Greve da CP. Montenegro fala em "injustiça" e admite mexer na lei. Pedro Nuno Santos critica "autoritarismo"
Devido às "influências políticas, partidárias e eleitorais" que Luís Montenegro considera estarem na génese da greve da CP, o presidente do PSD - e ainda primeiro-ministro - admitiu, esta quinta-feira, mexer na lei que regula o direito à greve.
A intenção, disse numa iniciativa na Figueira da Foz, será equilibrar o direito à greve com outros direitos. "Entre os efeitos da greve, o prejuízo que é causado à vida das pessoas e à vida do país. Há uma desproporção enorme e, francamente, nós um dia vamos ter de pôr cobro a isto", atirou o presidente do PSD.
Classificando a paralisação como "injusta" (tal como fizera na véspera o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz), Luís Montenegro garantiu que o Governo fez "tudo para evitar" a paralisação, que já vai no segundo dia e não tem serviços mínimos decretados.
Que alterações podem, então, estar em cima da mesa? Luís Montenegro não abriu o jogo, mas afirmou que "o direito à greve não está em causa" e garantiu que não quer "comprimir o direito à greve". O líder social-democrata defendeu que as greves não podem ter "uma prevalência tal que o país pare, literalmente" e falou numa "desproporção". "Não quero que o direito à greve tenha uma lesão tão significativa de outros direitos e é preciso termos um regime que seja proporcional", atirou.
Perante estas declarações, Pedro Nuno Santos, líder do PS, considerou que a postura do seu adversário é de "autoritarismo". Confrontado com isto, Luís Montenegro referiu que o seu interesse são "as pessoas" e lembrou que o Governo ainda em funções chegou a acordo com vários setores da Administração Pública. O "interesse geral", defendeu ainda, deve estar salvaguardado em qualquer greve.
Sem falar diretamente no assunto e evitando comentar as declarações do líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, afirmou que natural é os líderes partidários abordarem questões como as greves neste período pré-eleitoral.
Já Rui Rocha, líder da IL, disse estar "disponível" para avaliar o direito à greve: "Não há leis intocáveis", ainda que o "direito à greve" seja intocável.