Sem casamento, Rio apela ao voto útil e Rodrigues dos Santos atira-o para os braços de Costa

Líder do PSD ainda tentou encontrar abraçar o CDS, com quem não quis ir coligado às legislativas. Mas o presidente centrista deixou transparecer a azia e vincou bem as diferenças entre os dois partidos. E acabaram ambos a apelar ao voto útil.
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O debate na TVI entre Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos desta sexta-feira começou logo com uma marcação de diferenças. O presidente do PSD emendou a moderadora que os tinha apresentado como líderes de "dois partidos de direita", para colocar o seu "ao centro e o outro, sim, "à direita". Um registo que se intensificou durante os minutos que se seguiram.

A questão era inevitável sobre ter borregado uma coligação pré-eleitoral entre os dois partidos. Rui Rio ainda tentou justificar que o debate foi "intenso" no PSD e que o "o mais comum" é os dois partidos não irem coligados. Separou os dois partidos pela ideia de que votar no seu "é mais ao centro, onde cabem eleitores de direita, mas também da esquerda, e no CDS "votar mais à direita e um voto mais conservador".

Francisco Rodrigues dos Santos deixou transparecer a azia que lhe causou a decisão do PSD e passou o resto do debate ao ataque ao adversário eleitoral. "O CDS anuiu em sentar-se à mesa para discutir uma coligação pré-eleitoral com o PSD, mas o CDS nunca estará em saldos". E disparou para Rio: "Convinha que tivesse aprendido alguma coisa com as eleições de há dois anos" - ou seja, que seria preciso construir uma "maioria de centro-direita".

O líder centrista abriu imediatamente o apelo ao voto útil no seu partido, pedindo aos que votaram no PSD e CDS nas autárquicas, e que garantiram câmaras como as de Lisboa, Coimbra e Funchal, que escolham no dia 30 o CDS. "É o único voto que garante que o PSD não vai por maus caminhos e os seus votos não vão para o bolso de António Costa". Uns minutos a seguir acusou Rio de ser próximo do PS e estar disponível para viabilizar um governo socialista caso não ganhe as legislativas.

Rio ainda o tentou "abraçar", com a garantia que nada tem contra "o dr. Francisco" e que será ele a primeira escolha para dialogar caso ganhe as eleições sem maioria. Mas, "voto útil, voto útil é no PSD, que é quem pode impedir o PS de governar", salvaguardou.

"Só haverá um governo de direita em Portugal com o CDS forte", insistiu Rodrigues dos Santos, assumindo que o seu partido é o "antídoto" contra os liberalismos (alusão ao IL) e contra o "fanatismo do Chega". "O voto útil terminou em 2015!" atirou o líder centrista.

A governabilidade ocupou uma fatia generosa do debate, com Rio a manter que "se eu ganhar as eleições, os outros têm de estar disponíveis para contribuir para a estabilidade, se eu perder tenho de estar disponível para o mesmo". Justificava novamente a sua eventual disponibilidade para viabilizar um governo socialista minoritário. "Temos de aprender a negociar".

Quando entraram no campo das propostas eleitorais, ficaram claras as diferenças entre os dois partidos. Francisco Rodrigues dos Santos priorizou a descida dos impostos , sobretudo na energia e IRS; e Rui Rio a redução do IRC para as empresas primeiro e só depois os impostos sobre os trabalhadores. "É uma opção estratégica. Vamos começar pela produção e não pelo consumo."

A "vergonha da TAP", segundo Rio, e a defesa da sua privatização foi o único ponto que os aproximou.

Francisco Rodrigues dos Santos conseguiu colocar sobre a mesa as bandeiras eleitorais que pretendia introduzir e levar Rio a concordar com elas, em particular sobre o cheque ensino e a via verde para a saúde. Mas também quis vincar a "diferença gigantesca" entre os dois sobre a eutanásia, sobretudo pelo facto de o líder do PSD ter votado contra o referendo. Rio defendeu-se com a "liberdade" de voto dos seus deputados, mas foi novamente atacado: "Sente-se bem por votar contra o que os seus eleitores esperam? Os portugueses votam em programas políticos e isto é uma matéria de lei", considerou o líder centrista.

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