O percurso era de dois quilómetros, exatamente, mas nem toda a gente o fez com pressa, como é o caso da antiga coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que, munida com um par de botas robustas, assegurou ao DN que estava ali para andar e não para correr - e aquelas botas eram o calçado mais confortável que tinha, confessou. Não foi a última a chegar à meta física, que era no Parque Tejo, no Parque das Nações, mas naquele contexto isso também não era importante, a julgar pelas palavras que a atual líder bloquista, Mariana Mortágua, disse no início: “Não deixamos ninguém para trás, toda a gente aqui vai chegar à meta, independentemente de quando chegar. Corremos juntas pelo mesmo objetivo: para viver melhor em Portugal.”Porém, as T-shirts vermelhas dos corredores (ou andantes) tinham registadas as palavras que evidenciavam um outro objetivo, assumido de igual forma por Mariana Mortágua como fundamental para atingir o primeiro: “Taxar os ricos.”Questionada pelos jornalistas sobre se o início da prova - em frente ao Casino de Lisboa - era simbólico, Mortágua confirmou, sublinhando, até, que tudo na corrida era simbólico. .“As pessoas estão aqui porque querem mesmo mais justiça. As pessoas vieram a esta corrida para se mobilizarem em torno de um objetivo que acreditam que é possível”, sustentou, enquanto desconstruía a premissa daquela ação.Para a líder do Bloco, taxar os ricos “significa uma pequena taxa de 1,7% do património líquido dos “súper ricos”.“Estamos a falar de muito pouca gente que tem muito, que tem mais de 3 milhões de património líquido e que, se contribuir com 1,7%, todos nós podemos viver melhor”, garantiu, referindo que o resultado seria haver “melhores serviços públicos” e “melhores pensões”, como resultado deste contributo.Durante o percurso, havia pontos de distribuição de garrafas de água que cumpriam a função simultânea de mostrar o caminho, para que ninguém se desviasse. E havia palavras de incentivo para que ninguém desistisse.Quanto ao ritmo, simbólico como tudo o resto, Mortágua confessou ter pressa, mas só no final da corrida.“Temos muita pressa para ter justiça fiscal, temos muita pressa para se taxar os ricos, (...) para viver melhor, (...) para ter mais investimento em Saúde, em Educação, (...) para baixar o preço das casas.”Durante o percurso, o DN conversou com alguns participantes sobre o que os movia..Divertida por sentir que esta é uma “campanha diferente”, Rebeca Paiva revelou que é militante há um ano. Juntou-se ao partido por querer lutar contra as “desigualdades”, tal como acontece com a “precariedade laboral”, porque, desabafou, são questões “muito difíceis” para os jovens. Mas o apoio também é oferecido por Rebeca porque, explica, o BE continua a “ser um partido progressista, feminista, antirracista, que se preocupa com as suas pessoas e com toda a gente, mesmo que isso não dê votos.”Também Conceição Sobrinho, nascida no Brasil e a viver em Portugal há 23 anos, faz o percurso porque é militante. Entrou para o BE quando Beatriz Gomes Dias era deputada no BE, porque, sustenta, “representava bem a comunidade imigrante. E também as mulheres negras.”No final, a líder do BE passou a meta e voltou para trás, a correr, para acompanhar o último grupo, cumprindo o que prometera..Dia com Inês de Sousa Real, entre um SNS para todos e o “ecocídio”, ouviu queixas na feira.Um dia com Luís Montenegro. “Quatro anos e mais além” e um apelo: “Têm mesmo de ir votar”