João Pedro Louro (JSD) e Sofia Pereira (JS) poderão juntar-se a Rita Matias (Juventude Chega) no hemiciclo de São Bento.
João Pedro Louro (JSD) e Sofia Pereira (JS) poderão juntar-se a Rita Matias (Juventude Chega) no hemiciclo de São Bento.

Juventudes partidárias esperam reforçar número de deputados

Eleições antecipadas são oportunidade para novos líderes da JSD e JS. Enquanto a responsável pela Juventude Chega quer manter eleitorado “que vota à direita”, a esquerda procura trazer novas figuras.
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A dissolução da Assembleia da República veio possibilitar que a Juventude Social Democrata (JSD) e a Juventude Socialista (JS) voltem a ter os líderes na Assembleia da República, o que não acontece desde que o social-democrata Alexandre Poço e o socialista Miguel Costa Matos deixaram as organizações juvenis dos seus partidos. No decurso da legislatura foram substituídos, respetivamente, por João Pedro Louro e Sofia Pereira, ambos sem o protagonismo parlamentar da homóloga da Juventude Chega, Rita Matias. Mas as três principais juventudes partidárias coincidem na ambição de aumentar o número de deputados nas eleições antecipadas de 18 de maio.

Para o presidente da JSD, João Pedro Louro, existe uma “sub-representação estrutural da juventude portuguesa nos centros de decisão política”. Também por isso, aumentar a representação parlamentar da organização é um dos objetivos de quem faz um balanço positivo das “vozes jovens que acrescentaram valor” à bancada do PSD, com Eva Brás Pinho e Martim Syder durante toda a curta legislatura, enquanto Clara de Sousa Alves e Carolina Marques substituíram temporariamente governantes.

De fora ficou Louro, que recusou ser quinto da Aliança Democrática (AD) por Setúbal, quando era secretário-geral da JSD. A coligação só elegeu quatro deputados no círculo, mas a ida de Paulo Ribeiro para o Governo teria permitido que entrasse no Parlamento.

Já Sofia Pereira foi então a sétima do PS em Viseu, onde o partido só elegeu três deputados, pelo que terá de subir na lista no círculo de origem para cumprir a tradição de a secretária-geral da JS ter lugar na Assembleia da República. Além da expectativa de que a prática se mantém, ter “a maior representação possível” é visto como a forma de garantir soluções para “as maiores angústias dos jovens portugueses”, no Ensino Superior, Habitação, Emprego ou Ambiente. Quanto à falta de representação da juventude no lado esquerdo do hemiciclo, diz ser preciso contrariar a ideia. “Não acredito que uma geração inteira tenha virado à direita”, diz.

Pelo contrário, Rita Matias, que foi reeleita em 2024 e passou a ter mais dois deputados da Juventude Chega consigo (Daniel Teixeira e Madalena Cordeiro, que tinha 20 anos ao tomar posse), diz que “o grande desafio é perceber que o eleitorado jovem vota à direita, mas existe possibilidade de transferência de votos”. Ainda que aponte “vitórias nossas” em medidas ligadas à Habitação e ao IRS Jovem, “respostas mais imediatas aos dramas da nossa geração”, evitar que a AD vá “colher os frutos das sementes lançadas” é uma prioridade, que se traduzirá numa estratégia de campanha com deslocações a universidades, escolas e bares, e comunicação específica para jovens nas redes sociais. E espera que isso se traduza em mais eleitos. “Apesar de não haver quotas e compromissos, no Conselho Nacional o presidente do Chega deixou claro que vai haver aposta em rostos novos”, diz a deputada.

No grupo parlamentar da Iniciativa Liberal, sem uma estrutura comparável à das juventudes do PSD, PS e Chega, devem manter-se os “sub-30” Bernardo Blanco e Patrícia Gilvaz. Já muito mais difícil será a Juventude Popular voltar a ter um eleito, face aos escassos lugares elegíveis reservados ao CDS nas listas da AD. Apesar disso, a recém-eleita presidente Catarina Marinho diz que a organização irá “negociar ao máximo” lugares nas listas da coligação, bem como colocar no programa eleitoral da coligação medidas para o Ensino Superior, acesso ao mercado de trabalho e incentivo à formação de família.

Nos bancadas mais à esquerda, onde os mais jovens da legislatura foram Isabel Pires (Bloco de Esquerda) e Paulo Muacho (Livre), ambos com 34 anos, a renovação geracional pode passar pelo reforço do Livre, pois na primeira volta das primárias para a formação de listas ficaram bem posicionados “sub-30” como Rodrigo Teixeira (Faro), Raquel Pichel e Hélder Verdade Fontes (Porto). E, nas listas de Lisboa, Francisco Paupério, que foi cabeça de lista nas Europeias, e celebra 30 anos no dia 24 de abril.

Detalhes

PCP sem nenhum ‘sub-40’

A líder parlamentar Paula Santos, de 44 anos, foi a mais jovem eleita do PCP em 2024. Noutras legislaturas, os comunistas elegeram jovens deputado como Alma Rivera e Duarte Alves.

Bloquistas na casa dos 30

Tirando a ex-eurodeputada Marisa Matias, de 49 anos, todos os deputados eleitos pelo Bloco de Esquerda para a legislatura que está a terminar têm agora entre 34 e 38 anos.

Figuras de peso

Entre os ex-líderes de juventudes partidárias existe um antigo primeiro-ministro (Pedro Passos Coelho), um líder partidário (Pedro Nuno Santos), um líder parlamentar (Hugo Soares)ou os ministros Pedro Duartee Margarida Balseiro Lopes.

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