André Ventura apresentou esta quarta-feira o programa do Chega, com o argumento de “salvar Portugal” e com todas as bandeiras do partido plasmadas no conteúdo do documento, desde a expectável criação de uma “nova estratégia nacional anticorrupção”, passando pelo estabelecimento de “quotas para a imigração” e pela intenção de “acabar com a autorização de residência automática aos imigrantes da CPLP”, mas incluindo ainda novas medidas que surgem no capítulo dedicado à família, como “a antecipação de dois anos da reforma às mulheres, por cada filho que tenham, sem penalizações”.O líder do Chega afirmou que o partido não irá “a estas eleições de 2025 para voltar a ter 50 deputados, ou 60, ou 70. Nós vamos a estas eleições para vencer e para salvar Portugal”, vaticinou.Nesse desígnio, André Ventura não deixou de fora ataques ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e ao líder do PS, Pedro Nuno Santos, acusando o primeiro de ter traído Portugal no plano fiscal, por não ter cumprido a meta de 2% a menos no IRC, cedendo desse modo ao PS.“O nosso epicentro de crescimento tem que estar em desburocratizar e em diminuir a carga fiscal para que mais empresas venham para Portugal, para que dêem emprego e que paguem melhores salários para a população”, defendeu, acrescentando mais tarde que o Chega se distingue “dos modelos comunistas e socialistas” por querer “a sociedade civil, as empresas e as famílias a liderarem a economia e o país”, em vez de ser o Estado a assumir esse papel.Continuando a apostar numa economia liberal, Ventura defendeu também que fosse criada “uma lei de bases da Saúde capaz de acolher” uma “sinergia de público e privado, garantindo que ninguém ultrapasse os tempos máximos de espera que são permitidos” e assegurando que, “com todo o acolhimento que fazemos aos países de fora, eles [imigrantes] não passam à frente dos portugueses”, para que não volte a haver em Portugal “casos das gémeas”.Ventura ainda questionou, de forma retórica, o que é que tinha mudado em Portugal nos últimos anos, deixando várias pistas para aquilo que defendia:“A grande diferença do país de hoje para o país de há 5 anos atrás é que dois governos, um do PS e outro do PSD, decidiram abrir as portas indiscriminadamente a toda a gente, alguns deles sem verificação do cadastro criminal. E hoje o que temos em Portugal não é só o país de imigrantes. É o país de imigrantes e o país de bandidagem.”Com esta entrada no tema da imigração, Ventura propôs que fosse criada a “lei Manu”, em alusão ao jovem assassinado em Braga. “O Manuel procurou defender jovens mulheres de gangues brasileiros, que as drogavam e as tentavam violar”, afirmou, antes de prometer que “Chega não esquecerá”.Por este motivo, acrescentou, se o Chega tiver “uma maioria em Portugal”fará aprovar a “lei Manu”, que passa por condenar à prisão, “durante vários anos”, os imigrantes que cometam crimes no país, e, no termo da pena, assegurar que não ficam “nem mais um segundo nesta terra”.Apesar da segurança com que o líder do Chega apresentou esta ideia, a medida 117 no programa do partido diz outra coisa: Que um imigrante que pratique algum crime em Portugal “seja imediatamente reencaminhado para o seu país de origem”.Para justificar as ideias defendidas durante a apresentação, que implicou algumas interrupções, com aplausos e pequenas inclusões de música épica, o líder do Chega disse que “Portugal está em doença fatal” em várias áreas, como a ”demografia”, “a economia”, os “salários”, a “corrupção”, e que “a cura tem de ser feita antes que a doença se espalhe ao resto que sobra do país”.“Nós somos os médicos deste país. Nós somos os curadores de um país do bem. Nós somos a sua última esperança”, concluiu.