André Ventura, líder do Chega
André Ventura, líder do ChegaTiago Petinga / Lusa

Chega ameaça votar contra lei da nacionalidade se PSD não ceder a exigências

Ventura quer perda automática de nacionalidade para quem cometa crimes graves, que requerentes não estejam dependentes de apoios sociais e que quem obtenha de forma fraudulenta não a possa recuperar.
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O líder do Chega, André Ventura, avisou esta quinta-feira, 23 de outubro que o partido votará contra a lei da nacionalidade caso o PSD não aceite as suas exigências, entre as quais a perda automática da nacionalidade para quem cometer crimes graves.

“Se não houver nenhum entendimento nestes valores fundamentais, o Chega não viabilizará a lei da nacionalidade”, afirmou.

Em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, André Ventura voltou a elencar as exigências do partido, nomeadamente que a lei preveja a perda automática de nacionalidade para quem cometa crimes graves, que quem pede a nacionalidade não esteja dependente de apoios sociais e que quem obtenha de forma fraudulenta não a possa recuperar.

André Ventura, líder do Chega
Discussão da lei da nacionalidade adiada pela terceira vez

O líder do Chega indicou que as negociações vão continuar esta noite e espera que ainda seja possível uma aproximação, argumentando que o seu partido já aceitou "muita coisa" e que "há matérias que podem ser trabalhadas" e apelando à "boa vontade" dos partidos que sustentam o Governo. 

Ventura referiu também que não abdicar destas exigências e levar a proposta do Chega "a votação, a menos que o PSD aceite alguma cedência".

"Sei que houve uma aproximação entre o PSD e o PS para contornar estas exigências da parte do Chega. Meus senhores, façam como entenderem, há questões que para nós são decisivas", salientou, e sustentou que não faz "birras políticas" e que "a questão é mesmo de valores".

André Ventura disse que o PSD entendeu que "as exigências que o Chega colocava em cima da mesa para esta legislação sobre a Lei da Nacionalidade eram excessivas e, em alguns casos, havia riscos de inconstitucionalidades". 

"O PSD começou esta lei com um determinado propósito, e algures, com medo, durante este processo, decidiu aproximar-se do Partido Socialista e esquecer as bandeiras com que teve os votos" nas eleições legislativas, criticou, acusando o PSD de não estar a "honrar o compromisso que teve com os eleitores no dia 18" de maio e de "trair o seu eleitorado".

O líder do Chega referiu igualmente que "o PSD assumiu de início uma posição de que iria haver convergência destes valores em questões essenciais como o da sanção, como a obtenção fraudulenta da nacionalidade e como os apoios sociais, e mais uma vez mudou de opinião à última hora, e já não quer fazer isso".

As votações na especialidade da proposta de revisão da lei da nacionalidade voltaram hoje a ser adiadas, pela terceira vez, estando previsto que decorram na sexta-feira.

Questionado sobre o Orçamento do Estado para 2026, cuja discussão na generalidade arranca na segunda-feira, o líder do Chega voltou a dizer que não aceitará medidas que se traduzam num aumento do preço dos combustíveis e referiu que aguarda que o Governo manifeste alguma abertura para decidir o sentido de voto da sua bancada.

 "O Governo tem condições ainda, até ao debate do orçamento, dizer que na especialidade vai fazer essa alteração", defendeu.

Nesta conferência de imprensa, foi questionado ainda sobre o vereador eleito pelo Chega para a Câmara de Mirandela, Luís Saraiva, que anunciou hoje a sua desfiliação do partido e adiantou, à Lusa, que tomará posse como independente.

"Ainda hoje houve contactos entre nós e esse vereador, é uma notícia falsa", alegou André Ventura.

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Lei da Nacionalidade pode manter aproximação entre PS e Governo

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