O presidente do PS considerou esta segunda-feira que o líder socialista foi corajoso na questão da imigração e recolocou o partido do lado da solução, defendendo que não houve qualquer condenação em relação ao passado.Em entrevista ao programa Crossfire, da CNN, Carlos César foi questionado sobre a posição de Pedro Nuno Santos, que lhe valeu críticas inclusivamente de dentro do PS, ao admitir não se fez tudo bem nos últimos anos quanto à imigração, anunciando que vai apresentar uma solução legislativa que permita regularizar imigrantes que estão a trabalhar mas recusando recuperar a manifestação de interesses.Adiantando que haverá novidades sobre este projeto do PS na sexta-feira, Carlos César defendeu Pedro Nuno Santos tem a obrigação "de adquirir para o universo de intervenção do PS" temas que são "muito sensíveis aos portugueses"."Na verdade, aquilo que Pedro Nuno Santos faz numa entrevista, que é rigorosa e que é corajosa, é recolocar o PS do lado de uma solução que acautele em simultâneo os interesses daqueles que têm direito a ser acolhidos com dignidade, por outro, da população portuguesa que vê nesse acolhimento também uma mais-valia", defendeu.O dirigente socialista compreende algumas críticas que foram feitas internamente -- como as de José Luís Carneiro, "que foi um bom ministro" -, mas não aceita a forma como algumas críticas foram feitas por Ana Catarina Mendes, "que foi uma ministra que não teve tempo nem oportunidade de se revelar no exercício desses cargos do Governo"."Aquilo que é inadmissível é associar quer na linguagem quer no pensamento o secretário-geral do PS a posições culturais e políticas da direita e da extrema-direita. Isso passa os limites da crítica interna que pode ser externa", condenou.Na sexta-feira, em declarações à Lusa, a antiga ministra e deputada Ana Catarina Mendes mostrou-se estupefacta com a "mudança de posição" do PS sobre a imigração e o discurso sobre aceitação de culturas, criticando uma aproximação à agenda da direita e extrema-direita.Segundo o presidente do PS, o que está em causa é aquilo que o PS pensa "sobre determinadas matérias, em particular sobre uma matéria que concentra a atenção dos portugueses"."Não há aqui nenhum sentido de condenação em relação ao passado. Acho perfeitamente deslocada essa forma de avaliar a declaração de um político quando ela não é conforme com aquilo que o seu partido sempre pensou ou sempre fez", defendeu.Carlos César recorreu ao seu próprio percurso, referindo que foi presidente do Governo Regional dos Açores durante 16 anos e revogou dezenas de vezes medidas que ele próprio tinha implementado."Eu acho que é uma atitude inteligente e racional reavaliar a nossa própria ação e, naquilo em que se entende que houve um erro ou já não se aplica da forma que inicialmente se aplicava porque houve alterações efetivas", apontou.Segundo o presidente do PS, o fluxo migratório "existente à data da aprovação do regime de manifestação de interesse era um" e agora há mais do dobro, sendo "natural que a questão se recoloque noutra forma"."Nem sequer houve uma condenação desse regime e da manifestação de interesse. O que houve foi uma avaliação de que esse formato já não se adequava aos tempos que agora temos e sobretudo foi pedida a reapreciação parlamentar de um regime que já tinha sido revogado pelo atual governo e substituído por um que não oferecia qualquer solução" enfatizou.Sobre a situação interna no PS, Carlos César admitiu que sente, "até de forma surpreendente", "um acréscimo enorme de aceitação" do líder do PS."Eu não tenho a menor dúvida que se hoje houvesse eleições para a liderança do PS, Pedro Nuno ganhava por muito mais do que ganhou a José Luís Carneiro", declarou.