José Luís Carneiro estreia liderança com críticas ao Governo e defesa do Estado Social
No seu primeiro discurso como secretário-geral do Partido Socialista, José Luís Carneiro lançou este sábado, 28 de junho, críticas ao Governo, acusando-o de ameaçar o modelo do Estado social ao permitir que funções sociais passem para a esfera dos negócios privados. Carneiro, eleito este fim de semana como novo líder socialista, com 95% dos votos expressos, prometeu uma oposição firme e ativa por parte do PS para travar medidas que prejudiquem os direitos dos cidadãos.
“O Governo quer abrir caminho a negócios com funções sociais, o que representa uma ameaça ao nosso modelo de sociedade”, afirmou, na sede nacional do partido, em Lisboa. O novo líder socialista deixou claro que o PS “usará todos os instrumentos de fiscalização” para combater propostas que considere “erradas, injustas e ineficazes”.
Um dos exemplos que apontou foi a possibilidade de os estudantes do ensino superior serem empurrados para empréstimos bancários para financiar os seus estudos. “A educação não pode ser um privilégio, tem de continuar a ser um direito garantido pelo Estado”, declarou.
José Luís Carneiro, candidato único eleito com 95% dos votos (apesar de uma abstenção de 55%), afirmou assumir a liderança com “honra e responsabilidade” e reiterou o compromisso com os valores históricos do PS. Evocou figuras como Mário Soares e prometeu “passos sólidos” para melhorar a vida dos portugueses, longe da “política-espetáculo” e do “vedetismo individual”.
Na intervenção, o novo líder definiu-se como uma pessoa “ponderada, compreensiva, determinada, firme e serena” e rejeitou “precipitações” ou táticas de curto prazo. Apontou como prioridades da sua liderança a resposta às dificuldades nos rendimentos, saúde, habitação, transportes e condições de vida.
O novo líder do PS, que sucede a Pedro Nuno Santos, acredita que os “valores, ideias e propostas” socialistas “têm condições para continuarem a ser maioritárias no país”, e prometeu trabalho com todos para o demonstrar.
“O PS que, a partir de hoje, tenho a honra de liderar é um partido de valores e de princípios. Temos um passado que nos orgulha e uma vontade de futuro que nos une”, apontou.
A próxima etapa do processo de liderança será a eleição do novo Secretariado Nacional, marcada para 5 de julho, na reunião da Comissão Nacional do partido. Até lá, Carneiro continuará a preparar o que chamou de “nova fase” do PS, com uma convenção autárquica prevista para o final de agosto ou início de setembro.
com Lusa