Se para as legislativas de 2024 as prioridades do PS passavam pelo IRS Jovem, por uma “garantia pública ao financiamento bancário” para que pessoas com menos de 40 anos e sem habitação própria comprassem casa ou óculos gratuitos para crianças pagos pelo Estado, este ano o partido quer financiar a construção de habitação pública através de “uma dotação anual, financiada por parte dos dividendos” da Caixa Geral de Depósitos, reduzir vários impostos (incluindo tornar permanente o IVA Zero num cabaz selecionado de alimentos), um salário mínimo de 1110 euros até 2029 e ainda melhorar o acesso da população a dentistas. É “o fim das contas certas”, disse neste domingo o ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, na sede do PSD, acusando o atual programa eleitoral socialista de ser também o “enterro do equilíbrio orçamental do Estado”, acabando até por comparar o líder do PS, Pedro Nuno Santos, a José Sócrates.“O programa do PS limita-se a propor uma diminuição significativa da receita fiscal e, ao mesmo tempo, um aumento da despesa estrutural do Estado”, sustentou o ministro, acrescentando que o documento é “irrelevante do ponto de vista económico”.“Se este programa alguma vez fosse aplicado Portugal voltaria ao tempo do empobrecimento que terminou na bancarrota. Pedro Nuno Santos seria o novo José Sócrates”, rematou Castro Almeida, completando com um vaticínio: “[Portugal] deixaria de ter possibilidade de aumentar as pensões e os salários da função pública, não teria qualquer hipótese de baixar o IRS, deixaria de ter um dos maiores crescimentos da União Europa.”Também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, logo após a apresentação do programa eleitoral do PS, no sábado, comparou a liderança socialista de Pedro Nuno Santos à de Sócrates, por “prometer tudo a toda a gente”.Como reação, o líder do PS afirmou: “Metade do que ele [Montenegro] diz sobre o que nós fizemos é verdade. Metade é falso, nós não prometemos tudo, mas a outra metade é verdadeira.”O programa eleitoral do PS prevê ainda a aplicação da “taxa reduzida de 6% do IVA a toda a fatura da eletricidade para as famílias com potência contratada até 6,9 kilovoltampere”, o que passaria a beneficiar “5,3 milhões de consumidores, em vez dos 3,4 milhões já abrangidos”. Em 2024, a proposta do PS mais semelhante a esta passava por “aplicar a taxa de 6% aos primeiros 200 quilowatt (kWh) por hora”.Continuando o corte nos impostos, os socialistas prometem ”reduzir em pelo menos 20% o IUC dos veículos até média cilindrada, matriculados após 1 de julho de 2007”.No que diz respeito a mobilidade, há um ano, o programa socialista previa a criação de “um incentivo anual à aquisição de serviços de reconversão de veículos a combustão para veículos de emissões nulas com idade até 20 anos”..Montenegro acusa PS de “prometer tudo a toda a gente, à boa maneira de José Sócrates”. Na Saúde, o PS atualiza uma proposta de 2024 e vai mais longe no alargamento do acesso a dentistas através do Serviço Nacional de Saúde (SNS), com a criação de “350 gabinetes de médico-dentista em todos os concelhos do país”, apoiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O mesmo acontece com psicólogos, com a promessa de criação de 300 gabinetes no SNS.Para o PS, de acordo com o documento, a habitação surge como “o maior desafio”. Por isso, propõe, para além de aplicar os dividendos da CGD à construção de mais casas, “simplificar e uniformizar o acesso aos apoios ao arrendamento, alargando a base de incidência dos atuais apoios, assegurando que todas as famílias com taxa de esforço elevada, incluindo as da classe média, têm acesso a um apoio ao pagamento da renda”. Em reação a esta medida, a líder do BE, Mariana Mortágua, defendeu que “o apoio à renda é um subsídio do Estado à especulação imobiliária e às rendas altas”, afirmando, de forma retórica, estar incrédula por “o plano de um partido para um país” ser “ter uma classe média que só consegue pagar uma casa com recurso a apoio à renda porque não consegue controlar o mercado”.Sobre a proposta de criar o programa “Pé-de-Meia”, que é descrito no documento socialista como um apoio do Estado que passa por atribuir “500 euros em certificados de aforro a cada criança nascida”, o porta-voz do Livre Rui Tavares acusa o PS de a ter roubado ao seu partido. “O PS vem propor um décimo e ainda por cima não tem a lisura de dizer que é uma ideia do Livre de que roubaram um décimo”, afirmou.