Os incêndios em Portugal foram tema central da reunião entre Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa, com início pelas 18h10 de ontem, em Faro. O encontro semanal do primeiro-ministro e do Presidente da República terminou com uma comunicação de Marcelo Rebelo de Sousa, que admitiu a preocupação com o que se vive em Portugal, admitindo prolongar o estado de alerta. “Neste momento, a prioridade para os portugueses, se compreendem, é realmente a situação dos incêndios. Essa, pois depende daquilo que ocorrer nos próximos dias. A situação nos próximos dias pode ser de tal maneira que haverá a resposta adequada a essa situação. Temos uma frente fundamental e com a hipótese de permanência e, porventura agravamento do estado de alerta esta semana”, precisou após uma reunião de uma hora com Montenegro. Marcelo antecipou enorme preocupação para sexta-feira, amanhã: “Não podemos prever o que se vai passar no final de agosto, ou setembro, ou outubro. O que mais nos preocupa é a sexta-feira [amanhã] que vem. É um dia particularmente preocupante porque há uma convergência de condições objetivas, de natureza meteorológica e física, que pode apontar para, digamos assim, uma situação muito propícia à permanência e ao agravamento dos incêndios.”Marcelo Rebelo de Sousa colocou-se ao lado do Governo. Afirma que tanto o Executivo como a Presidência “acompanham em permanência” o que vai acontecendo no país”, que ambos reconhecem o “agravamento da situação”. Descarta, porém, comparações com 2017, o ano trágico pelas mortes, nomeadamente em Pedrógão Grande, e o último com tanta área ardida. “Tem-se comparado muito o que se passa este ano com 2017, mas não há comparação para já porque, em 2017, apesar de haver uma estrutura de Proteção Civil, não tinha o grau de coordenação, nem os bombeiros tinham o grau de capacidade de liderança que hoje têm. Basta dizer o seguinte: em junho, logo em junho, houve várias dezenas de mortes num curto espaço de tempo comparado com o destas últimas semanas. E somando os incêndios de junho e de outubro de 2017, tivemos mais de uma centena de mortes. Aqui tem sido possível, até o momento, preservar a vida humana”, reivindicou o Presidente da República, lamentando que o apoio internacional espanhol tenha sido condicionado por incêndios no território vizinho. “O Governo em todos os momentos está a ponderar aquilo que é necessário fazer. Tem a noção exata daquilo que se vive nos países à volta de Portugal, e que são múltiplos, começou na Grécia, mas depois estendeu-se a outros países mais próximos”, relativizou, bem junto de Montenegro.O primeiro-ministro não teceu qualquer comentário aos jornalistas em reunião onde também os principais temas internacionais estiveram na agenda, tal como o projeto-lei relativo à imigração vetado depois de ter normas inconstitucionais.Presidente garante relação saudável depois do projeto-lei da imigraçãoFoi o primeiro encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro depois da decisão do Tribunal Constitucional quanto à lei da imigração. As cinco normas inconstitucionais, que justificaram o veto e consequente necessidade de alteração do projeto e nova votação no Parlamento, foram tema abordado na reunião. Ainda assim, Marcelo desmente crispação com o Executivo. “Relação nunca esteve doente, esteve sempre saudável, está sempre saudável. Aliás, tenho dito, sistematicamente, que, por natureza, é sempre saudável”, respondeu, ladeado por Montenegro, sorridente aquando ouvida a pergunta vinda dos jornalistas. “As populações que sentem o fogo aproximar-se, que veem o fogo ser reacendido quando esperavam que estivesse apagado, pergunto o que é prioritário na vida deles.Se é a lei que vai ser apreciada daqui a 15 dias, ou um mês e meio, ou se o fogo que lhes ameaça as casas?!”, concluiu Marcelo. .TC declara que mudanças na lei da imigração são inconstitucionais. Presidente vetou de seguida.António José Seguro aplaude envio do projeto lei sobre a imigração para o Tribunal Constitucional