António Filipe encheu esta segunda-feira, 14 de julho, A Voz do Operário, em Lisboa, para dizer aos portugueses que “esta candidatura [às eleições presidenciais] não se dirige aos partidos políticos, dirige-se aos portugueses em geral”. Por isso, vincou a rejeição de limitar esta candidatura “às fronteiras de uma afirmação partidária”.Foi assim que o antigo deputado e agora candidato apoiado pelo PCP se dirigiu a uma sala cheia, num lugar que, como sublinhou, não foi escolhido ao acaso, mas simbolizando o “movimento operário” e uma “coletividade centenária” de que é sócio há mais de 30 anos.O membro do Comité Central comunista falou aos apoiantes e aproveitou o embalo para buscar apoios fora da esfera do partido, ao falar num “país que, apesar das possibilidades abertas pela revolução de Abril, tem sido sujeito a políticas que conduzem ao empobrecimento”, explicando que esta “candidatura será a voz dos anseios de todos os trabalhadores, a voz de todos os que criam a riqueza não usufruem dela”.As críticas sucessivas ao Governo foram elencadas, passando pela prescrição de uma das funções do Presidente da República, que passa por não “admitir que na terceira década do século XXI haja falta de professores na escola pública, quando há 10 anos um ministro do Governo PSD/CDS mandava os professores emigrar, porque havia professores a mais”.Traçando um retrato de Portugal, António Filipe falou num “país marcado por profundas desigualdades e injustiças”, potenciadas pelo facto da direita controlar “hoje todos os órgãos de soberania”.“Dispõe de uma ampla maioria na Assembleia da República que dá suporte a um Governo apostado em levar por diante uma agenda reacionária de afronta à Constituição”, criticou, enquanto apontava o dedo ao “crescimento de uma extrema-direita fascizante” que agora “dispõe de possibilidades sem precedentes para determinar a composição de outros órgãos do Estado”.Falando numa “degradação da democracia”, António Filipe alertou para a “privatização dos serviços públicos e do que resta ao setor empresarial público”. Por estes motivos, concluiu que a sua candidatura não só “tem pés para andar, como tem cabeça tronco e membros e está de corpo inteiro, de cabeça levantada e de coração ao alto”.O candidato presidencial defendeu uma “imigração regulada”, mas frisando que a imigração é cada vez mais relevante na economia. E, para a regular, é “preciso combater organizações criminosas que se dedicam ao tráfico de seres humanos”, para além de encontrar “meios credíveis de regularização”.“O que não pode haver é uma política de imigração em que os estrangeiros ricos tenham direitos sem deveres e em que os estrangeiros pobres tenham deveres sem direitos”, considerou, antes de argumentar que o “ódio da extrema-direita contra os imigrantes tem uma indisfarçável marca de classe”, que é “contra imigrantes, pobres e trabalhadores”.Questionado pelos jornalistas se uma possível candidatura de outra figura à esquerda, como António Sampaio da Nóvoa, poderia condicionar a sua, António Filipe vincou que “esta candidatura existe independentemente de quem sejam os outros candidatos”..António Filipe formaliza candidatura a Belém.Presidenciais: António Filipe diz-se capaz de unir democratas que não se conformam com direita no poder