O Bloco de Esquerda conseguiu eleger pela primeira vez um vereador (Sérgio Aires) no Porto, elegeu Beatriz Gomes Dias para a vereação em Lisboa e manteve Joana Mortágua em Almada. Mas este trio esgota o quadro de ganhos dos bloquistas nestas eleições autárquicas..O partido perdeu oito - dois terços - dos 12 vereadores que tinha conquistado há quatro anos e perde a representação em autarquias como Amadora, Vila Franca de Xira, Moita, Seixal, Abrantes, Torres Novas e Portimão. Também baixou na votação, dos 3,29% (170 mil votos) há quatro anos para os 2,75% (137 541 votos) que registou na noite de domingo, numas eleições que confirmam a pouca implantação autárquica do partido e o perfil urbano do seu eleitorado. E que deixam o partido liderado por Catarina Martins, no plano local, atrás dos resultados do Chega..A perda estende-se aos deputados municipais: nas eleições autárquicas de 2017 o Bloco de Esquerda conseguiu eleger 124 assentos, agora caiu para os 93, resultado de uma queda expressiva no número de votos para as assembleias municipais: nas últimas eleições locais os bloquistas tinham passado os 215 mil votos, agora ficaram-se pelos 173 mil..Um cenário que foi ontem admitido por Catarina Martins: "O Bloco de Esquerda nestas eleições autárquicas teve um mau resultado. Não aumentámos o número de votos ou de eleitos e conseguimos manter quatro em cada cinco votos o que determinou a perda de vereadores em cenários de polarização em disputas autárquicas.".Não foi uma boa estreia eleitoral para a nova líder do PAN, eleita há pouco mais de três meses como porta-voz do partido. O Pessoas - Animais - Natureza falhou aquele que era o seu grande objetivo eleitoral, conseguir eleger vereadores. Não alcançou qualquer lugar em executivos municipais..Em termos de votação nacional, o partido subiu muito ligeiramente face aos resultados nas autárquicas de 2017, um ganho de pouco mais de mil votos. Passou de 1% dos votos para 1,1%. Mas nos grandes centros urbanos, onde o PAN obtém habitualmente os melhores resultados, a prestação ficou aquém..No Porto, onde avançou Bebiana Cunha, a líder parlamentar, o Pessoas-Animais-Natureza não só ficou fora da vereação como ficou atrás do candidato do Chega, isto apesar de um pequeno acréscimo da votação. Na assembleia municipal manteve um eleito..Nas eleições em Lisboa o panorama foi semelhante. Manuela Gonzaga, candidata do partido, teve 2,74% (6381 votos), menos cerca de 4 mil do que os candidatos do Chega e da Iniciativa Liberal. Na assembleia municipal o partido perdeu um dos dos assentos que tinha no último mandato, ficando agora com um deputado municipal. No total do país, o PAN perdeu quatro lugares em assembleias municipais (passou de 26 para 22). Já nas assembleias de freguesia o resultado foi o inverso, com o PAN a passar de seis eleitos para 16. Um dado relevado por Inês Sousa Real, que apontou como "animador" que o partido tenha conseguido novos eleitos..Francisco Rodrigues dos Santos era um dos líderes partidários que jogavam mais do que o resultado autárquico nestas eleições, mas ganhou um novo fôlego na noite deste domingo, deixando o caminho mais difícil aos opositores internos..Na contabilidade eleitoral o CDS/PP consegue manter as seis presidências de câmara que já detinha: Velas (Açores), Santana (Madeira), Ponte de Lima (Viana do Castelo), Vale de Cambra, Oliveira do Hospital e Albergaria-a-Velha (Aveiro), todas com maioria absoluta. Mas, sobretudo, surge associado à surpreendente vitória de Carlos Moedas em Lisboa (onde, apesar disso, vai perder um lugar na vereação), bem como de Rui Moreira no Porto e de José Manuel Silva em Coimbra, assim como à vitória da coligação PSD-CDS no Funchal..Mas, fora das coligações com os sociais-democratas, exclusivamente a título próprio, os centristas tiveram menos votos e mandatos do