Há um verdadeiro mano a mano na luta pela liderança da Câmara Municipal de Aveiro. De um lado (PSD), está o atual presidente da assembleia municipal da cidade, Luís Souto Miranda. Do outro, e disputando a sua eleição, está Alberto Souto Miranda, do PS, que já governou a autarquia entre 1997 e 2005. Os apelidos em comum têm uma justificação simples: os candidatos são irmãos. Agora, concorrem um contra o outro para tentar suceder a José Ribau Esteves, atual presidente, que está impedido de se recandidatar, uma vez que cumpre o terceiro mandato consecutivo e que agora deixará a autarquia.No entanto, o processo de escolha do candidato social-democrata não foi pacífico. A escolha, feita apenas pela direção nacional do PSD sem ouvir a concelhia, levou à demissão de membros da estrutura local, incluindo do próprio Ribau Esteves, até então presidente da mesa da comissão política concelhia. Como o DN noticiou na altura, perante a decisão do PSD nacional, o então presidente Simão Santana (adjunto de Ribau Esteves na câmara municipal) referiu em comunicado que a escolha do candidato sem auscultar a concelhia era “politicamente lesiva”..Luís Souto Miranda: "No fim de um ciclo, há sempre incógnitas. Mas estamos confiantes".Não obstante as divergências durante a escolha do candidato do PSD, a coligação vai acabar por ‘reutilizar’ o nome “Aliança Com Aveiro”, utilizado por Ribau Esteves. Mas até aqui houve um percalço, uma vez que a intenção era que se chamasse “Aliança Mais Aveiro”. Contudo, o Tribunal Constitucional (TC) rejeitou o pedido do PSD para alterar a designação. O argumento de Hugo Soares, secretário-geral social-democrata, é que se tratou “de um lapso”, mas a tese não teve provimento junto dos juízes do Constitucional, que rejeitaram a mudança de nome no dia 12 de agosto.Do outro lado da barricada, o processo foi mais pacífico, com a escolha de Alberto Souto Miranda a ser consensual no PS aveirense. Mas o passado pode ser um entrave na hora de votar. Foi com o socialista à frente dos destinos da cidade que a taxa de endividamento subiu. Este argumento tem, aliás, sido utilizado pela coligação liderada pelo PSD (que tem ainda o CDS e o PPM), que acusa o socialista de ter deixado a autarquia “endividada” após os 12 anos da sua gestão. Isto, no entanto, não fez com que o PS olhasse para o mais velho dos irmãos Souto Miranda.Mas recuperar a governação do município pode não ser tarefa fácil mesmo com as divergências internas no PSD-Aveiro. Ou pelo menos assim deixam transparecer os dados históricos. Desde 1976, os aveirenses votaram quase sempre à direita. Ribau Esteves, aliás, ganhou com maioria absoluta duas das três eleições a que concorreu depois de deixar a autarquia de Ílhavo. Antes do domínio da coligação PSD/CDS dos últimos anos (que governa a cidade desde 2005), foram os centristas sozinhos a ter as preferências dos aveirenses, chegando mesmo a maiorias absolutas em três ocasiões (1979, 1985 e 1989). Além disso, tirando o PS nunca nenhum partido à esquerda conseguiu eleger um vereador.Já depois das demissões na concelhia, José Ribau Esteves (que já anunciou estar em conversações com a direção do partido para discutir o seu futuro) acabou por declarar o apoio a Luís Souto Miranda. Numa entrevista à SIC Notícias, o ainda autarca aveirense afirmou que, entre PS e AD, “o melhor dos dois candidatos” é o da coligação liderada pelos sociais-democratas. Isto apesar de, no passado, ter dito que o mais novo dos irmãos Souto Miranda não tinha “nenhuma experiência de gestão”, nem “perfil” para presidir à cidade aveirense..Alberto Souto Miranda: “Ribau Esteves herdou a câmara da gestão desastrosa do PSD e do CDS”.Chega à beira da eleição de um vereador?Num município que historicamente vota à direita, e com as divisões dentro do PSD-Aveiro, o Chega - que em 2021 ficou até atrás do BE em número de votos - estará de olho, pelo menos, na eleição de um vereador no executivo aveirense.Para isso, o partido liderado por André Ventura aposta em Diogo Machado, antigo deputado municipal do CDS. Ainda que o resultado seja uma incógnita, eleger um dos nove vereadores no executivo aveirense parece ser um cenário provável. No entanto, o caminho até à eleição já teve um revés: Luís Silvano, candidato à Junta de Freguesia de Aradas, foi despedido do INEM (onde era técnico de pré-emergência hospitalar) por furtar combustível de ambulâncias. Entretanto, depois de conhecido o caso, Luís Silvano retirou a sua candidatura e acabou por se afastar. Resta saber se este caso - ainda que localizado numa junta de freguesia - terá ou não efeitos nos objetivos do Chega em Aveiro..Escolha de candidato à câmara de Aveiro leva a demissões no PSD local