A discussão começou animada. No primeiro debate presidencial para ambos, João Cotrim Figueiredo e Henrique Gouveia e Melo começaram a falar de independência. Tudo porque, no passado, o almirante afirmou ser o único candidato "verdadeiramente independente" na corrida a Belém, defendendo que quem tem um passado partidário não tem o mesmo distanciamento.Confrontado com isto, João Cotrim Figueiredo, candidto apoiado pela IL (partido que liderou), refere que é "verdadeiramente independente" e recusou ceder "a todas as pressões". E considerou que ter "passado político não é um cadastro". Além disso, defendeu, "a independência não se proclama, pratica-se" e acusou o seu oponente de ter consigo "a máquina de propaganda de José Sócrates". Na réplica, Gouveia e Melo referiu que os líderes partidários têm "um conjunto de ligações" passadas que condicionam, "até em termos de interesses". O almirante destacou ainda ser "suprapartidário" e destaca que cada partido "tem um candidato".Mudando depois de tema, o foco foi a notícia do DN de que o DCIAP fez escutas no âmbito da Operação Influencer que foram ocultadas ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ). E aqui houve o primeiro ponto de contacto entre ambos os candidatos, que consideraram ser necessárias mais explicações por parte da justiça.Para Cotrim, o que está descrito na notícia "é muito grave", visto que o DCIAP incumpriu a lei. Isto, no entender do candidato, "põe em causa" o trabalho do Ministério Público. "A Procuradoria-Geral da República tem de dar explicações rapidamente", considerou. Já Gouveia e Melo defendeu que é "grave" haver 22 escutas a um primeiro-ministro (no caso, António Costa), que "trata de segredo de Estado". "Se houve escutas durante anos, é grave".Passando pela privatização da TAP, Cotrim Figueiredo manteve a posição que já se lhe conhecia: deve alienar-se a participação na empresa, uma vez que "não faz qualquer sentido" o Estado ter uma companhia aéreas. Por sua vez, Henrique Gouveia e Melo mostrou-se favorável à privatização. Mas com condições. Desde logo, que se continue a garantir o hub em Lisboa e também a ligação "às diásporas".Na discussão houve ainda tempo para abordar a lei laboral e a greve geral convocada pela CGTP e pela UGT para o próximo dia 11 de dezembro. Ao contrário do que acontecera na Justiça, aqui houve uma ligeira divergência entre ambos -- ainda que Gouveia e Melo não tenha clarificado a sua posição exata sobre o assunto. Para Cotrim Figueiredo, as mudanças "beneficiam" quer Governo, quer trabalhadores, e se fosse Presidente da República "promulgaria" o diploma. Dizendo que "uma lei laboral bem feita tem de ter o objetivo de aumentar salários e empregos", o candidato disse esperar "ser possível" as negociações entre Governo e UGT chegarem a bom porto. Henrique Gouveia e Melo, no entanto, não disse o que faria sem fosse Presidente da República. Concordando que "há necessidade de flexibilizar" o mercado de trabalho, o almirante disse apenas ser prematuro, "nesta fase", falar sobre uma eventual promulgação do diploma caso chegasse a Belém.Na reta final do debate, o foco passou para a Defesa. E aí, tal como na TAP, houve uma convergência, com ambos os candidatos a concordarem que, caso necessário, Portugal deve "respeitar os compromissos com a NATO", mesmo que tal signifique enviar tropas para a Ucrânia. Mas, disse Gouveia e Melo, "o foco não deve ser para Leste e sim no Atlântico, que também é terreno". Com Cotrim a deixar uma sugestão (de que o ramo europeu da aliança deve ser chefiado por um militar do continente e não por um general amerciano), coube a Gouveia e Melo fazer um alerta: "No dia em que os americanos saírem da Europa, haverá um "problema de segurança não só na fronteira externa, como dentro do próprio continente"..O próximo frente a frente acontece no domingo, com transmissão na SIC, e vai opor Henrique Gouveia e Melo a Catarina Martins, candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda. Tal como todos os debates até agora, também terá acompanhamento ao minuto aqui no DN..O "filme" do debate, ao minuto.A fechar, Vítor Gonçalves questiona ambos os candidatos sobre a "maior mentira" que ambos ouviram sobre si na campanha eleitoral. João Cotrim Figueiredo puxa a fita atrás e relembra as palavras de Gouveia e Melo: "Quando disseram que não sou independente."Já o almirante afirma: "A maior mentira foi dizerem que um ex-militar na Presidência é um perigo para a democracia.".Abordando o tema da Defesa, Vítor Gonçalves questiona ambos os