A líder da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, anunciou esta sexta-feira (7 de novembro) a retirada de confiança política à vereadora eleita pelo partido em Sintra.Em causa está o facto de o presidente, Marco Almeida (do PSD, até marcou presença no encontro autárquico dos liberais), ter incluído eleitos do Chega no executivo municipal, possibilitando assim a governação num cenário minoritário. Isto abriu uma guerra interna na IL, uma vez que, sabe-se agora, "a 21 de outubro, a Comissão Executiva da Iniciativa Liberal deliberou em reunião não aceitar a integração de vereadores do Chega nos executivos camarários onde está integrada na governação em coligação com o PSD". Na nota enviada na manhã desta sexta-feira é referido que "esta posição foi aprovada com apenas um voto contra e nenhuma abstenção".Ainda assim, Mariana Leitão refere que a vereadora eleita, Eunice Baeta, a informou da "decisão de integrar um executivo nessas condições", o que vai contra a "decisão tomada pela Comissão Executiva da IL".Assim sendo - e ressalvando que a decisão é "uma prerrogativa que assiste aos vereadores eleitos, uma vez que o mandato que exercem é pessoal" - , a líder da IL tomou a decisão de "retirar a confiança política à Eunice Baeta, deixando o seu mandato de ser exercido" como representante do partido. Mas as consequências vão mais longe. Na nota, Mariana Leitão refere que tendo em conta esta decisão, foi pedido a Eunice Baeta que "apresentasse a sua renúncia ao cargo de vogal da Comissão Executiva", por considerar que não estão "reunidas as condições de confiança política para o continuar a exercer". A vereadora eleita pela IL aceitou este pedido.Ainda segundo a presidente da IL, o partido "sempre disse que nunca integraria qualquer governo com o Chega". O partido "não partilha nem tolera o populismo, o autoritarismo ou o ódio que o Chega amplifica e representa". Por isso, "não há compromisso possível entre quem defende a liberdade individual, a responsabilidade e o Estado de Direito com quem vive da divisão, da demagogia e do ataque às instituições democráticas".Marco Almeida: "Fico satisfeito por ter um entendimento com o Chega"Em declarações à SIC Notícias, Marco Almeida defendeu que "em democracia não há votos de primeira, nem de segunda". Reforçando que falou "com todos" após as eleições, para "tentar garantir a governabilidade", o autarca sintrense afirmou que o PS se mostrou "indisponível" para garantir condições que permitam governar a segunda maior autarquia do país.Além disso, o social-democrata recordou que, durante a campanha eleitoral, "sempre disse que só haveriam linhas vermelhas com a incompetência". E reforçou: "Em democracia não há votos de primeira, nem de segunda. Os sintrenses decidiram e deram representação à coligação 'Sempre com os Sintrenses', deram confiança à coligação do PS/Livre e elegeram vereadores do Chega. Tenho muita esta convicção de que todos contam.""Fico satisfeito por ter um entendimento com os vereadores do Chega para governarmos a câmara durante quatro anos. Recebi da parte dos vereadores do Chega disponibilidade para colaborar e montar um projeto. O PS entendeu fazer o seu caminho e tem uma visão enviesada da democracia", atirou, garantindo que "não convidaria" ninguém a colaborar se não entendesse haver competência.PAN "não se revê" e diz que "responsabilidade" dos acordos é do PSDAlém da IL, o PSD concorreu à Câmara Municipal de Sintra coligado com o PAN. Questionado pelo DN sobre esta situação, o partido de Inês de Sousa Real garante que "o acordo foi estabelecido com base em objetivos concretos e pré-definidos para melhorar as condições de vida das pessoas e em proteger o ambiente e promover o bem-estar animal".Por isso, diz o partido, "qualquer entendimento que envolva o Chega é da exclusiva responsabilidade do PSD e não vincula o PAN", que "não se revê" nesta solução de governabilidade.No que toca à Assembleia Municipal, onde o PAN tem um eleito, é deixada uma garantia: continuar a "trabalhar de forma responsável e construtiva para garantir uma governação estável e ética, em prol dos sintrenses, fiel aos valores da justiça, empatia e integridade".Livre fala em "aproximar muito perigoso à extrema-direita"Numa nota enviada ao final da manhã desta sexta-feira, o Livre (parceiro de coligação do PS) defende este acordo é "muito revelador das intenções do presidente da Câmara Municipal de Sintra para o município". Ao colocar o número dois e o número três do Chega na vereação, o Livre diz que o PSD faz um "aproximar muito perigoso à extrema-direita".O partido "é claro: Sintra não pode ser um lugar de ódio" e por isso rejeita "qualquer acordo ou projeto político que inclua a extrema-direita à mesa das negociações". "Nas freguesias e na Assembleia Municipal, o Livre será uma oposição firme e construtiva ao atual executivo, ainda para mais com este acordo." Com este acordo, o partido refere que "Sintra fica a perder". "Dar o pelouro da segurança a um eleito do Chega é experimentar a política de xerife" e "poder ao partido de extrema-direita para fomentar ainda mais o ódio e a discriminação racial e xenófoba".No comunicado, o Livre aponta ainda baterias a Eunice Baeta. "A vereadora eleita pela Iniciativa Liberal depressa mostrou ao que vem: o seu marido ficará na liderança dos Serviços Municipalizados de Sintra [SMAS] e os liberais começam o seu mandato com a retirada de confiança política à sua vereadora, logo durante a primeira reunião de câmara"..PSD confirma Marco Almeida como candidato à Câmara de Sintra.Autárquicas: PAN junta-se a PSD e IL no apoio a Marco Almeida em Sintra