Escutas a Costa, independência, lei laboral e tropas na Ucrânia: tudo o que disseram Cotrim e Gouveia e Melo
FOTO: Pedro Pina / RTP

Escutas a Costa, independência, lei laboral e tropas na Ucrânia: tudo o que disseram Cotrim e Gouveia e Melo

Ao terceiro de dia de debates, foi a vez do candidato apoiado pela IL e do almirante se estrearem. Do processo Influencer à independência de cada um, vários foram os pontos de contacto e afastamento.
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Escutas a Costa, independência, lei laboral e envio de tropas para a Ucrânia: tudo o que se disse no frente a frente

A discussão começou animada. No primeiro debate presidencial para ambos, João Cotrim Figueiredo e Henrique Gouveia e Melo começaram a falar de independência. Tudo porque, no passado, o almirante afirmou ser o único candidato "verdadeiramente independente" na corrida a Belém, defendendo que quem tem um passado partidário não tem o mesmo distanciamento.

Confrontado com isto, João Cotrim Figueiredo, candidto apoiado pela IL (partido que liderou), refere que é "verdadeiramente independente" e recusou ceder "a todas as pressões". E considerou que ter "passado político não é um cadastro". Além disso, defendeu, "a independência não se proclama, pratica-se" e acusou o seu oponente de ter consigo "a máquina de propaganda de José Sócrates". Na réplica, Gouveia e Melo referiu que os líderes partidários têm "um conjunto de ligações" passadas que condicionam, "até em termos de interesses". O almirante destacou ainda ser "suprapartidário" e destaca que cada partido "tem um candidato".

Mudando depois de tema, o foco foi a notícia do DN de que o DCIAP fez escutas no âmbito da Operação Influencer que foram ocultadas ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ). E aqui houve o primeiro ponto de contacto entre ambos os candidatos, que consideraram ser necessárias mais explicações por parte da justiça.

Para Cotrim, o que está descrito na notícia "é muito grave", visto que o DCIAP incumpriu a lei. Isto, no entender do candidato, "põe em causa" o trabalho do Ministério Público. "A Procuradoria-Geral da República tem de dar explicações rapidamente", considerou. Já Gouveia e Melo defendeu que é "grave" haver 22 escutas a um primeiro-ministro (no caso, António Costa), que "trata de segredo de Estado". "Se houve escutas durante anos, é grave".

Passando pela privatização da TAP, Cotrim Figueiredo manteve a posição que já se lhe conhecia: deve alienar-se a participação na empresa, uma vez que "não faz qualquer sentido" o Estado ter uma companhia aéreas. Por sua vez, Henrique Gouveia e Melo mostrou-se favorável à privatização. Mas com condições. Desde logo, que se continue a garantir o hub em Lisboa e também a ligação "às diásporas".

Na discussão houve ainda tempo para abordar a lei laboral e a greve geral convocada pela CGTP e pela UGT para o próximo dia 11 de dezembro. Ao contrário do que acontecera na Justiça, aqui houve uma ligeira divergência entre ambos -- ainda que Gouveia e Melo não tenha clarificado a sua posição exata sobre o assunto. Para Cotrim Figueiredo, as mudanças "beneficiam" quer Governo, quer trabalhadores, e se fosse Presidente da República "promulgaria" o diploma. Dizendo que "uma lei laboral bem feita tem de ter o objetivo de aumentar salários e empregos", o candidato disse esperar "ser possível" as negociações entre Governo e UGT chegarem a bom porto.

Henrique Gouveia e Melo, no entanto, não disse o que faria sem fosse Presidente da República. Concordando que "há necessidade de flexibilizar" o mercado de trabalho, o almirante disse apenas ser prematuro, "nesta fase", falar sobre uma eventual promulgação do diploma caso chegasse a Belém.

Na reta final do debate, o foco passou para a Defesa. E aí, tal como na TAP, houve uma convergência, com ambos os candidatos a concordarem que, caso necessário, Portugal deve "respeitar os compromissos com a NATO", mesmo que tal signifique enviar tropas para a Ucrânia. Mas, disse Gouveia e Melo, "o foco não deve ser para Leste e sim no Atlântico, que também é terreno".

Com Cotrim a deixar uma sugestão (de que o ramo europeu da aliança deve ser chefiado por um militar do continente e não por um general amerciano), coube a Gouveia e Melo fazer um alerta: "No dia em que os americanos saírem da Europa, haverá um "problema de segurança não só na fronteira externa, como dentro do próprio continente".

O próximo frente a frente acontece no domingo, com transmissão na SIC, e vai opor Henrique Gouveia e Melo a Catarina Martins, candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda. Tal como todos os debates até agora, também terá acompanhamento ao minuto aqui no DN.

O "filme" do debate, ao minuto

Qual a maior mentira que já ouviram na campanha? "Que não sou independente"

A fechar, Vítor Gonçalves questiona ambos os candidatos sobre a "maior mentira" que ambos ouviram sobre si na campanha eleitoral.

João Cotrim Figueiredo puxa a fita atrás e relembra as palavras de Gouveia e Melo: "Quando disseram que não sou independente."

Já o almirante afirma: "A maior mentira foi dizerem que um ex-militar na Presidência é um perigo para a democracia."

