É uma aposta forte, expressada pelo próprio Luís Montenegro no Conselho Nacional do PSD: este Governo quer levar a cabo uma reforma da Administração Pública sem paralelo. E isso reflete-se na composição do Executivo, com o primeiro-ministro a criar uma nova pasta, a da Reforma do Estado.Para levar a cabo essa reforma, chamou Gonçalo Saraiva Matias, até aqui presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que assim regressa a ter funções governativas depois de ter estado no segundo Executivo de Passos Coelho com a mesma pasta. No entanto, naquela altura, foi apenas secretário de Estado. Mas nem chegou a assumir funções oficialmente, uma vez que o Governo foi derrubado no Parlamento aquando da discussão do seu programa, levando assim à criação da geringonça entre PS, PCP e Bloco de Esquerda.Quem também tem poderes reforçados no XXV Governo Constitucional é Manuel Castro Almeida. Na verdade, o ministro foi o único cabeça de lista (neste caso, por Portalegre) da AD que não conseguiu ser eleito. Ainda assim, tal não impediu Luís Montenegro de voltar a apostar num ministro que, na legislatura anterior, até estava nos lugares cimeiros da orgânica do Governo.Mas não só. Além de voltar a assumir a pasta da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida terá agora também a tutela do Ministério da Economia, que herda de Pedro Reis e que, segundo disse fonte do Governo à Lusa, sai por “razões pessoais”.Outro superministério passa a ser o da Cultura, Juventude e Desporto, na alçada de Margarida Balseiro Lopes, a ministra mais jovem do Governo. Até aqui com a pasta da Modernização (que deixa de existir de forma autónoma), a ministra herda de Dalila Rodrigues (que sai) a Cultura, passando a ter também o Desporto, que até aqui era uma secretaria de Estado. É a primeira vez desde 2002 (segundo governo de António Guterres) que a pasta do Desporto volta a ser promovida a ministério.Os Assuntos Parlamentares também mudam de mãos, passando a ser geridos por Carlos Abreu Amorim, que deixará de ser secretário de Estado da mesma pasta, sucedendo a Pedro Duarte. O ex-ministro, já se sabia, será o candidato do PSD à Câmara Municipal do Porto.Blasco sai e Governo fica com menos mulheresAs mexidas levaram também a que Margarida Blasco, da Administração Interna, deixasse o Governo. Apesar de ter chegado a acordo com as associações sindicais dos polícias, Blasco teve um mandato pouco consensual, marcado por declarações polémicas. Agora, Luís Montenegro acabou por afastá-la do elenco de ministros.Para sua sucessora, a escolha recaiu sobre Maria Lúcia Amaral, provedora de Justiça, que se estreia num Governo.Com todas as mudanças, o Governo passa, assim, a ter menos um ministério (visto que dois foram absorvidos e foi criado um novo). Mas também o número de mulheres diminui, uma vez que duas das sete mulheres do anterior Executivo saíram.Isto significa que, dos 16 ministérios, apenas cinco são assumidos por mulheres (Saúde, Justiça, Trabalho, Cultura e Administração Interna). O número pode, contudo, aumentar assim que sejam conhecidos os secretários de Estado (o que deve acontecer esta quinta-feira, dia 5 de junho), cuja posse acontecerá na sexta-feira pelas 12h00, no Palácio Nacional da Ajuda..O que muda no novo Governo? Maria Lúcia Amaral na Administração Interna e Gonçalo Matias na Reforma do Estado.Novo Governo. Ventura diz que linha seguida é "errada" e PS "perplexo" com continuidade da ministra da Saúde