“É uma surpresa. Não estava a antecipar esta situação, que lamento”, afirma ao DN Nuno Araújo, líder da federação distrital do Porto do partido socialista, após a atribuição, por Pedro Duarte, do pelouro da Cultura a Jorge Sobrado — eleito pelo PS, mas que passará a exercer funções como independente. Não por acaso, Nuno Araújo sublinha que “dos quatro primeiros da lista que o partido apresentou à câmara do Porto, apenas Manuel Pizarro é militante socialista”. A decisão mereceu também a reprovação do próprio Pizarro, cabeça-de-lista nas autárquicas de 12 de outubro, que entende que o acordo político resultante distorce o mandato conferido pelos eleitores. “O sinal que os portuenses deram com o seu voto foi escolherem quem governava a Câmara e quem deve fazer oposição. A posição que Jorge Sobrado tomou interpreta de forma errada esse sinal”, declarou à Lusa. O ex-candidato sublinhou ainda que o recém-eleito presidente da câmara do Porto “definiu que não queria estabelecer nenhum acordo com nenhum outro partido”, pelo que a integração de um eleito do PS no executivo suscita reservas: “Aceito esta decisão, mas considero que não corresponde ao voto do povo do Porto.” Ainda antes de tomar posse já Pedro Duarte se confrontava com sinais de turbulência política. Em Ramalde, uma das maiores freguesias da cidade, o PS conseguiu formar uma maioria inesperada, juntando a votos socialistas os eleitos do Chega, do Livre e do movimento independente Fazer à Porto, liderado por Filipe Araújo. Para garantir a maioria no executivo camarário, Pedro Duarte viu-se obrigado a ceder uma das pastas que considerava estratégicas. Durante a campanha, prometera manter a Cultura sob a sua tutela, como fizera o antecessor, Rui Moreira, mas acabou por recuar. Após contactos informais com Fernando Paulo e Francisca Carneiro Fernandes, o convite seguiu para Jorge Sobrado, quarto da lista socialista. Jorge Sobrado, reconhecido pelo seu currículo na área cultural, afirma que aceitou o convite “pela importância da pasta e não para formar uma maioria”. "Este convite não era apenas um convite pessoal, era um convite político na medida em que eu podia trazer comigo as minhas ideias, as minhas propostas, e o programa que também coloquei a debate na campanha eleitoral." .Primeiro aviso: Chega, Livre e movimento independente juntam-se ao PS e travam coligação de Pedro Duarte em Ramalde