Luís Montenegro ao lado da ministra da Saúde, Ana Paula Martins
Luís Montenegro ao lado da ministra da Saúde, Ana Paula MartinsANDRÉ KOSTERS/LUSA

Ana Paula Martins mantém pasta da Saúde, apesar da contestação

Num dos ministérios mais sensíveis, confirma-se a recondução esperada. A única novidade deverá ser a substituição da secretária de Estado Cristina Tomé por Hélder Reis, da equipa de Castro Almeida.
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Ana Paula Mecheiro de Almeida Martins Silvestre Correia, de 59 anos, formada em Ciências Farmacêuticas, professora da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e antiga bastonária dos farmacêuticos, vai manter a pasta da Saúde, reconduzida por Luís Montenegro para o cargo que tutela desde o dia 2 de abril de 2024.

Foi das ministras mais contestadas nos 11 meses do primeiro Governo da AD, quer pelos partidos com assento parlamentar, que pediram várias vezes a sua demissão, quer pelas estruturas sindicais representativas dos profissionais da Saúde, nomeadamente dos médicos e dos enfermeiros.

No entanto, esta decisão nada tem de novo: o primeiro sinal de continuidade terá sido dado quando, apesar da contestação, Luís Montenegro a escolheu para cabeça de lista pelo círculo de Vila Real às eleições legislativas.

Se neste ano houve quem tivesse pensado que era uma das ministras “remodeláveis”, Montenegro dissipou agora essas dúvidas, reconduzindo-a ainda com mais "força política", disseram ao DN.

Ana Paula Martins terá pedido mesmo a substituição de Cristina Vaz Tomé, que ocupou neste último ano o cargo de Secretária de Estado da Gestão da Saúde, estando na linha de fogo em dossier delicados pela sua atuação, nomeadamente no caso da gestão da greve dos técnicos do INEM, instituto que acabou por passar para a alçada da ministra.

A substituição de Cristina Tomé pode mesmo ser a única novidade no gabinete do Ministério da Saúde, já que tudo indica que Ana Paula Martins irá manter a médica Ana Povo como secretária de Estado da Saúde.

Economista da equipa de Castro Almeida pode passar para a Saúde

Um dos nomes falados para a substituição de Cristina Tomé é o do economista, gestor e professor universitário, Hélder Reis, já com experiência governativa, tendo integrado o Governo de Passos Coelho como Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento, entre 2013 e 2015, assessor económico do Presidente da República, entre 2014 e 2016, e, no último governo, como Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, integrando a equipa do Ministério da Coesão, liderada por Castro Almeida, onde teve a seu cargo pastas como a do PRR.

O DN contactou Hélder Reis sobre esta possibilidade que respondeu "não poder falar sobre o assunto".

Críticas da oposição e da FNAM. Ordem dos Médicos fala em última oportunidade

Relativamente às reações, André Ventura, líder do Chega foi o primeiro a reagir à nomeação de Ana Paula Martins considerando que foi “um erro”. Paulo Muacho, do Livre, já referiu também que a pasta da Saúde "foi uma das mais desastrosas do Governo de Luís Montenegro", esperando-se um sinal de "mudança". O PS já reagiu pela voz do deputado João Torres manifestando grande "preocupação" pela recondução de Ana Paula Martins pelos resultados que obteve até aqui. Do lado do PSD, Hugo Soares reafirma que recondução de Ana Paula Martins é sinal de "confiança renovada na ministra da Saúde" e também um "sinal de esperança para os portugueses".

Do lado das classes, a Federação Nacional dos Médicos também já se manifestou, dizendo que a sua nomeação "é recebida com profunda preocupação pela FNAM. O seu mandato anterior ficou marcado por uma política de confronto com os médicos, pela recusa em negociar com a estrutura sindical que mais médicos representa no SNS – a FNAM – e por decisões que agravaram gravemente a situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A permanência no cargo só poderá ser justificada se representar uma mudança clara de postura. A Ministra tem agora a última oportunidade para corrigir o rumo. A FNAM não aceitará a repetição dos mesmos erros".  

O bastonário da Ordem dos Médicos também já veio defender que Ana Paula Martins "tem uma 'segunda e última oportunidade' para concretizar medidas que retirem o SNS do estado de “decomposição” em que se encontra".

A Ordem dos Farmacêuticos, por seu lado, já endereçou "as felicitações a Ana Paula Martins, bastonária da OF entre 2016 e 2021 a primeira farmacêutica a liderar o Ministério da Saúde, vendo como positiva a sua recondução como ministra a saúde do XXV Governo Constitucional. A OF entende que esta nomeação constitui uma oportunidade para retomar e dar continuidade a dossiers prioritários para a saúde, cuja implementação ficou condicionada pela dissolução da Assembleia da República no primeiro ano de mandato."

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