Luís Montenegro garantiu este domingo, em Bragança, no primeiro dia da campanha eleitoral para as legislativas de 18 de maio, que o Governo não quer “tratar mal as pessoas”, referindo-se aos 4574 cidadãos estrangeiros que serão notificados pela Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) ainda esta semana (entre 18 mil que serão notificados nas semanas seguintes) para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias. “As pessoas não têm condições, não têm requisitos para poder estar cá, têm de tranquilamente regressar aos seus países de origem”, completou o primeiro-ministro, acabando por motivar no líder do PS, Pedro Nuno Santos, a acusação de que o executivo da AD está a aproximar-se do Chega.Afirmando que “não há nenhuma diferença do ponto de vista político” entre a AD e o Chega, Pedro Nuno Santos, em Viana do Castelo, apesar de defender que a lei é para todos - e que quando esta não é cumprida “há notificações para abandono voluntário” do país - deixou uma pergunta retórica para justificar a sua tese anterior: “Qual é a diferença?” .“É que desta vez temos um primeiro-ministro que diz que há pessoas que têm de ser expulsas do território nacional. Disse isso a sorrir e ainda pede ao Chega para elogiar a sua política. É verdadeiramente a única diferença e, nesse caso, há uma ‘trumpização’ de Luís Montenegro”, respondeu.O líder socialista aludia assim às palavras de Montenegro, que acusara “os políticos do Chega” de terem “uma atitude destrutiva. Os políticos do Chega dizem mal de tudo e de todos. Para os políticos do Chega, nem quando se faz aquilo que eles andaram a defender na campanha eleitoral as coisas estão bem feitas”, rematou o primeiro-ministro..Questionado pelos jornalistas se, de acordo com as sondagem que colocam a coligação entre PSD e CDS à frente nas intenções de voto, teme que a AD ganhe as eleições, o secretário-geral do PS rejeitou esta ideia, argumentando que “temos, neste momento, alguém a liderar o Governo que já mostrou que não é sério”, utilizando para justificar a acusação o efeito que as pessoas estão a “sentir da pior maneira” no IRS, com muitas pessoas a pagar este imposto pela primeira vez este ano depois de, em outubro e novembro do ano passado, o Governo ter alterado a lei para que fosse retido “muito pouco imposto”.“Um ano foi suficiente para perceber que eles não têm soluções para o país”, concluiu.Por seu turno, no arranque da campanha, também André Ventura escolheu Montenegro como principal visado no seu discurso, respondendo-lhe: “ O Chega não é um partido destrutivo nem foi um partido de ‘bota a baixo’.”Explicando que “o Chega esteve ao lado das medidas certas quando tinha que estar e esteve contra as [outras] medidas quando tinha que estar”, Ventura garantiu que o seu partido “só é destrutivo contra uma coisa”, acusando o primeiro-ministro de lidar mal com ela: “Com a corrupção e tem tolerância zero com a corrupção.”.Com a mira apontada a Pedro Nuno Santos, o líder da IL, Rui Rocha, partilhou, numa ação de campanha no Mercado do Livramento, em Setúbal, que “há duas maneiras de perder eleições: Uma é com dignidade, defendendo ideias, combatendo e aceitando o voto dos portugueses. Outra, é agarrar-se à mentira para tentar sobreviver.”Defendendo que o líder do PS tem seguido a segunda opção, Rui Rocha descreveu Pedro Nuno Santos como “um náufrago que se agarra à mentira para sobreviver”, criticando o socialista por dizer que a IL “tem um programa que quer ter uma saúde como a dos Estados Unidos”. .“E uma falsidade”, garantiu, lembrando que o modelo que defende para a saúde é o alemão ou o holandês, “que permite às pessoas escolherem as prestação” no serviço “que melhor lhes serve”.Já a coordenadora do BE, numa ação na Amadora, depois de ter participado, em Lisboa no desfile do Dia Europeu da Vida Independente, disse querer centrar-se nas causas do partido, como a habitação, porque, justificou, “o preço das casas afeta toda a gente que quer trabalhar, que quer viver em Portugal e não consegue”. Por isso defendeu “tetos às rendas”, explicando que , “funciona, está provado”..Com um apelo ao voto, Mariana Mortágua considerou que “só vai haver políticas para respeitar quem trabalha por turnos, para baixar o preço das casas, para aumentar os salários se houver deputados do Bloco para lutar por elas.”“É preciso ter deputados para isso, e não há atalhos nesse processo e não se pode mentir às pessoas”, argumentou..Também foi com um apelo ao voto, ligando-o às causas que defende, que o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, disse que “a única forma de reforçar a esquerda no Parlamento, para forçar caminhos de esquerda, é dando força à CDU”.“É um facto [o que interessa é obter resultados”, assumiu, antes de explicar que o que move o PCP são duas “coisas”: “É para resistir e para avançar na vida das pessoas. Nós nunca faltaremos nessas duas matérias”, assegurou.O porta-voz do Livre Rui Tavares, numa ação no mercado de Cascais, escolheu definir as linhas vermelhas que movem o partido a apoiar um Governo, começando por não poder incluir “um primeiro-ministro que tenha uma empresa que possa ser utilizada como [...] um veículo de influência”..Para além de defender “audições parlamentares prévias” a governantes, para que aí sejam “sanados os conflitos de interesse”, Rui Tavares apontou ainda como condições para integrar um governo a garantia de que o Serviço Nacional de Saúde não seja privatizado”, um “investimento vigoroso, robusto na educação e na habitação. A Ucrânia não pode ser abandonada e a independência da Palestina tem de ser reconhecida”, concluiu.O arranque da campanha do PAN começou no dia anterior com a apresentação do programa eleitoral do partido e com a apresentação dos candidatos pelo círculo de Lisboa. A porta-voz do partido, Inês de Sousa Real, sustentou que “não há voto útil nos grandes partidos que têm falhado ao país”, destacando também as causas que a movem, como “o combate à violência doméstica”.“É evidente que nós queremos que a imigração seja regulamentada, mas a grande insegurança está dentro de casa”, apontou..Montenegro recusa que processo de saída de imigrantes tenha sido acelerado .Líder do PS: "Há uma trumpetização de Luís Montenegro".Rui Rocha: "Estamos disponíveis para a estabilidade governativa do país"