A antiga deputada social-democrata Lina Lopes, que cumpriu o último mandato quando Rui Rio liderava o PSD, será a candidata à Câmara de Setúbal pelo Chega nas próximas Eleições Autárquicas, previstas para setembro ou outubro. Ao DN, a também antiga sindicalista da UGT revela que tem “acompanhado com interesse o percurso do Chega e as intervenções dos seus dirigentes”, mas o que a leva a escolher o partido liderado por André Ventura como próximo caminho político a trilhar é “um princípio” que considera “fundamental numa política focada em retirar Portugal da cauda da Europa: Primeiro Portugal, depois o partido, depois a condição particular de cada um.”Questionada sobre se o anúncio desta candidatura é uma cisão com o PSD, Lina Lopes explica que suspendeu a sua militância social-democrata “há alguns dias”, mas não a sua “adesão ao ideário de [Francisco] Sá Carneiro”. “Aliás, em alguns aspetos, até considero estar mais próxima desse ideário, e de todas as ideias que defendia, do que a atual liderança desse partido”, acusa a ex-parlamentar do PSD.Sobre a sua aproximação ao Chega, Lina Lopes lembra que teve oportunidade de trabalhar com o deputado do partido e vice-presidente da Assembleia da República Diogo Pacheco de Amorim, o que lhe permitiu “conhecer melhor a visão” que tem aquela bancada parlamentar para o país.Lina Lopes, com 63 anos, licenciada em Engenharia Química, com um mestrado em Engenharia Alimentar, foi também presidente da Comissão de Mulheres da UGT e membro executivo daquela central sindical, para além de ter trabalhado como professora na Faculdade de Engenharias da Universidade Lusófona.Confrontada com o seu passado sindical e com aquilo que se espera de si enquanto potencial autarca, Lina Lopes, nascida e criada em Setúbal, diz que sempre defendeu “que não há empresas sem trabalhadores, nem trabalhadores sem empresas. Porém, na atividade sindical temos de nos focar primordialmente na defesa dos direitos e condições dos trabalhadores”. Nesta nova missão de concorrer à Câmara de Setúbal, promete não esquecer a sua “costela sindicalista”.Perante a possibilidade de enfrentar forte oposição à esquerda, considerando que o atual presidente da Câmara, André Martins, foi eleito pela CDU - que tem vindo a perder representação autárquica - e a sua antecessora, Maria das Dores Meira, perfila-se para uma recandidatura independente à autarquia que liderou de 2006 a 2021, Lina Lopes, sem citar estudos, lança uma farpa: “Não menos preocupante é o facto de o distrito de Setúbal ter sido o segundo do país em que a criminalidade mais cresceu.”