Defesa. Envio de militares para a Ucrânia? Ambos concordam: "Temos de respeitar os compromissos da NATO"

Abordando o tema da Defesa, Vítor Gonçalves questiona ambos os candidatos sobre o eventual envio de tropas portuguesas para a Ucrânia, numa ação no âmbito da NATO, João Cotrim Figueiredo é claro: "Portugal deve respeitar os compromissos" que tem com a aliança atlântica.

Gouveia e Melo concorda com a honra dos compromissos, mas refere que não é necessário "ir para Leste". "Estão lá outros países que fazem esse trabalho. Estamos no Atlântico. O Atlântico também é terreno, temos de ter vocação aérea e naval", diz, acrescentando que "esta é melhor forma de servir o papel na NATO".

A terminar, Cotrim Figueiredo atira uma proposta: que o mais alto cargo militar da NATO na Europa seja ocupado por alguém do continente e não por um general americano. Gouveia e Melo diverge e diz que "quando os americanos saírem da Europa", haverá "um problema de segurança".

Greve geral. "Mudanças ao código laboral são favoráveis a ambos", diz Cotrim Figueiredo

Com cerca de 20 minutos de debate, entra agora na discussão a greve geral do próximo dia 11 de dezembro.

Cotrim Figueiredo diz desde logo que as mudanças propostas pelo Governo, que tanta celeuma têm causado, "são favoráveis a ambos" os lados da moeda.

"No geral, o que o código laboral está a fazer é flexibilizar e preparar o mercado para os próximos. Quando uma lei favorece que as empresas e o crescimento das que já existem, está a criar empregos. É sabido que quem é maior paga melhor. Se fosse Presidente da República, promulgaria a lei", diz.

Já Gouveia e Melo foca-se na desigualdade laboral entre homens e mulheres e diz que "ainda é cedo" para se falar sobre uma eventual promulgação, uma vez que a lei ainda está a ser elaborada. "Nesta fase, não tenho a certeza".

Privatização da TAP. Gouveia e Melo admite ser a favor, mas com condições

Aborda-se agora a privatização da TAP. Com a posição de Cotrim Figueiredo a ser "mais conhecida", o moderador questiona diretamente Gouveia e Melo sobre o tema.

O almirante "admite" ser a favor da venda da companhia, apesar de considerar que o Estado deve "garantir" que se mantém o hub da companhia ou, ainda, a ligação "às diásporas".

"Se escutaram durante anos o primeiro-ministro, é grave"

O debate aborda agora a notícia do DN que dá conta de que o DCIAP fez escutas no âmbito da Operação Influencer que foram ocultadas ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

Gouveia e Melo é perentório: "O primeiro-ministro trata de segredos de Estado, e a menos que haja suspeitas fortes, se houve escutas durante anos, é grave."

Cotrim Figueiredo concorda e refere que "pode haver mais formas de vigilância" envolvidas no processo, além das 22 escutas. Exige ainda que sejam dadas explicações pelo sistema de justiça.

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Operação Influencer. DCIAP omitiu do tribunal escutas com António Costa durante cinco anos

"A independência não se proclama, pratica-se"

O debate começa com Vítor Gonçalves a confrontar os dois candidatos com declarações feitas no programa Grande Entrevista, da RTP.

Falando sobre a "verdadeira independência", João Cotrim Figueiredo diz-se independente, mesmo tendo sido líder partidário. "Nunca, ao longo do meu percurso profissional e político, podem dizer que favoreci alguém ou não fui independente. A independência não se proclama, pratica-se", diz.

Cotrim Figueiredo recorda depois as palavras do seu oponente, quando afirmou que os candidatos com passado político são um "cavalo de tróia" dos partidos.

Na resposta, Gouveia e Melo refere que os líderes partidários têm "um conjunto de ligações" passadas que condicionam, "até em termos de interesses". O almirante destaca que é "suprapartidário" e destaca que cada partido "tem um candidato", que devem ser "mais abertos".

Cotrim acusa depois Gouveia e Melo de ter consigo "a máquina de propaganda de José Sócrates" e refere que ter passado partidário "não é um cadastro".

Primeira intervenção é de Cotrim Figueiredo. Gouveia e Melo fecha

Arranca agora o debate moderado por Vítor Gonçalves.

João Cotrim Figueiredo começa a responder, o último será Henrique Gouveia e Melo.

Marques Mendes ultrapassa Gouveia e Melo, Cotrim aproxima-se de André Ventura

Pela primeira vez, Luís Marques Meneds assumiu a dianteira nas intenções de voto para as presidenciais, segundo uma sondagem da pitagórica para a CNN, TVI, TAS e JN divulgada na segunda-feira, 17 de novembro, na qual Gouveia e Melo regista uma quebra acentuada.

Segundo os dados publicados por estes meios de comunicação social, Luís Marques Mendes subiu de outubro para novembro e regista 22,6%, pelo que ultrapassa Henrique Gouveia e Melo, que obtém 21,1%. Estes dois candidatos estão assim em empate técnico o que obrigaria a uma segunda volta.

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Sondagem. Marques Mendes ultrapassa Gouveia e Melo, Cotrim aproxima-se de André Ventura

Almirante estreia-se em debates

Boa noite.

O DN acompanha aqui ao minuto mais um debate presidencial. Este, o terceiro, marca a estreia de Henrique Gouveia e Melo, que estará frente a frente com João Cotrim Figueiredo.

O debate, que terá a duração de meia-hora, será transmitido na RTP.

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