9h04É plena hora de ponta. O tráfego na 2.ª Circular acumula-se e o autocarro 750 da Carris, que vai de Algés à Estação do Oriente, cruzando meia Lisboa, está no meio do engarrafamento. Tal como o autocarro privado onde se encontra a campanha do Livre. Cá dentro, ouve-se uma apresentação, conduzida por Rui Tavares, porta-voz do partido, sobre a necessidade de criar um corredor BUS em algumas das artérias da capital. Barcelona e outras cidades europeias serviram como exemplo.Atualmente, Lisboa tem 75 quilómetros deste tipo de via. Com a proposta do Livre – que foi feita em parceria com Manuel Banza, cientista de dados, e Francisco Costa, arquiteto – Lisboa passaria a ter 249 quilómetros de faixas BUS. Ou seja: 23% do total das vias rodoviárias da cidade e 33% dos percursos da Carris teriam acesso a este tipo de corredor. Isto, segundo Rui Tavares, permitiria reduzir o número de carros e a cidade “podia beneficiar muito deste processo”. “Há que ter políticas ecológicas a favor das pessoas”, argumentou o dirigente, e por isso o interesse é conjugar todos os tipos de transportes na cidade, tornando a mobilidade mais suave e diversificada..O percurso escolhido pelo Livre parte da estação da Carris, na Pontinha, e termina no jardim do Arco do Cego, no coração de Lisboa. Traduzindo: pouco mais de meia dúzia de quilómetros entre os dois pontos, que levariam entre 10 e 20 minutos a percorrer. Em plena hora de ponta, o percurso demora mais de uma hora a ser feito e quando se chega ao Arco do Cego já passa das 10h10. Isto porque, além do trânsito, o Livre “não é um acelera”, brincou o porta-voz do Livre recorrendo a uma expressão de Rui Rocha, líder da IL, quando disse ser preciso “acelerar” o país.Junto ao jardim, Rui Tavares – que antes já dissera que esta proposta se concretiza através de “uma alteração ao Orçamento do Estado” e que admitira não ser “um desafio técnico fácil” – explica que o Livre não está interessado numa “guerra entre meios de transporte”. Ou seja: todos os transportes têm vantagens, até o individual, “se for regulado”. “Todos podemos coexistir na cidade”, diz, explicando que a ideia desta proposta, chamada “Corredores Livres” é, no fundo, “fazer com que uma rede intermitente passe a ser uma rede muito mais contínua”. O custo-benefício é “grande”, uma vez que o Livre estima um investimento total de “500 mil euros” para estabelecer estes novos corredores BUS na cidade. 16h15Se a manhã foi dedicada à mobilidade, a tarde trouxe uma iniciativa que pode ser vista como um claro piscar de olho ao eleitorado do PAN (ainda que Rui Tavares garanta que o Livre fala “para todos”). Depois da Pontinha e do Arco do Cego, a parte da tarde foi reservada aos animais.Caminhando por um terreno baldio em Paio Pires (concelho do Seixal), chega-se ao destino: o refúgio Gato do Bairro, dedicado a retirar estes felinos da rua – cerca de 40, atualmente. Lá dentro, estes gatos andam livremente e são monitorizados 24 horas por dia. Ao lado de Paulo Muacho (atual deputado e número 1 do Livre por Setúbal) e de Geizy Fernandes (número 2 pelo distrito), Rui Tavares (ele próprio dono de dois gatos: Camões e Leah) dá toda a atenção aos felinos, que se esfregam nas pernas de quem por ali passa. Há também outros mais tímidos e menos afáveis..Mas o centro das atenções do porta-voz do Livre é um pequeno gato listrado, ainda bebé, em que Rui Tavares pega. É então lançado um desafio por parte de um dos responsáveis da associação: “Aceita batizá-lo?” A escolha não é fácil, mas acaba por se passar a chamar Félix, em homenagem ao desenho animado Felix, The Cat.Já sem Félix nos braços, surge então a questão: está o Livre à espera de ser adotado pelo PS? O partido, disse Rui Tavares, “não é gato de adoção dos socialistas”, cujo líder “teria de passar pelo crivo” destes felinos. E, se pudesse, dava um gato a Luís Montenegro? “Os gatos são desconfiados e o líder da AD já mostrou não ser confiável.”.Dia com Inês de Sousa Real, entre um SNS para todos e o “ecocídio”, ouviu queixas na feira.Um dia com Luís Montenegro. “Quatro anos e mais além” e um apelo: “Têm mesmo de ir votar”