A substituição de Mariana Mortágua no Parlamento é um dos temas prementes no Bloco de Esquerda e a ideia inicial de rotatividade entre os números 2 e 3 para Lisboa, círculo onde Mortágua foi eleita, estará altamente condicionada. A intenção de Miguel Cardina, revelada há nove dias, de se implementar uma alternância entre Fabian Figueiredo e Andreia Galvão está hoje mais limitada pelas alterações levadas a cabo. O Estatuto dos Deputados atual refere que os parlamentares podem pedir ao Presidente da Assembleia da República para serem substituídos por “motivo relevante”. Nestes, inserem questões tão abrangentes como doença grave, licença de maternidade ou paternidade e procedimentos criminais. O Bloco, sabe o DN, estuda a possibilidade, sustentando-a em “motivos ponderosos de natureza familiar, pessoal, profissional ou académica”. Por impedimento profissional, de resto, Fabian Figueiredo não assumiu o lugar de substituição de Mortágua no Parlamento, o que colocou a necessidade de recorrer à número 3 durante o período em que a coordenadora esteve na Flotilha Humanitária.No entanto, pelo que DN apurou, há pouca abertura para que estes procedimentos se tornem recorrentes e há aconselhamentos jurídicos a serem pedidos quanto ao caso. A acontecer, será muito pontual a possível alternância entre deputados do mesmo partido, o que o Bloco, em outros tempos, até usou com frequência. Poderia ser conseguida, por exemplo, através de pedidos de suspensões de mandato por razões pessoais ou profissionais. Uma das grandes preocupações internas no BE, sabe o DN, é exatamente a representação no Parlamento. Embora se admita que não é apenas a Assembleia que dá visibilidade ao partido, e que até pode ser benéfico que o próximo coordenador não esteja como parlamentar, também se reconhece que a situação não é ideal. Para já, ao que foi possível saber, Fabian Figueiredo seria uma escolha mais unânime: o sociólogo reúne experiência parlamentar (duas legislaturas), foi líder da bancada e insere-se na ala Esquerda Alternativa. Tendo em conta que é José Manuel Pureza, da corrente Anticapitalista, o possível sucessor de Mariana Mortágua, esta era uma forma de o Bloco de Esquerda estar representado e mostrar união nas duas maiores correntes, que têm muitos mais pontos de encontro do que desacordo.A decisão final também dependerá do debate da coordenação eleita e da vontade do próprio Fabian Figueiredo. Nesta fase, de acordo com fontes do DN, este não se colocaria contra uma decisão que viesse da coordenação eleita. Existem quatro moções opositoras à atual Mesa Nacional e no final de novembro o Bloco terá a Convenção Nacional. .Bloco de Esquerda: José Manuel Pureza tem quase consenso na Moção A.Bloco de Esquerda: José Manuel Pureza muda perfil sem liderar revolução ideológica