candidatos sobre o eventual envio de tropas portuguesas para a Ucrânia, numa ação no âmbito da NATO, João Cotrim Figueiredo é claro: "Portugal deve respeitar os compromissos" que tem com a aliança atlântica. Gouveia e Melo concorda com a honra dos compromissos, mas refere que não é necessário "ir para Leste". "Estão lá outros países que fazem esse trabalho. Estamos no Atlântico. O Atlântico também é terreno, temos de ter vocação aérea e naval", diz, acrescentando que "esta é melhor forma de servir o papel na NATO".A terminar, Cotrim Figueiredo atira uma proposta: que o mais alto cargo militar da NATO na Europa seja ocupado por alguém do continente e não por um general americano. Gouveia e Melo diverge e diz que "quando os americanos saírem da Europa", haverá "um problema de segurança"..Com cerca de 20 minutos de debate, entra agora na discussão a greve geral do próximo dia 11 de dezembro. Cotrim Figueiredo diz desde logo que as mudanças propostas pelo Governo, que tanta celeuma têm causado, "são favoráveis a ambos" os lados da moeda."No geral, o que o código laboral está a fazer é flexibilizar e preparar o mercado para os próximos. Quando uma lei favorece que as empresas e o crescimento das que já existem, está a criar empregos. É sabido que quem é maior paga melhor. Se fosse Presidente da República, promulgaria a lei", diz.Já Gouveia e Melo foca-se na desigualdade laboral entre homens e mulheres e diz que "ainda é cedo" para se falar sobre uma eventual promulgação, uma vez que a lei ainda está a ser elaborada. "Nesta fase, não tenho a certeza"..Aborda-se agora a privatização da TAP. Com a posição de Cotrim Figueiredo a ser "mais conhecida", o moderador questiona diretamente Gouveia e Melo sobre o tema.O almirante "admite" ser a favor da venda da companhia, apesar de considerar que o Estado deve "garantir" que se mantém o hub da companhia ou, ainda, a ligação "às diásporas"..O debate aborda agora a notícia do DN que dá conta de que o DCIAP fez escutas no âmbito da Operação Influencer que foram ocultadas ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ).Gouveia e Melo é perentório: "O primeiro-ministro trata de segredos de Estado, e a menos que haja suspeitas fortes, se houve escutas durante anos, é grave."Cotrim Figueiredo concorda e refere que "pode haver mais formas de vigilância" envolvidas no processo, além das 22 escutas. Exige ainda que sejam dadas explicações pelo sistema de justiça..Operação Influencer. DCIAP omitiu do tribunal escutas com António Costa durante cinco anos.O debate começa com Vítor Gonçalves a confrontar os dois candidatos com declarações feitas no programa Grande Entrevista, da RTP.Falando sobre a "verdadeira independência", João Cotrim Figueiredo diz-se independente, mesmo tendo sido líder partidário. "Nunca, ao longo do meu percurso profissional e político, podem dizer que favoreci alguém ou não fui independente. A independência não se proclama, pratica-se", diz.Cotrim Figueiredo recorda depois as palavras do seu oponente, quando afirmou que os candidatos com passado político são um "cavalo de tróia" dos partidos. Na resposta, Gouveia e Melo refere que os líderes partidários têm "um conjunto de ligações" passadas que condicionam, "até em termos de interesses". O almirante destaca que é "suprapartidário" e destaca que cada partido "tem um candidato", que devem ser "mais abertos".Cotrim acusa depois Gouveia e Melo de ter consigo "a máquina de propaganda de José Sócrates" e refere que ter passado partidário "não é um cadastro"..Arranca agora o debate moderado por Vítor Gonçalves.João Cotrim Figueiredo começa a responder, o último será Henrique Gouveia e Melo..Pela primeira vez, Luís Marques Meneds assumiu a dianteira nas intenções de voto para as presidenciais, segundo uma sondagem da pitagórica para a CNN, TVI, TAS e JN divulgada na segunda-feira, 17 de novembro, na qual Gouveia e Melo regista uma quebra acentuada.Segundo os dados publicados por estes meios de comunicação social, Luís Marques Mendes subiu de outubro para novembro e regista 22,6%, pelo que ultrapassa Henrique Gouveia e Melo, que obtém 21,1%. Estes dois candidatos estão assim em empate técnico o que obrigaria a uma segunda volta..Sondagem. Marques Mendes ultrapassa Gouveia e Melo, Cotrim aproxima-se de André Ventura.Boa noite.O DN acompanha aqui ao minuto mais um debate presidencial. Este, o terceiro, marca a estreia de Henrique Gouveia e Melo, que estará frente a frente com João Cotrim Figueiredo.O debate, que terá a duração de meia-hora, será transmitido na RTP.