Pedro Pinto é o secretário-geral e líder parlamentar do Chega. É o maior candidato a uma capital de distrito e confia poder fazer história para o seu grupo político. Ao DN, critica conluios entre socialistas e sociais-democratas.A candidatura a Faro representa a importância que o partido dá ao concelho? Sim, representa também uma aposta que o partido está a fazer nas decisões autárquicas. Houve um desafio feito pelo presidente André Ventura, que convidou todos os deputados. A ideia é estarmos cada vez mais próximos da população, de conhecermos os problemas das regiões. Isso irá facilitar-nos também a nível do trabalho parlamentar.Não mora em Faro, de onde vem a ligação ao concelho?Sou das figuras mais conhecidas do partido, sou líder parlamentar e secretário-geral, as pessoas conhecem-me. Sei quais são os problemas de Faro, os problemas transversais ao Algarve. Dou um exemplo de que, certamente, pequenos e médios empresários farenses ficaram muito satisfeitos: o fim das portagens na A22. Pouparam milhares de euros anualmente. E isso é uma proposta do Chega desde 2019 [em 2024 a proposta é originária do Partido Socialista e foi votada favoravelmente por vários partidos, entre os quais o Chega].Deixará de exercer o cargo de deputado se for eleito presidente de Câmara?Claramente. Se os farenses me derem o honra e o orgulho de ser presidente da Câmara, serei presidente da Câmara.O Chega foi o segundo partido mais votado nas Legislativas em Faro e o mais votado no Algarve. Não vencer o concelho seria uma derrota pessoal? Talvez no Algarve, Faro seja dos poucos concelhos onde o Chega nunca ganhou. E este é um objetivo maior, ainda para mais em Autárquicas. É um objetivo ganhar. Não acontecendo será uma derrota. É a única capital de distrito que o Chega pode vencer? Acho que não. Em Beja podemos lutar também para ganhar. E existirão outras capitais de distrito onde vamos ter grandes resultados: Setúbal, Évora, Portalegre, Santarém. O Chega pode ganhar dez, 20, 30 ou 40 câmaras e os partidos estão preocupados.PSD ou PS? Quem é o maior adversário?Têm sido eleições sempre muito renhidas em Faro. Não os vejo com muitas diferenças. Aliás, o PS e o PSD são partidos muito parecidos, mesmo a nível autárquico. Estão preparados para fazer uma coligação pós-eleitoral um com o outro, na tentativa de tentar deixar o Chega de fora.O PSD está há 16 anos no poder. Aceitaria pelouros de vereação e viabilizaria orçamentos se for Cristóvão Norte o eleito? As pessoas se querem rutura têm de votar no Chega. Cristóvão Norte, que agora parece que nunca fez parte deste Executivo, está ligado à Câmara de Faro há muitos anos. É presidente da Assembleia Municipal. É cúmplice das más políticas desta Câmara. O António Pina emigra para Faro depois de deixar Olhão como deixou. É um ditador. É candidato a Faro e afastou dois vereadores em agosto. Continua a exercer a presidência lá. Em relação a orçamentos, não contem connosco para viabilizar orçamentos do Partido Socialista. PSD e PS não querem perder os lugares políticos e as nomeações políticas que têm para fazer. Têm feito isso durante décadas.Mas não me respondeu em relação a aceitar ou não pelouros.Não. Não é uma coisa que tenha em cima da mesa neste momento. Se votarem no Chega, será o Chega a governar. Se votarem nos outros partidos, serão os outros partidos a governar.O que diz de Macário Correia estar na lista para a Assembleia?É um PSD totalmente desesperado, que não tem mais ninguém. Cristóvão Norte não é um bom candidato. Não é por acaso que existem muitas pessoas que estão nas nossas listas neste momento. Gostava de perguntar a Macário Correia se se sente confortável numa coligação com o PAN, que quer acabar com a agricultura e a pesca. Já para não falar no CDS, um partido que se diz do mundo rural. É a maior caldeirada algarvia.Concorda com a criação da marina?Pelo menos há cinco mandatos, há vinte anos que prometem isso. Os farenses não estão preocupados em ter uma marina nova. Fechámos piscinas municipais por falta de manutenção. São milhões de euros que são necessários para outras coisas.Qual a sua posição em relação ao bairro Horta da Areia?Temos um problema com a habitação social. Tem de ser para quem merece. Há idosos, com pensões de 250 euros, que precisam de casas. Essas pessoas são aquelas que têm de ter habitação social. Não podemos estar a ajudar as pessoas que não trabalham porque não querem trabalhar. Embora os bairros precisem de remodelação.Quais são as prioridades na habitação?Temos no centro de Faro centenas de casas devolutas. Temos de saber quem são os proprietários e dialogar. Temos ainda outro problema que é o PDM [Plano Diretor Municipal]. Propomos um referendo a este PDM, que está de costas voltadas para a Ria Formosa, que devia estar aproveitada. Queremos suspender o PDM para construir mais habitações. Temos reserva agrícola a norte do concelho, a Agência Portuguesa do Ambiente chateia por causa da Ria Formosa, é essencial a revisão do PDM para a resolução de problemas.Quer construir na Ria Formosa?Já lá há construção, mas queremos usar a reserva agrícola. As agências do ambiente prejudicam os empresários. Faro tem ainda outro problema: o aeroporto não nos deixa construir casas em altura. Suspender o PDM é a forma de anular estas variáveis, construir habitações e, como disse, recuperar casas devolutas. Há um candidato que promete mil fogos [António Pina, do PS]. Nos últimos quatro anos, em Olhão, fez 54. Reconhece que o Algarve precisa de mão de obra imigrante?Não somos contra os imigrantes legalizados e a trabalhar. Mas qual é a imigração que queremos, a que não fala português? Podemos regular com termos de residência. Não quero 30 pessoas numa mesma casa. E não quero mesquitas. Não quero pessoas a rezar na rua. Temos de ser a Marbella portuguesa, ter glamour, um turismo de qualidade, não queremos o turista de mochila ou pé descalço.Tem planos para o hospital?Não podemos ter os bebés das farenses a nascer em Portimão. Temos de apostar nas unidades locais de saúde, que não podem fechar às 16h00. Temos de livrar o hospital das pulseiras verdes e amarelas, que têm de ir para os centros de saúde.."Não quero 30 pessoas na mesma casa, não quero mesquitas. Temos de ser a Marbella portuguesa, sem o turista pé descalço"Pedro Pinto, candidato do Chega a Faro.Autárquicas. À beira da Ria Formosa surge uma luta a três, com Chega e PS a desafiarem domínio do PSD .Faro. Cristóvão Norte: "O candidato com maior influência política sou eu".Autárquicas. António Pina, do PS: "As pessoas deixam-me o desafio de fazer em Faro o que fiz em Olhão".Montenegro de mãos dadas com Cristóvão Norte no Algarve: promessas antes das autárquicas em Faro.Pedro Pinto é o candidato do Chega à Câmara de Faro