Miguel Albuquerque (PSD), Paulo Cafôfo (PS), Élvio Sousa (JPP) e Miguel Castro (CH): os líderes madeirenses dos quatro maiores partidos.
Miguel Albuquerque (PSD), Paulo Cafôfo (PS), Élvio Sousa (JPP) e Miguel Castro (CH): os líderes madeirenses dos quatro maiores partidos.

Madeira. Indecisos decidem futuro político de Albuquerque e Cafôfo

Madeirenses vão a votos, este domingo, pela terceira vez em 546 dias. Cenário de “instabilidade” governativa, após as eleições regionais, abre espaço a mudanças nas lideranças de PSD e PS.
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Todos os cenários, evidenciados nos estudos de opinião internos e públicos, apontam um só caminho: pouco deve mudar e tudo está nas mãos dos eleitores indecisos.

Nos sociais-democratas, a possibilidade de “descartar” Miguel Albuquerque, que “retirou” ao partido as maiorias absolutas de Alberto João Jardim, está a ser avaliada pelos que tentaram uma disputa eleitoral interna, apurou o DN, e pelos que, sendo apoiantes, “são mais apoiantes” do PSD que do líder.

Desde 2011 que a queda eleitoral se vem acentuando. A descida dos mais de 90 mil votos, de 2007, para os 49 mil das últimas Eleições Regionais “preocupa” estruturas e “figuras” do partido, que já admitem que “mais tarde ou mais cedo, a continuarmos assim, é inevitável” a perda do governo.

Será agora? “Ainda não, mas corremos o risco de ficar numa situação de instabilidade”, refere ao DN fonte dirigente do PSD. A “instabilidade” receada assenta na possibilidade de Albuquerque, em particular, passar de arguido a acusado, dadas as “graves suspeitas” de corrupção e de os resultados das eleições “deixarem tudo na mesma”.

A entrada de Jardim na campanha eleitoral, via redes sociais, é entendida, por isso, como “preocupação” e “aviso” - e não passou despercebido que tenha ignorado o nome de Albuquerque no apelo ao voto: “Em consciência, domingo voto PSD.”

O “aviso” aos ‘renovadinhos’ - designação que deu aos que ajudaram Albuquerque a derrubá-lo do poder - surgiu, entendem as fontes do PSD ouvidas pelo DN, logo a seguir: “Pois, Deus nos livre de andar para trás na autonomia e no desenvolvimento económico, social e cultural, tão duramente conquistados nestes 50 anos.”

Miguel Albuquerque, que em 2023 disse que só governaria com “maioria absoluta”, voltou, mais uma vez, aos pedidos de uma “maioria sólida e estável” sabendo que do Chega, da IL e do PAN terá, pelo que dizem, recusas de acordos. Resta o CDS que, no entanto, também admite apoiar o PS em nome da “estabilidade”.

Nos socialistas, a situação de Paulo Cafôfo também não é de “estabilidade”. Perdeu as Regionais de 2019, afastou-se do partido após as Autárquicas de 2021 com a perda da Câmara do Funchal, perdeu as Regionais de maio de 2024 - mantendo o resultado do inexperiente Sérgio Gonçalves em 2023 - e arrisca somar outra derrota no próximo domingo.

Todas as explicações que deixa, nas meias-respostas que tem dado, indicam que, em caso de derrota, não se demitirá, alegando a “legitimação”, como já disse, das recentes eleições internas.

A dificuldade da oposição interna, no imediato, é saber se Carlos Pereira, ex-líder, ou Miguel Silva Gouveia, vereador na Câmara do Funchal, desafiam a liderança de Cafôfo a seis meses das Autárquicas.

Fontes dirigentes socialistas, ao DN, porém, ainda “acreditam” que os indecisos podem originar uma aliança de esquerda que assuma a governação da Madeira. A “dúvida” é quem terá maior influência eleitoral numa possível coligação pré-eleitoral: PS ou JPP?

Resultados Vs. Estudos

Em 2013, nas Regionais de setembro, a última sondagem apontava para um cenário: maioria absoluta de quase 52,9%. O melhor que PS, JPP e Chega conseguiam, nos estudos de opinião publicados - e que podem ser consultados na ERC - ficou distante do que resultou do voto nas urnas.

O PS só conseguia 16,1%, mas em votos chegou aos 21,3%. O JPP era apontado para uma valor de 7,6%, mas obteve 11%. O Chega andaria pelos 4,8%, porém atingiu 8,88%. A coligação PSD/CDS ficou distante dos apontados 52,9% - o resultado nas urnas foi 43,13% e Albuquerque, sem maioria pela segunda vez, encontrou no PAN um aliado para governar.

Em maio do ano passado, o cenário repete-se, mas já sem valores anunciados de maioria absoluta. O PSD apontado para 38% obteve 36%. O PS que não passaria dos 20% chegou aos 21%. No JPP, o cenário foi semelhante e ficou perto dos 17%. O Chega teve menos do que o anunciado, mas por uma pequena margem, ficando ligeiramente acima dos 9%.

E este ano, o PSD “espreita” a maioria ou “cresce” nas indicações de voto? Todos os dados revelados estão distantes dos 43,13% de 2023 - que obrigou Albuquerque a um acordo com o PAN para ser possível a maioria de 24 deputados - e só numa sondagem, a da Intercampus, com 38,4% ultrapassa os 36,13% das eleições de maio de 2024 que deram 19 deputados ao PSD. Há um senão: dos inquiridos, 18% são indecisos.

A mais recente sondagem, da Aximage, coloca PSD e PS abaixo, em três pontos percentuais, do que conseguiram em votos em 2024, o JPP ligeiramente acima e o Chega com dois pontos percentuais a menos. O que muda? Os indecisos que são 12,5%. O que pode deixar tudo igual? A margem de erro dos estudos. O que é difícil? Calcular eleitos de Chega, IL, BE, CDU, PAN e restantes pequenos, que nos estudos divulgados ou estão dentro ou abaixo da margem de erro.

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