Luís Montenegro, no primeiro dia de campanha, ofereceu flores em Bragança para assinalar o Dia da Mãe.
Luís Montenegro, no primeiro dia de campanha, ofereceu flores em Bragança para assinalar o Dia da Mãe.Foto: Miguel A. Lopes/Lusa

Campanha arranca entre “trumpização”, “náufragos” e uma oposição que "diz mal"

A decisão do Governo de notificar esta semana 4574 imigrantes ilegais para voltarem aos seus países marcou o primeiro dia da campanha. Pedro Nuno Santos diz que a AD se aproxima do Chega.
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Luís Montenegro garantiu este domingo, em Bragança, no primeiro dia da campanha eleitoral para as legislativas de 18 de maio, que o Governo não quer “tratar mal as pessoas”, referindo-se aos 4574 cidadãos estrangeiros que serão notificados pela Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) ainda esta semana (entre 18 mil que serão notificados nas semanas seguintes) para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias. “As pessoas não têm condições, não têm requisitos para poder estar cá, têm de tranquilamente regressar aos seus países de origem”, completou o primeiro-ministro, acabando por motivar no líder do PS, Pedro Nuno Santos, a acusação de que o executivo da AD está a aproximar-se do Chega.

Afirmando que “não há nenhuma diferença do ponto de vista político” entre a AD e o Chega, Pedro Nuno Santos, em Viana do Castelo, apesar de defender que a lei é para todos - e que quando esta não é cumprida “há notificações para abandono voluntário” do país - deixou uma pergunta retórica para justificar a sua tese anterior: “Qual é a diferença?”

Pedro Nuno Santos, em Viana do Castelo, colou o Governo ao Chega sobre a opção de notificar imigrantes ilegais para abandonarem o pais.
Pedro Nuno Santos, em Viana do Castelo, colou o Governo ao Chega sobre a opção de notificar imigrantes ilegais para abandonarem o pais.Foto: José Sena-Goulão/Lusa

“É que desta vez temos um primeiro-ministro que diz que há pessoas que têm de ser expulsas do território nacional. Disse isso a sorrir e ainda pede ao Chega para elogiar a sua política. É verdadeiramente a única diferença e, nesse caso, há uma ‘trumpização’ de Luís Montenegro”, respondeu.

O líder socialista aludia assim às palavras de Montenegro, que acusara “os políticos do Chega” de terem “uma atitude destrutiva. Os políticos do Chega dizem mal de tudo e de todos. Para os políticos do Chega, nem quando se faz aquilo que eles andaram a defender na campanha eleitoral as coisas estão bem feitas”, rematou o primeiro-ministro.

André Ventura respondeu a Montenegro, rejeitando a ideia de que o Chega é um partido “destrutivo”, exceto no que diz respeito à corrupção.
André Ventura respondeu a Montenegro, rejeitando a ideia de que o Chega é um partido “destrutivo”, exceto no que diz respeito à corrupção.Foto: Miguel Pereira da Silva/lusa

Questionado pelos jornalistas se, de acordo com as sondagem que colocam a coligação entre PSD e CDS à frente nas intenções de voto, teme que a AD ganhe as eleições, o secretário-geral do PS rejeitou esta ideia, argumentando que “temos, neste momento, alguém a liderar o Governo que já mostrou que não é sério”, utilizando para justificar a acusação o efeito que as pessoas estão a “sentir da pior maneira” no IRS, com muitas pessoas a pagar este imposto pela primeira vez este ano depois de, em outubro e novembro do ano passado, o Governo ter alterado a lei para que fosse retido “muito pouco imposto”.

“Um ano foi suficiente para perceber que eles não têm soluções para o país”, concluiu.

Por seu turno, no arranque da campanha, também André Ventura escolheu Montenegro como principal visado no seu discurso, respondendo-lhe: “ O Chega não é um partido destrutivo nem foi um partido de ‘bota a baixo’.”

Explicando que “o Chega esteve ao lado das medidas certas quando tinha que estar e esteve contra as [outras] medidas quando tinha que estar”, Ventura garantiu que o seu partido “só é destrutivo contra uma coisa”, acusando o primeiro-ministro de lidar mal com ela: “Com a corrupção e tem tolerância zero com a corrupção.”

