IL renova deputados com acusação de fechamento no núcleo duro
A lista de candidatos da Iniciativa Liberal (IL) às legislativas foi aprovada por larga maioria dos conselheiros nacionais do partido, mas mal recebida pela oposição interna. Ausência de desalinhados com a liderança de Rui Rocha e concentração de figuras do “núcleo duro” nos lugares elegíveis, bem como dificuldade de recrutamento de figuras novas, são as maiores críticas ouvidas, num momento em que os liberais, animados pelas últimas sondagens, esperam reforçar o grupo parlamentar, que nas últimas duas legislaturas foi composto por oito deputados.
Para Rui Malheiro, que em fevereiro obteve 26,6% dos votos na disputa da liderança da IL com Rui Rocha, as escolhas dos candidatos a deputados representam “um saneamento político”, por nenhum dos elementos da sua lista constar do rol aprovada no domingo, alargando-se a exclusão aos apoiantes. “Desde a Convenção Nacional, ninguém me disse mais nada”, remata.
Por seu lado, o conselheiro nacional André de Serpa Soares, um dos seis que se abstiveram - houve ainda três votos contra -, admite ao DN que as listas de candidatos às eleições de 18 de maio têm “nomes quase incontornáveis” e “algumas novidades positivas”. Mas diz que são compostas “essencialmente por pessoas do inner circle alargado de confiança do presidente Rui Rocha”.
Nas listas que a Comissão Executiva apresentou, além da manutenção de seis dos oito atuais deputados, destaca-se a presença da vice-presidente Angelique da Teresa como terceira em Lisboa - nas legislativas de 2024 foi a quarta, mas o partido só elegeu três deputados nesse círculo - e do secretário-geral Miguel Rangel como segundo na lista do Porto. Também pelo círculo da capital podem tornar-se deputados dois ex-adjuntos do grupo parlamentar: Jorge Miguel Teixeira, especialista em Inteligência Artificial, e Gonçalo Levy Cordeiro, que foi integrar o staff de João Cotrim de Figueiredo no Parlamento Europeu.
Também em lugar que o partido considera ser elegível, desde que haja um pequeno reforço de votação, está Marta Von Fridden, terceira da lista do Porto. Tendo em conta que no ano passado essa arquiteta foi cabeça de lista por Viana do Castelo, mantendo-se coordenadora do núcleo territorial da IL no concelho, há críticas de “lógica de paraquedismo”.
Já André Abrantes Amaral, que nas legislativas anteriores foi o quinto da lista de Lisboa - chegou a substituir temporariamente Bernardo Blanco -, passa a cabeça de lista por Leiria. Mas o conselheiro nacional Francisco Cudell salienta que o professor universitário, “um liberal com um currículo invejável”, teve “o cuidado de validar a sua candidatura junto dos núcleos da região antes da aceitar o desafio, por não pertencer ao distrito”.
Com a liderança de Rui Rocha a ter expectativas de um crescimento eleitoral que se possa traduzir em ainda mais deputados, também há quem note que nenhum dos seis candidatos ao Conselho Nacional se encontra na lista de candidatos.
Detalhes
Seis recandidatam-se
Entre os oito atuais deputados liberais, recandidatam-se seis: o presidente do partido, Rui Rocha, volta a ser cabeça de lista por Braga, enquanto a líder parlamentar Mariana Leitão e o vice-presidente da Assembleia da República Rodrigo Saraiva serão os dois primeiros da lista de Lisboa. Carlos Guimarães Pinto é o primeiro no Porto, Mário Amorim Lopes encabeça em Aveiro e Joana Cordeiro volta a avançar por Setúbal.
Novidades em São Bento
O partido tem a expectativa de reforçar o grupo parlamentar, mas mesmo a repetição do seu último resultado traria rostos novos. Após ter ficado às portas do Parlamento em 2024, a vice-presidente Angélique da Teresa vai em terceiro por Lisboa, e o secretário-geral Miguel Rangel é segundo no Porto. E ainda se espera André Abrantes Amaral (Leiria), Jorge Miguel Teixeira e Gonçalo Levy Cordeiro (Lisboa) e Marta von Fridden (Porto).
Maioria aprova listas
Os candidatos apontados pela Comissão Executiva foram aprovados por larga maioria dos conselheiros nacionais, reunidos em Braga neste domingo. Houve 59 votos a favor, seis abstenções e três votos contra a lista e linhas programáticas do partido.
Blanco e Gilvaz fora do Parlamento
A ausência de Bernardo Blanco e de Patrícia Gilvaz nas listas da Iniciativa Liberal não foi uma surpresa, pois os dois deputados aproveitaram as redes sociais para anunciarem a sua despedida da Assembleia da República.
Ambos disseram que se vão concentrar em projetos profissionais - empresariais, no caso do cabeça de lista por Lisboa nas legislativas de 2024, e de advocacia, para a número dois pelo Porto -, mas Blanco continuará a ser conselheiro nacional. A sua lista foi a mais votada na última Convenção.