O executivo municipal da Câmara da Trofa, eleito pela coligação Unidos pela Trofa (PSD-CDS), assinou nesta segunda-feira um acordo de governação autárquica que prevê a integração dos dois vereadores da coligação Trofa em Primeiro (PS-PAN-Livre). Deste modo, o concelho passa a ter governação maioritária, ultrapassando um início de mandato em que o presidente da autarquia, Sérgio Araújo, viu chumbada a sua proposta de delegação de competência pela oposição, que somava mais um vereador do que a lista vencedora nas eleições autárquicas de 12 de outubro.O acordo na Câmara da Trofa, após semanas de um "processo de negociações transparente e responsável com todos os eleitos nas últimas eleições autárquicas", prevê a integração no executivo municipal de um vereador socialista a tempo inteiro, e de outro em regime de meio tempo. E é justificado com a necessidade de garantir estabilidade governativa, "condição fundamental para executar políticas públicas com continuidade, segurança e eficácia".Em declarações ao DN, Sérgio Araújo disse que os pelouros que ficarão atribuídos aos dois vereadores socialistas só serão conhecidos na próxima reunião do executivo camarário, nesta quinta-feira, mas garantiu que a solução escolhida é "muito mais equilibrada e benéfica para a Trofa e para os trofenses" do que outra alternativa, que passaria por um entendimento com os eleitos do movimento de cidadãos A Trofa é de Todos, que também conta com dois vereadores, incluindo o anterior presidente da Câmara, António Azevedo, então eleito nas listas do PSD-CDS. "Este entendimento nasce de uma leitura responsável do momento presente e de uma visão comum sobre os princípios que devem orientar a governação local: o desenvolvimento sustentado da Trofa, a defesa do interesse públicos e a melhoria contínua da qualidade de vida de todos os trofenses", lê-se num comunicado divulgado pelas duas partes.Sobre as consequências da integração de dois dos quatro vereadores eleitos por forças da oposição, Sérgio Araújo realça que a estabilidade governativa também se traduz na gestão diária da autarquia. "Não fazia sentido as reuniões extraordinárias da câmara tornarem-se ordinárias", disse ao DN, referindo-se à necessidade de obter autorizações para atos como a abertura de valas ou a recolha de animais na via pública.A coligação Unidos pela Trofa (PSD-CDS) obteve 35,72% nas eleições autárquicas, elegendo três elementos para a vereação, enquanto a Trofa em Primeiro (PS-PAN-Livre) ficou com 28,56%, que lhe garantiram dois vereadores, e o movimento de cidadãos A Trofa é de Todos conseguiu 21,31% e elegeu outros dois vereadores. Sinal da divisão do eleitorado do concelho é o facto de a anterior coligação PSD-CDS ter obtdo 56,47% dos votos nas autárquicas de 2021, assegurando maioria absoluta no executivo camarário então presidido pelo atual eurodeputado social-democrata Sérgio Humberto, que foi substituído pelo seu vice-presidente, António Azevedo, quando foi para o Parlamento Europeu..Uma em cada seis câmaras municipais vão ficar com executivos minoritários .A integração de vereadores socialistas num executivo minoritário PSD-CDS também sucedeu em Cascais, enquanto em Odivelas foi um executivo minoritário do PS a atribuir pelouros a dois dos três eleitos pela coligação PSD-CDS. Certo é que Sérgio Araújo garantiu ao DN que teve liberdade total, junto das estruturas nacional e distrital do PSD, para chegar a um entendimento com os socialistas.