André Ventura quer representar espaço da "direita anticorrupção e anti-imigração" na corrida presidencial.
André Ventura quer representar espaço da "direita anticorrupção e anti-imigração" na corrida presidencial.FOTO: Leonardo Negrão

André Ventura vai anunciar candidatura à Presidência da República

Líder do Chega confirma às 17h00 entrada na corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, em nome do combate à corrupção e imigração. Em 2021, quando teve 11,90% dos votos, ainda era deputado único.
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O líder do Chega, André Ventura, vai confirmar nesta terça-feira que voltará a ser candidato à Presidência da República, após ter obtido 496.773 votos (11,90%) em 2021, apurou o DN. O anúncio, feito na sede nacional do partido que elevou à liderança da oposição nas legislativas de 18 de maio, põe termo a nove meses de avanços e recuos, ao ponto de ter havido uma cerimónia de apresentação agendada para 28 de fevereiro, no Mosteiro dos Jerónimos.

A decisão de avançar com a segunda candidatura presidencial era muito clara para o líder do Chega no início do ano, quando enviou uma carta aos deputados do seu partido a apontar "a necessidade de termos uma candidatura que represente o espaço da direita anticorrupção e anti-imigração, sem confusão com os políticos que toda a vida defenderam o contrário e agora se pretendem apropriar do nosso espaço político”. Mas as legislativas antecipadas, nas quais o Chega teve 22,76% dos votos e passou a ter o segundo maior grupo parlamentar, com 60 deputados, esfriaram o entusiasmo com Belém num partido apostado em cimentar a implantação nacional nas eleições autárquicas de 12 de outubro.

No entanto, o receio de deixar o espaço político do partido por preencher nas eleições presidenciais, exponenciado pelo apoio dos principais candidatos, incluindo o independente Gouveia e Melo, ao veto à Lei da Nacionalidade, na sequência do chumbo de algumas das suas normas pelo Tribunal Constitucional, tornou inevitável que o Chega tivesse candidatura própria. E a vontade saiu reforçada por indicadores como a sondagem da Intercampus, revelada a meio de agosto pela CMTV, pelo "Correio da Manhã" e pelo "Jornal de Negócios", na qual apareceu em terceiro lugar, mesmo sem ser candidato, com 14%, à frente de António José Seguro (13,7%) e não muito atrás de Gouveia e Melo (18,5%) e Marques Mendes (17,2%).

No Conselho Nacional do Chega, realizado em Lisboa, na noite da passada sexta-feira, 12 de agosto, Ventura deixou claro aos correligionários que estava pronto para avançar. "Se quiserem, e entenderem que devo ir, aqui estarei", disse, no discurso que abriu os trabalhos, ressalvando que considerava "um mau sinal" que o líder da oposição fosse candidato à Presidência da República. Em 2021, quando falhou o objetivo de travar a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa, e foi ultrapassado pela ex-eurodeputada socialista Ana Gomes na segunda posição, Ventura ainda era deputado único.

Também no discurso aos conselheiros nacionais do Chega, o fundador do partido admitiu um cenário alternativo. "Se entenderem que outro ou outra deve ir, aqui estarei também, como aquele que melhor vos representa", disse, para logo de seguida alertar que o partido não deveria "dar aos portugueses candidaturas vazias, sem significado e sem impacto".

André Ventura quer representar espaço da "direita anticorrupção e anti-imigração" na corrida presidencial.
Decisão presidencial de Ventura presa por chegada à segunda volta

André Ventura junta-se a um verdadeiro congestionamento de candidatos presidenciais, com a ambição de atingir a segunda volta (que até hoje só ocorreu em 1986, quando o socialista Mário Soares foi eleito depois de o centrista Freitas do Amaral ser o mais votado na primeira volta), tal como Henrique Gouveia e Melo, antigo coordenador da task force para a vacinação contra a Covid-19 e ex-chefe do Estado-Maior da Armada; Marques Mendes, conselheiro de Estado e ex-presidente do PSD; e António José Seguro, antigo secretário-geral do PS.

Também na corrida estão João Cotrim de Figueiredo, eurodeputado e ex-presidente da Iniciativa Liberal; Catarina Martins, também eurodeputada e antiga coordenadora do Bloco de Esquerda; e António Filipe, ex-deputado do PCP. E anunciaram intenção de se candidatar figuras como o líder do Sindicato de Todos os Professores (STOP), André Pestana; o fundador do Partido Liberal Social, José Cardoso; a psicóloga clínica Joana Amaral Dias; a professora universitária Manuela Magno, o militar na reserva Pedro Tinoco de Faria; o empresário Raul Perestrelo; o investigador Rui Costa; o advogado Sérgio Gave Fraga; e o fundador do partido RIR Vitorino Silva, mais conhecido por "Tino de Rans", que foi candidato presidencial em 2021, com 123.031 votos (2,95%).

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