Rui Rocha acusou Pedro Nuno Santos de ser um "náufrago" à procura do voto.
Rui Rocha acusou Pedro Nuno Santos de ser um "náufrago" à procura do voto.Foto: Rui Minderico/Lusa

Com a mira apontada a Pedro Nuno Santos, o líder da IL, Rui Rocha, partilhou, numa ação de campanha no Mercado do Livramento, em Setúbal, que “há duas maneiras de perder eleições: Uma é com dignidade, defendendo ideias, combatendo e aceitando o voto dos portugueses. Outra, é agarrar-se à mentira para tentar sobreviver.”

Defendendo que o líder do PS tem seguido a segunda opção, Rui Rocha descreveu Pedro Nuno Santos como “um náufrago que se agarra à mentira para sobreviver”, criticando o socialista por dizer que a IL “tem um programa que quer ter uma saúde como a dos Estados Unidos”.

Mariana Mortágua apelou ao voto no BE, em defesa das causas que diz serem da maioria, como a habitação.
Mariana Mortágua apelou ao voto no BE, em defesa das causas que diz serem da maioria, como a habitação.Foto: Manuel de Almeida/Lusa

“E uma falsidade”, garantiu, lembrando que o modelo que defende para a saúde é o alemão ou o holandês, “que permite às pessoas escolherem as prestação” no serviço “que melhor lhes serve”.

Já a coordenadora do BE, numa ação na Amadora, depois de ter participado, em Lisboa no desfile do Dia Europeu da Vida Independente, disse querer centrar-se nas causas do partido, como a habitação, porque, justificou, “o preço das casas afeta toda a gente que quer trabalhar, que quer viver em Portugal e não consegue”. Por isso defendeu “tetos às rendas”, explicando que , “funciona, está provado”.

Paulo Raimundo, junto à líder parlamentar do PCP, Paula Santos, apelou ao voto “para resistir e avançar na vida das pessoas”.
Paulo Raimundo, junto à líder parlamentar do PCP, Paula Santos, apelou ao voto “para resistir e avançar na vida das pessoas”.Foto: Rui Minderico/Lusa

Com um apelo ao voto, Mariana Mortágua considerou que “só vai haver políticas para respeitar quem trabalha por turnos, para baixar o preço das casas, para aumentar os salários se houver deputados do Bloco para lutar por elas.”

“É preciso ter deputados para isso, e não há atalhos nesse processo e não se pode mentir às pessoas”, argumentou.

Rui Tavares pediu escrutínio prévio para futuros governantes.
Rui Tavares pediu escrutínio prévio para futuros governantes.Foto: Manuel de Almeida/Lusa

Também foi com um apelo ao voto, ligando-o às causas que defende, que o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, disse que “a única forma de reforçar a esquerda no Parlamento, para forçar caminhos de esquerda, é dando força à CDU”.

“É um facto [o que interessa é obter resultados”, assumiu, antes de explicar que o que move o PCP são duas “coisas”: “É para resistir e para avançar na vida das pessoas. Nós nunca faltaremos nessas duas matérias”, assegurou.

O porta-voz do Livre Rui Tavares, numa ação no mercado de Cascais, escolheu definir as linhas vermelhas que movem o partido a apoiar um Governo, começando por não poder incluir “um primeiro-ministro que tenha uma empresa que possa ser utilizada como [...] um veículo de influência”.

Inês de Sousa Real criticou os partidos por terem falhado nas promessas feitas.
Inês de Sousa Real criticou os partidos por terem falhado nas promessas feitas.Foto: Manuel de Almeida/Lusa

Para além de defender “audições parlamentares prévias” a governantes, para que aí sejam “sanados os conflitos de interesse”, Rui Tavares apontou ainda como condições para integrar um governo a garantia de que o Serviço Nacional de Saúde não seja privatizado”, um “investimento vigoroso, robusto na educação e na habitação. A Ucrânia não pode ser abandonada e a independência da Palestina tem de ser reconhecida”, concluiu.

O arranque da campanha do PAN começou no dia anterior com a apresentação do programa eleitoral do partido e com a apresentação dos candidatos pelo círculo de Lisboa. A porta-voz do partido, Inês de Sousa Real, sustentou que “não há voto útil nos grandes partidos que têm falhado ao país”, destacando também as causas que a movem, como “o combate à violência doméstica”.

“É evidente que nós queremos que a imigração seja regulamentada, mas a grande insegurança está dentro de casa”, apontou.

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