Carlos César abriu o mote da Convenção autárquica que marca o reinício dos trabalhos políticos. Num momento em que PS e Chega lutam para se afirmar como parceiro negocial do Governo, o presidente do PS quer uma resposta cabal nas urnas a 12 de outubro. "Uma grande votação nas candidaturas do PS será um contributo para que Portugal continue excecionado das tendências autocráticas e ditatoriais que minam outros espaços e continentes", disse, salientando a preocupação com o crescimento do Chega, que se espera ter pela primeira vez câmaras municipais a seu cargo.Na perspetiva do presidente socialista, "nunca a vitória do PS" significou tanto "para um novo fôlego para a democracia portuguesa". Atendendo às negociações e à sondagem do DN que coloca André Ventura na frente para uma corrida legislativa futura (ver aqui), César afirma que o Chega "não prestará" num governo. O Partido Socialista escreveu num manifesto aos autarcas a vontade que estes não se coligassem ou entrassem em negociações com o Chega. Carlos César abordou o tema. "Não pedimos fidelidade partidária, mas sim fidelidade aos seus eleitores e atenção ao seu território. É preciso termos fatores de mobilização da cidadania, com exemplos de honestidade", explanou, alargando a falta de entendimento autárquico ao PSD: "Os portugueses, neste ano e meio, estão a ver que o Governo da AD não realizou nenhuma das soluções salvíficas e milagrosas que prometia." Foi mais longe, retomou ao período de incêndios e usou frases fortes, em direção a Montenegro e André Ventura: "Durante o período trágico em que os incêndios destruíram recursos e lançaram o pânico nas comunidades e nas famílias, e os bombeiros se desdobravam em tarefas hercúleas, em pouco mais vimos os governantes e o primeiro-ministro do que na festança do Pontal e vimos os vendilhões do Chega numa campanha farisaica, que só merecia as chicotadas de outras eras no templo, em Jerusalém."Congratulando muitos autarcas candidatos, dedicou palavras a Alexandra Leitão, candidata do PS a Lisboa, em coligação com Livre, Bloco de Esquerda e PAN, elogiando, depois da tragédia no Elevador da Glória, "o sentido de responsabilidade, a decência, a prontidão e a sensibilidade que revelou".Terminou a intervenção com elogios ao secretário-geral eleito em julho. "Uma saudação ao nosso secretário-geral, com ele o PS está a recuperar a energia que é necessária para se confirmar como uma alternativa, centrada no concreto dos problemas do país, confiável no presente e para o futuro", concretizou Carlos César.José Luís Carneiro discursará posteriormente, mas prestou algumas palavras aos jornalistas. "Nas autarquias temos o objetivo de sermos o primeiro partido com mais votos no país, mas os portugueses ditarão aquilo que entendem em relação ao futuro do enquadramento e da arquitetura do sistema político português", respondeu, reforçando o que vem dito há dois meses, estabelecendo a vontade de vencer Lisboa, Porto, Braga e Coimbra.O líder do PS disse ter "convicções realistas" e reiterou que o objetivo é ganhar "o maior número de câmaras, o maior número de freguesias e o maior número de assembleias municipais".José Luís Carneiro pronunciou-se ainda sobre a sondagem que o DN levou a cabo. "Tendo eleições autárquicas, a seguir eleições presidenciais, o mais certo seria avaliar quem está melhor posicionado para as eleições autárquicas ou para as eleições presidenciais. Não há, que eu saiba, eleições legislativas à vista", apontou, criticando a altura escolhida. "Compreendi como uma tentativa de levar a que haja um candidato putativo que possa desistir dos seus objetivos eleitorais para as presidenciais, para que os votos na direita se possam concentrar num dos candidatos", associou o secretário-geral, aludindo à notícia do DN de sexta-feira de que André Ventura seria solicitado pelos apoiantes do partido a candidatar-se às Presidenciais..Convenção Autárquica em Coimbra assinala 'rentrée' política do PS .Carlos César declara apoio a José Luís Carneiro para liderar o PS