tem, mas, comparativamente, há 50 anos, há 40 anos, muito mais pessoas vivem em condições mais humanas.”Questionada sobre o que a preocupa mais na política portuguesa e aquilo que mudaria, se pudesse, Nabuela Magno fala em “polarização”.“As pessoas estarem divididas entre os bons e os maus. Mas cada um acha que é o bom. Sinceramente, é o que me preocupa mais. Polarização entre nós que somos portugueses e eles, que não são portugueses. E as pessoas esquecem-se. Qualquer um de nós sai das nossas fronteiras e somos estrangeiros.”Assumindo abertamente que não sabe estar quieta, Manuela Magno diz que não faz sentido “não tratarmos do nosso corpo”. Por isso, para além de praticar natação e esqui (algo que herdou do pai, Manuel Magno, “que fazia os comentários dos desportos de inverno na televisão”), anda de bicicleta para todo o lado. “É muito importante ter alguém na Presidência da República que passe essa imagem”, conclui..Professora universitária Manuela Magno anuncia pré-candidatura à Presidência da República.Rui Moreira pondera candidatura à Presidência da República, avança RTP.Presidenciais: Nova sondagem mostra Gouveia e Melo na frente, à primeira e à segunda volta