Comitiva da AD contou com a presença de Rui Rio durante uma ação de campanha em Viana do Castelo.
Comitiva da AD contou com a presença de Rui Rio durante uma ação de campanha em Viana do Castelo.TIAGO PETINGA/LUSA

Rui Rio sobre a AD: "Nem que eu discordasse, não ia dizer"

Ex-presidente do PSD juntou-se esta quarta-feira à campanha e seguiu a mesma linha das antigas figuras cimeiras do partido. A apoiar o seu sucessor, apesar das divergências do passado, por agora, Rio diz poder ajudar como "militante". "Para lá disso, cada um tem a sua vida."
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O líder do PSD continuou esta quarta-feira a seguir uma das linhas estratégicas mais adotadas nesta campanha eleitoral por várias forças políticas, que é levar as antigas figuras partidárias a juntar-se às iniciativas. Depois de ter convidado Pedro Passos Coelho, Luís Montenegro trouxe para a ribalta social-democrata Rui Rio, que confirmou ao seu sucessor o apoio. “Como militante do PSD, sempre”, assumiu, antes de guardar para si o que pensa das linhas orientadoras seguidas por Montenegro ao longo da campanha. “Nem que eu discordasse, não ia dizer. Já viu o que era vir à campanha dizer que discordava? Não tinha pés nem cabeça.”

Numa ação da Aliança Democrática (AD) em Viana do Castelo, Rui Rui juntou-se à campanha, onde apareceu ao lado de Luís Montenegro. Líder e antecessor, lado a lado, ergueram as mãos e fizeram o sinal de vitória. Aos jornalistas, mais tarde, o ex-presidente social-democrata afirmou que a sua presença é “sinal de união é seguramente. De desunião é que não seria.”
Esta ideia foi corroborada por Montenegro, que em 2020 disputou a liderança do partido em oposição a Rio e contra quem, em 2021, admitiu continuar a ter “algumas divergências”. Agora, Montenegro classifica esta aproximação como “uma expressão da junção e agregação.”

No entanto, as distâncias em relação a outras figuras da AD - a coligação pré-eleitoral entre PSD, CDS e PPM - têm sido sublinhadas na última semana, com Pedro Passos Coelho, o antecessor de Rui Rio, a trazer para a campanha uma ligação entre insegurança e imigração, e com o vice-presidente do CDS, Paulo Núncio, a defender a realização de um novo referendo à interrupção voluntária da gravidez, propondo uma “limitação do acesso”.

Em relação à controvérsia de Passos Coelho, Montenegro até chegou a sublinhar, em Leiria, durante uma ação de campanha, a um imigrante que passava na rua, o quanto o país precisa de imigrantes. “Precisamos de vocês aqui, e para ficar cá, está bem”, disse na altura.
Agora, nesta ação pelo norte, quaisquer divergências pareceram ultrapassadas.

“O doutor Rui Rio é um político com muita experiência, muito trabalho feito. Foi presidente do PSD, é uma honra estar aqui e poder partilhar esta caminhada pelas ruas de Viana”, afirmou Montenegro.

Pelo lado de Rui Rio, questionado sobre a mensagem que quer deixar nesta campanha, afirmou que “já está praticamente tudo dito, as pessoas já têm os dados todos para pensar no que vão fazer”, acrescentando, porém, que “tudo se resume a uma situação muito simples: quem entende que o país está bem, vai repetir o voto que sempre fez; quem entende que o país não está bem, que quer estar melhor, que deve haver uma mudança, se quer mesmo mudar só tem realmente uma alternativa”.

Sobre as mudanças que se avizinham para o próximo domingo, Rui Rio avisou que a alteração de políticas não está garantida, ao contrário da “mudança de pessoas”. Apesar de admitir que “obviamente” acredita numa vitória da AD, Rui Rio quis afastar-se das sondagens, tendo em conta que há dois anos, perto do sufrágio que disputou como presidente dos sociais-democratas,  também havia uma vantagem do PSD face ao PS.

No que diz respeito a eventuais conselhos que tivesse para dar a Montenegro, Rio considerou que deveriam era ter sido dados no início, mas que não eram necessários. “Agora já está praticamente tudo dito, não há mais argumentos a não ser a componente mais emotiva para levar as pessoas a votar”, afirmou.

Questionado pelos jornalistas sobre a que se deveria uma eventual derrota da AD nestas eleições, Rui Rio insistiu na necessidade de mudança mas deixou uma mensagem ligada ao passado. “Se isso acontecer tem a ver, na minha opinião, com fatores que foram determinantes como aconteceu também no meu tempo, com aspetos como o salário mínimo e as reformas, que levaram as pessoas a votarem com base nessa história e esquecendo o futuro do país.”

Por isso, continuou, “ou nós votamos no futuro de amanhã, a 24 horas, ou votamos no futuro a cinco, seis anos de distância. Quem pensar no futuro do país, dos seus filhos e netos, aí tem de mudar, está provado que esta foi uma governação que pensou no dia de amanhã mas não no futuro de país.”

Em Arcos de Valdevez, uns momentos antes de Rui Rio se juntar à comitiva da AD, Luís Montenegro andou pelas ruas e foi saudado por centenas de apoiantes, que não se contiveram naquilo que têm de mais típico para oferecer, como as desgarradas: “Ai querido pessoal, eu saúdo-vos com carinho, pegai no papel à direita, votai na AD no domingo”, sugeriu alguém, como apelo.

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