O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, advertiu esta segunda-feira, em Kiev, que a paz requer força efetiva e política para ser conquistada e que a erosão das democracias apenas interessa aos poderes imperialistas.Estas posições foram defendidas pelo antigo ministro social-democrata numa cimeira de presidentes de parlamentos, em Kiev, depois de ter participado numa cerimónia evocativa dos três anos do massacre de Bucha pelas tropas russas.Em abril de 2022, com a retirada das tropas russas de Bucha, cidade perto de Kiev, começaram a ser divulgados relatos e imagens de diversas atrocidades. Mais de 300 corpos foram encontrados e a Ucrânia pediu ao Tribunal Penal Internacional para investigar estes crimes de guerra.No seu discurso, o presidente da Assembleia da República referiu-se à conjuntura política e diplomática que envolve a guerra na Ucrânia, considerando que, “infelizmente”, não é por se repetir a palavra paz que se consegue conquistar a paz e mantê-la.“Se é verdade que a paz tem de ser negociada, também é verdade que ela tem de ser conquistada. Há sempre um elemento de força – força política e força efetiva – associado a qualquer processo que vise a paz”, sustentou.Por essa razão, para José Pedro Aguiar-Branco, no presente, é preciso “dar força à Ucrânia na sua conquista pela paz – força política e força negocial”.“Esta também é necessária, para além da indispensável força no terreno”, apontou.José Pedro Aguiar-Branco observou, também, que “qualquer solução de paz passa necessariamente pela justiça”.“A justiça não pode ficar relegada, ou esquecida. Não há paz – as pessoas não terão paz – se forem constantemente assoladas por um sentimento de injustiça pelo enorme sentimento causado pelas forças invasoras”, frisou.Depois, o presidente da Assembleia da República defendeu a tese de que “os impérios não são democráticos” e apontou mesmo o caso de Portugal, “país que, durante muito tempo, teve um império”.“Sabemos que a conquista pela nossa democracia esteve intimamente ligada ao fim do império português. O que me leva ao seguinte ponto: a erosão da democracia interessa apenas aos poderes imperialistas”, declarou.O antigo ministro social-democrata realçou ainda a luta do povo ucraniano pela sua “soberania, liberdade e democracia”.“A luta da Ucrânia é necessariamente a luta da Europa livre e do mundo baseado em regras”, acrescentou.Antes de regressar a Lisboa, José Pedro Aguiar-Branco reúne-se com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e estará numa jantar oferecido pelo presidente do parlamento ucraniano, Ruslan Stefanchuk..Aguiar-Branco na Ucrânia evoca vítimas de Busha e reúne-se com Zelensky