É uma forma de passar uma mensagem: se o Governo garantir que os professores estagiários têm "prática pedagógica orientada" sendo ao mesmo tempo "remunerados", atraem-se as gerações mais jovens. Quem o diz é Filipa Pinto, deputada do Livre, que falou com o DN sobre as iniciativas que o partido vai levar a discussão nesta quinta-feira, dia 16 de outubro.Além disso, diz a deputada (que é ela própria professora), para aprender a dar aulas, os estagiários "têm de ter turmas próprias", ao contrário do que se passa atualmente. "O que acontece é que temos um professor a quem é dado o nome de orientador cooperante, que não tem direito a redução da componente letiva. Um professor com seis turmas muito dificilmente poderá assistir às aulas de um estagiário", considera Filipa Pinto, acrescentando que "isto vai para lá da carga de trabalho normal".No fundo, o que o partido defende é que "se regresse ao modelo existente antes de 2007": um orientador cooperante com "direito à redução da componente letiva e os estagiários terão turmas próprias atribuídas", havendo um "contrato de estágio em regime de exclusividade, que confere uma remuneração mensal durante 14 meses e todos os direitos que dizem respeito à segurança social e outros descontos". Tudo para que o "professor estagiário tenha prática pedagógica orientada" sem ser à custa de "horas extraordinárias" do orientador cooperante.No limite, estas mudanças iriam reverter a situação que agora acontece em que "qualquer pessoa com três anos de licenciatura possa dar aulas". "O desespero do Ministério da Educação é tanto que qualquer pessoa pode dar aulas. Ao atrair jovens remunerados, Filipa Pinto defende que se está a dar uma garantia de que estas pessoas "são orientadas e bem orientadas pelos professores das escolas e ao mesmo tempo são remunerados".Outra das iniciativas que o Livre leva a discussão neste plenário (agendado de forma potestativa pelo PS) tem a ver com a carreira de inspetor da Educação.Segundo Filipa Pinto, "a situação é grave". Em 1998, havia "430 inspetores de educação", com esse número a ter descido "para os 135" no ano passado. A função destes profissionais "é garantir a qualidade do ensino público e privado e costumam ser professores experientes e conhecedores, desde o pré-escolar até ao ensino superior". Mas "a carreira foi depauperada e tornou-se pouco atrativa". Para combater isso, o Livre propõe, no seu projeto de lei, que os inspetores tenham uma carreira autónoma, uma vez que "lidam com educação e é uma área diferente" dos outros inspetores.Ainda assim, Filipa Pinto assume não estar "otimista" para a aprovação em plenário. Mesmo que "toda a gente, de todas as bancadas, tenha ouvido os inspetores de educação em comissão parlamentar e concordado com eles e que é essencial", Filipa Pinto antevê que o discurso seja o de "falta de meios e de verbas". "Temos de mostrar à sociedade quem são os partidos do lado da educação pública. Isto é uma parte importante para chamar à atenção do PS, que tem um projeto de resolução sobre isto. Queremos ver como vão votar este projeto de lei", remata.Fim das desigualdades na reposição do tempo de serviço também em discussãoPara o plenário de sexta-feira (17 de outubro), o Livre leva à discussão um projeto de resolução (ou seja, sem força de lei) para que o Governo "reveja com urgência os critérios de reposicionamento na carreira docente". O objetivo, explica Filipa Pinto, é que seja corrigidas as "desigualdades" na reposição do tempo de serviço."Há professsores em situação de ultrapassagem, com uns a passar outros nessa contagem, porque quando o tempo de serviço foi congelado, houve quem tivesse apenas um congelamento ao contrário de outros, que tiveram dois. Esta correção de ultrapassagens seria muito bem vista pelos professores que já fizeram, inclusivamente, petições e apelos para corrigir esta situação", diz a deputada do Livre.Se não houver viabilização agora, pondera o partido levar estes temas para a discussão do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026)? A resposta é perentória: "Sim.".Subsídio de alojamento pode ajudar a resolver falta de professores.Ministro da Educação admite que falta de professores tem impacto nos 'rankings' das escolas.Governo aceita devolver aos professores mais tempo de serviço na primeira fase, mas no prazo de cinco anos