José Manuel Pureza saiu da XIV Convenção Nacional do Bloco de Esquerda como coordenador, o quinto da história do partido que leva 26 anos de existência. De viva voz, e como conclusão da entrevista que vai poder ler no Diário de Notícias esta quarta-feira, Catarina Martins valoriza as pontes de um dos primeiros nomes do partido, ideólogo e seguidor do Política XXI, de Miguel Portas. “Desejo a melhor das sortes, acho que pode ser importante para os diálogos que a esquerda tem, necessariamente, de fazer em Portugal, não só entre si, mas com todo o país. Tem dado provas dessa facilidade”, realça a ex-coordenadora e agora candidata presidencial. Ora essa, de longe, é a capacidade que mais reconhecem ao conimbricense. “Pureza tentará refazer o elo emocional com as pessoas que já votaram no Bloco. Será uma nova fase com muita escuta, vontade de promover uma maior participação e de tentar descentralizar decisões”, relata José Soeiro, ex-deputado e um importante pensador no partido e em particular na Moção A, vincando que “Pureza não pertence a qualquer tendência no partido” e que “nenhuma solução deve ser tida como de transição”, considerando que o conimbricense “reúne larga maioria de consenso e grande apreço” dos bloquistas e que apresenta “perfil certo para agregação fora do partido.” .Na eleição para a Mesa Nacional da XIV Convenção, a lista A obteve 384 votos e 65 mandatos. Reúne 65 dos 80 nomes que depois têm palavra na nomeação da Comissão Política. Embora a lista S tenha reforçado a votação, com oito mandatos, a H conquiste quatro e a B três lugares, é seguro dizer que a Moção A tem caminho aberto para as decisões internas ainda que, sem exceção, prometa ouvir todo o partido. José Soeiro, José Gusmão, Joana Mortágua, Jorge Costa, Pedro Filipe Soares,Marisa Matias, Fabian Figueiredo - que será deputado no lugar de Mariana Mortágua a partir de janeiro - são nomes bem conhecidos, em lista que inclui a vereadora em Lisboa, Carolina Serrão, Alexandre Abreu e Leonor Rosas como nomes mais jovens a terrem algum destaque recente no Bloco de Esquerda.Mariana Mortágua deixa de ser coordenadora, mas integra a Mesa Nacional, mantendo-se ativa politicamente. “Mariana Mortágua é um dos melhores quadros da esquerda portuguesa e é um valor do Bloco que faz todo o sentido manter. Não estamos em condições de dispensar ninguém desse trabalho político”, explica Soeiro quanto à ex-coordenadora.A Moção S salientou a “participação escassa”, mas um “ambiente fraterno”. Vincando ter eleito oito nomes para a Mesa Nacional, Nuno Pinheiro declara que o grupo “não acredita nesta vontade de mudança” prometida, tanto em restruturação interna como na orientação política. A Moção B aliou-se à H na lista para a Comissão de Direitos, conseguindo um de sete mandatos. A S tem outro, os cinco restantes pertencem à moção da Direção. “É o órgão jurisdicional, é aquele para o qual se apela em caso de não cumprimento dos estatutos, onde se sabe quando existem litígios internos para se perceberem certas sanções”, elucida Ana Sofia Ligeiro, da Moção B, valorizando a representatividade e alguma vigilância futura. Ao DN vincou que Pureza mostrou ser “acessível, fácil de comunicar”, estabelecendo um “tom diferente”, embora assuma que “o estilo importa, mas que é preciso perceber se há consequências.” Ligeiro reconhece que “houve uma incorporação das críticas na Moção A, com grande parte das intervenções a serem críticas à Direção” e o “fim da demonização às moções contrárias”, isto apesar de “só se aprovarem propostas estatutárias sugeridas pela maioria.”A lista H, que negociou com a B para um posto na Comissão de Direitos, e alcançou três mandatos na Mesa Nacional, diz que “os resultados foram em linha com o esperado face à correlação de forças”. Carlos Carujo acrescenta que “houve algum reconhecimento de que houve erros”, mas lamenta “falta de concretização nas promessas de mudança interna” e “orientação política para o futuro.”A Moção C declarou apoio à Moção A para ter um nome na Mesa Nacional e, consequentemente, fazer representar Portalegre. José Carita Monteiro destaca o “empenho de Pureza na busca de uma Mesa Nacional mais jovem e plural, além da nova arquitetura no contacto com os órgãos de base”, embora lamente que os estatutos continuem sem enormes alterações e a justificação de Luís Fazenda, que colocou, para o efeito, o ónus no Tribunal Constitucional. .Convenção do Bloco de Esquerda abre porta a Pureza e a uma gestão local feita em secretariado.Convenção do BE: Louçã não imputa erros a Mortágua e diz que Pureza derruba muros