António Braga somou anos de Parlamento pelo Partido Socialista, foi secretário de Estado das Comunidades, mas nega ter andado longe da política apesar de menos visível nos últimos anos. Onde foi vereador de Mesquita Machado, procura e acredita recuperar o bastião socialista e só vê duas forças políticas em discussão pela vitória.Como se dá este regresso à vida política pela mão de Pedro Nuno Santos? Fui sempre eleito em Braga pelo Partido Socialista como deputado, fui vereador por curto período e presidente da Assembleia Municipal. Nasci em Braga, desenvolvi a vida aqui. Fui desafiado pelo então líder do PS, Pedro Nuno Santos, a assumir esta candidatura. A secretaria de estado dos Negócios Estrangeiros deu-me uma visão mais alargada do mundo, a oportunidade de poder conhecer outros modelos de governação e penso que posso dar um contributo. Porque não podemos governar um município como Braga pensando apenas numa capelinha pequenina. Quero alargar horizontes à cidade de Braga, com indústrias de ponta. A sua escolha é consensual no partido, tendo em conta que Artur Feio se manifestara com intenção de candidatura?O único nome votado na concelhia foi o meu. Não tive nenhum voto contra. A minha escolha iniciou-se com o desafio do secretário-geral na altura, pedi para que a concelhia se pronunciasse sobre o meu nome. O que, de acordo com os estatutos, nem era necessário. Foi uma escolha natural, consensual e as listas foram aprovadas por unanimidade. José Luís Carneiro conhece bem Braga. Assumiu a vontade de ganhar Braga como meta para estas Autárquicas.Quando José Luís Carneiro foi eleito fiz questão de colocar o lugar à disposição de imediato. Deu-me todo o apoio, toda a energia e estou confortável com os órgãos internos do partido. Quanto ao desejo de vitória, não é uma pressão, mas uma constatação. Estou convicto de que temos todas as condições para vencer este ato eleitoral, temos propostas muito claras e estou entusiasmado com os resultados que tenho vindo a verificar. Onde assenta os principais eixos? Defendemos a criação de uma área metropolitana que abranja Viana do Castelo, temos de abrir Braga nas rodovias e criar a 2.ª Circular para desaguar trânsito. Está desenhada há mais de 12 anos, mas a atual maioria nunca foi capaz de transformá-la num projeto. Para o TGV, defende a proximidade à cidade?O mais possível, negociaremos com a CP. no sentido de perceber até que ponto é viável essa proximidade. Já tem alguma proximidade, mas agradar-nos-ia mais que estivesse mais próxima da atual linha de caminho de ferro. Queremos desenvolver Braga e o distrito e há a meta de criar um parque empresarial, para tecnológicas, que comunique com a Universidade do Minho.Promete voos regulares no aeródromo. Que alterações seriam necessárias?Pretendemos aumentar a pista de 900 metros para os 2000 metros, o que permitirá que os aviões de média dimensão possam ali operar. Poderia ser uma âncora para o turismo e área de mercadorias. Procuraremos parcerias público-privadas, porque custará mais de 200 milhões de euros. Vai trazer a prazo muitas coisas, o Porto já não responde a demandas de companhias de low cost. As companhias na Europa viajam para pequenos aeroportos. Na Alemanha, muitas bases aéreas são aeroportos de serviço às regiões.Como se posiciona em relação ao nó de Infias? Aquela obra está errada na ordem, porque vamos desviar aquela circulação para o próximo nó, o nó das piscinas. A ideia deveria evitar que se tivesse de ir ao centro da cidade. Em primeiro lugar teria de ser a Circular. É uma contenção do Governo que, em vez de gastar 85 milhões de euros, gasta 15 ou 16 milhões. O BRT ajuda na mobilidade urbana?Sou contra a instalação do metrobus em Braga. Vai destruir meia cidade, obrigar a que metade da rodovia seja para ele, destruirá o túnel de Maximinos. São 70 milhões mal gastos. Defendo o metro de superfície, que convive com todos os outros veículos que circulam à superfície. Poderá comunicar ainda com municípios que são motores de desenvolvimento da região como Guimarães, Famalicão, Barcelos e Viana do Castelo. Entre estes quatro ou cinco concelhos, estão as principais capacidades industriais de aquisição de riqueza. Com Viana do Castelo, passamos a ter um porto de mar direto. Estamos a falar de 1 milhão e 300 mil pessoas. Braga, enquanto principal centro desta grande região, tem de criar as condições para ser a verdadeira plataforma de comunicação entre todos os concelhos do distrito e também com Viana do Castelo. Existe também tecido legal para dar corpo a esta ideia, mas há todas as condições para, durante o próximo mandato, podermos caminhar e dar passos seguros para atingir