que aqueles que conseguiram em 2017..O CDS "superou todos os objetivos a que se propôs nestas eleições autárquicas", afirmou Francisco Rodrigues dos Santos no rescaldo da noite eleitoral, defendendo que os resultados mostram um partido imprescindível à direita..O resultado autárquico pode ter poupado o líder centrista a turbulências por estes dias, mas isso não significa que Francisco Rodrigues dos Santos tenha o caminho desimpedido no próximo congresso do partido (que decorrerá no início do próximo ano), um cenário que é visto como muito improvável entre os centristas..Na estreia do partido em eleições autárquicas, a Iniciativa Liberal conseguiu eleger 26 deputados municipais em listas próprias e quatro em listas conjuntas (três no Porto e um 1 em Faro) e um vereador no Porto, eleito no movimento que apoiou Rui Moreira. Com grandes expectativas em Lisboa, onde as sondagens abriam a hipótese da eleição de Bruno Horta Soares, a IL acabou por não conseguir eleger, ficando atrás do candidato do Chega por uma diferença de cerca de 500 votos. E, tendo optado por avançar com uma candidatura própria, ficou fora da coligação vitoriosa que levou Carlos Moedas à presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Já quanto à assembleia municipal, a Iniciativa Liberal passa a ter, a partir de agora, três deputados em Lisboa. Em algumas freguesias da capital, caso de Belém ou do Parque das Nações, a IL foi a a terceira força política mais votada da noite autárquica..Na reação ao resultado eleitoral, o líder do partido, João Cotrim Figueiredo referiu que "a Iniciativa Liberal não ganhou estas eleições, mas ganhou o futuro", apontando os novos autarcas do partido em "Odemira, Oeiras, Faro, Póvoa de Varzim, Ponta Delgada, São Vicente (Madeira), Lisboa, Odivelas, Porto, Pombal, Guimarães, Cascais, Batalha, Santa Maria da Feira e Gondomar"..Admitindo a surpresa com a vitória de Carlos Moedas em Lisboa, Cotrim Figueiredo pôs o acento nos resultados gerais das autárquicas, que qualificou como um "revés significativo" para os socialistas, o que, para o também deputado, "deve prenunciar um revés significativo à escala nacional", leia-se nas próximas eleições legislativas..André Ventura tinha definido para estas eleições autárquicas o objetivo de conseguir ser a terceira força política do país. Falhou a meta e por muito, longe do "campeonato" da CDU (que teve cerca do dobro dos votos) e mesmo do CDS. Mas ficou à frente do Bloco de Esquerda em termos de votação global nacional e de número de eleitos, conseguindo representação em municípios de norte a sul..No total o Chega teve 208 206 votos, conseguindo 19 assentos em vereações, sobretudo na região da Grande Lisboa e em Santarém. Não foi o caso da capital, onde Nuno Graciano ficou fora do executivo municipal (com o Chega a eleger três deputados municipais). Mas o partido elegeu vereadores em Azambuja, Cascais, Odivelas, Sintra, Loures e Vila Franca de Xira. No distrito de Santarém foram quatro - Benavente, Entroncamento, Salvaterra de Magos e Santarém. Dois em Beja (Moura e Serpa), em Faro (Loulé e Portimão) e Setúbal (Seixal e Sesimbra). Também elegeu em Vila Verde (distrito de Braga) e Mangualde (Viseu). Em Moura, onde Ventura definiu o objetivo de ganhar eleições, ficou em terceiro na eleição para a assembleia municipal. Além dos eleitos para as vereações, o Chega elegeu 171 deputados municipais e 205 vogais de juntas de freguesia..No rescaldo destas autárquicas, Ventura já garantiu que não haverá acordos à direita com os eleitos do partido: "Não haverá nenhum acordo autárquico entre PSD e Chega, não haverá nenhuma plataforma de entendimento enquanto isso não acontecer a nível nacional. Nós não estamos à venda.".susete.francisco@dn.pt.Notícia atualizada às 13:00 com dados atualizados sobre o número de eleitos da Iniciativa Liberal.