essa grande região. Destaca as creches no seu programa.Braga é um dos concelhos mais jovens de país, temos uma natalidade bastante acima da média e é preciso dar respostas neste domínio. Apontámos a 3500 crianças que estão sem creche e sem berçário. Onde houver oferta, protocolaremos essa oferta para ser aberta em rede à população. Será com participação pública tendencialmente gratuita. Onde houver condições deficitárias, o município terá condições para suportar. Além das soluções modulares, tem outros planos para a habitação?Comprometemo-nos a construir 500 habitações, com recurso à técnica modular, descentralizadas, por várias freguesias, até meio do próximo mandato. Não vamos construir bairros sociais. Somos capazes de construir um apartamento 100 m2 a rondar os 100 mil euros. O financiamento para a habitação não conta para o endividamento, logo esse programa irá logo avante, para colocar no arrendamento. Pagar-se-á a prazo. Queremos relançar o movimento cooperativo, mas esse baixou e muito. Teremos a meta de construir para renda acessível porque os preços estão ao nível de Lisboa. João Rodrigues defende ter hectares para construção. É assim?Não, não é nada assim. O que está previsto são as famosas UOPG, Unidades Operativas de Planeamento e Gestão, que implicam vários proprietários. A cultura local leva a que haja muitas dificuldades para que um projeto dessa natureza chegue a bom porto. São operações demoradas, que envolvem vários proprietários e tudo isso arrasta as situações. E não é por acaso que as UOPG já existiram nos planos diretos municipais anteriores. Queremos fazer construção em altura para rentabilizar espaço e terrenos. Por isso, propomos apenas criar 500 habitações e avaliar depois como funciona a procura. Além disso, é importante dizer que o Plano Diretor Municipal não está aprovado, não está fechado, está sob consulta pública. Ainda vamos a tempo de corrigir processos para libertar a capacidade construtiva, sobretudo nas freguesias fora do centro.A questão Spinumviva coloca dúvidas sobre a idoneidade de João Rodrigues? Não me cabe a mim pronunciar-me. Não são questões que me mobilizem. Não é numa campanha que falarei disso.O mediatismo de Rui Rocha tem impacto? É uma luta a três? O que se verifica no terreno é que é uma eleição entre duas grandes propostas, uma de continuidade para pior, e uma alternativa, a nossa. Não vejo que a escolha possa ser muito diferente da que refiro.Houve negociações com o Livre. Porque falhou o acordo? Tivemos um pré-acordo negociado com os dirigentes. Em Plenário, creio que por dois votos, não foi aprovado. Negociámos até ao limite. Não me pronuncio quanto ao modo de funcionamento, é diferente ao nosso, sem juízos de valor. Estiveram pessoas de Celorico de Basto e Terras de Bouro nesse plenário, com menor conhecimento do concelho, e isso levou a que o acordo fosse vetado.Tenciona pedir voto útil para combater as forças situadas na direita? Percebe-se que só há uma alternativa, que é o PS. A coligação que está no poder está esgotada, nos outdoors veem-se as nossas propostas lançadas em janeiro. Garantimos que, independentemente do poder central, podemos construir a 2.ª Circular, por exemplo. É mais provável uma vitória minoritária? Estou confiante de que podemos alcançar uma maioria absoluta, aceitamos o que nos derem, mas o nosso combate é pedir aos leitores uma maioria que nos permita governar. Vencendo, não temo, mesmo tendo muita oposição à direita, que Braga fique ingovernável. Tenho capacidade diplomática e negociação. Acredito que teremos confiança reforçada para aplicar o nosso programa. Se o PSD vencer, ficaria com um pelouro? Não tenho esse cenário em mente. Tenho a confiança de que serei o presidente da Câmara.O que destina ao PAN nesta coligação? Os acordos são públicos. Na lista da Câmara o PAN é o sétimo. Portanto, caso vença serão socialistas a governar Braga? Sim, atingindo a maioria reforçada serão socialistas a governar. Dialogo com todos, menos com o Chega. Não preenche os requisitos.Há justificação para o PS ter perdido Braga para o PSD depois de 37 anos de Mesquita Machado? Era natural o desejo de alternância. Ocorreu. Há capacidade no passado e muitas coisas positivas feitas nesse período. Fui vereador dois anos e lancei praticamente todos os programas que ainda hoje são usados na Cultura. Significa que muitas coisas foram bem feitas. .Líder do PS estabelece metas: “Queremos ganhar Lisboa, Porto, Coimbra e Braga" .Livre fora do acordo com PS e PAN em Braga."No PDM estão UOPG, que têm proprietários vários. PDM não está aprovado, pode ganhar-se capacidade construtiva"António Braga, candidato do PS a Braga